O balanço mundial de açúcar na safra 2016/17 (outubro/setembro) deve apresentar um déficit de 8,89 milhões de toneladas, de acordo com estimativa da consultoria Datagro divulgada em coletiva de imprensa nesta terça-feira (9). O clima adverso, principalmente nas áreas produtoras do Centro-Sul do Brasil, é apontado como o principal problema para a cultura nos últimos meses. Mas também há incertezas sobre a produção na Índia, Tailândia, Paquistão e China. Na temporada 2015/16, o dado também foi atualizado, para um déficit de 7,72 milhões de toneladas.
De acordo com o presidente da Datagro, Plínio Nastari, essa revisão nos números da consultoria aponta para uma piora no cenário de oferta e demanda da cultura. Na estimativa anterior, divulgada em maio, o déficit para a safra 2015/16 de açúcar era estimado em 6,21 milhões de toneladas e 7,1 milhões de toneladas na temporada 2016/17. Como resultado, a relação entre estoque e consumo mundial no final de 2016/17 deve atingir 37,9% e em 2015/16, 43,5%.
“A nossa visão é de que toda vez que essa relação estoque e consumo cai abaixo de 41% há uma condição para que o mercado fique com a percepção de fluxos mais apertados”, explica Nastari. Por volta das 11h, o principal contrato de açúcar negociado na Bolsa de Nova York esboçava alta de 1,41%, a 20,84 centavos de dólar por libra-peso.
A condição climática adversa no Centro-Sul do Brasil, que representa 90% de toda a produção de cana-de-açúcar do Brasil, é considerada a principal causa da queda na produção da região e também impacta no cenário global. “O clima continua seco na região Centro-Sul do Brasil, com precipitações muito abaixo do normal em Ribeirão Preto (SP), São José do Rio Preto (SP) e Araçatuba (SP). A única microrregião que tem apresentado condição dentro do normal é o Norte do Paraná”, pondera Nastari. Além disso, geadas afetaram alguns canaviais da região entre os meses de junho e julho. Problemas financeiros e a incidência de pragas também impactarão na produtividade no país.
A moagem de cana de açúcar no Centro-Sul do Brasil foi revisada para baixo pela Datagro em 27,75 milhões de toneladas, para 597,25 milhões de toneladas na safra 2016/17, ante uma previsão de 625 milhões toneladas em maio deste ano. Consequentemente, a estimativa sobre a produção de açúcar no Centro-Sul pelas usinas foi revisada de 35,2 para 34,1 milhões de toneladas, enquanto a estimativa sobre a produção de etanol foi atualizada de 27,281 para 26,097 bilhões de litros.
Além dos problemas no Brasil, a Índia deve sofrer com os efeitos do El Niño em seus canaviais a serem colhidos em 2016/17. A longa estiagem também afetou a rebrota e o desenvolvimento na cana na Tailândia, Paquistão e na China.
No sentido inverso, a região Norte-Nordeste tem apresentado condições climáticas melhores para o desenvolvimento dos canaviais, segundo a Datagro. Isso deve favorecer uma moagem de 53,50 milhões de toneladas, um aumento de 9,24% sobre as 48,98 milhões de toneladas esmagadas em 2015/16. O rendimento industrial foi projetado em 127,0 kg ATR/tc contra 124,09 kg ATR/tc na safra anterior.