O trabalho de reprodução dos peixes será executado no laboratório da Associação, que pretende produzir dois milhões de alevinos até o final do ano.
A Estação de Piscicultura da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) repassou 35 matrizes de peixe das espécies tambaqui e pirapitinga para a Associação dos Trabalhadores Rurais do Assentamento Mãe Maria, Núcleo Imbu e Vizinhos, localizada no município de São Félix do Araguaia (1.200 km a Nordeste de Cuiabá).
O chefe da Estação de Piscicultura, Antônio Claudino da Silva Filho, afirma que foram doadas 20 matrizes de pirapitinga e 15 de tambaqui, produzidas na própria estação. Ele descreve que as matrizes são de qualidade e isentas da doença Lernia (Lernaea cyprinacea), um ectoparasita ou parasita externo de peixe que fixa na musculatura e causa lesões, aparecimento de infecções secundárias, mortalidade, redução da taxa de crescimento e reprodução em peixes adultos. Segundo ele, deve-se tomar um cuidado especial na aquisição de matrizes e alevinos, que normalmente são a porta de entrada da infestação na criação.
O piscicultor e secretário da Associação, Edmar Gomes de Oliveira, fala que a primeira produção de alevinagem realizada no laboratório não deu certo. Essa é a segunda tentativa, que conta com as orientações técnicas da Empaer. Ele destaca que na região do Araguaia a produção de pescado chega a 700 toneladas de peixe por ano e com a desova e reprodução em laboratório esse número pode ter um aumento de 30%. “Tem mais de dois anos que os piscicultores estão esperando os alevinos para criação e engorda em cativeiro”, enfatiza.
Com recursos na ordem de R$ 278 mil da Fundação do Banco do Brasil, foi instalado um laboratório para desova e reprodução de alevinos para atender 185 produtores em seis municípios. Edmar de Oliveira explica que no final de dezembro de 2016, serão comercializados alevinos somente de tambatinga. O laboratório foi instalado com a finalidade de atender os municípios de São Félix do Araguaia, Luciara, Alto da Boa Vista, Serra Nova Dourada, Novo Santo Antônio e Bom Jesus do Araguaia.
Manejo do pirarucu
De acordo com Oliveira, na região são produzidos alevinos de tambatinga, matrinxã, pintado, piau e outros. Também há pretensão de desenvolver e difundir tecnologias e práticas de manejo do pirarucu para criação em cativeiro e conservação da espécie no habitat natural. Um dos maiores peixes de água doce, típico dos rios que cortam a Amazônia, Araguaia e Tocantins, o pirarucu pode ultrapassar dois metros de comprimento e pesar mais de 150 quilos. Pelas vantagens comerciais, o pirarucu tornou-se presa cobiçada pela pesca predatória, sendo a criação em cativeiro uma alternativa para manter os estoques da espécie.
O coordenador regional da Empaer, Marcondes França, destaca a parceria com a Associação para produção de alevinos de qualidade e baixa mortandade. Ele afirma ainda que os produtores possuem estrutura e estão se especializando na criação comercial de peixes. “Acredito que em menos de cinco anos a piscicultura pode crescer muito e mudar a realidade dos produtores rurais. É importante investir nessa cadeia produtiva devido ao potencial da região”, explica Marcondes.
O engenheiro de pesca da Empaer, Enock Alves dos Santos, ressalta que a piscicultura pode render até 25% de lucro para os produtores rurais, mas é necessário receber orientações técnicas para começar a atividade. De acordo com ele, vários fatores são importantes para o crescimento e sucesso desse tipo de produção, bem como: manejo, alimentação e nutrição de peixes, qualidade e oxigênio da água, temperatura, densidade por metro quadrado, controle no cultivo de alevinos, entre outros.