Depois dos prejuízos com a seca, a captação do leite voltou a subir em Mato Grosso. As chuvas têm garantido alimento farto para o rebanho e com isso a produção aumenta. Mas os preços pagos aos produtores sofreram queda. De acordo com o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), em outubro a captação aumentou quase 18%, mas o valor pago pelo litro caiu mais de 11% na comparação com o mês de agosto.
Durante a entressafra, entre os meses de junho e setembro, foi difícil superar a estiagem e a escassez de pasto na fazenda do produtor rural José Theisen. A produção não passava de 80 litros de leite por dia.
“A seca deste ano estava muito pesada, né. Prolongada e choveu pouco no ano passado, né. E então ficou bastante pesado, praticamente começou a faltar pasto pra mim. Posso dizer que praticamente deu prejuízo, foi tudo para o trato e leite que era bom não tinha”, disse o produtor rural.
Mas agora a situação mudou. Ele está com 13 vacas em lactação. A chuva voltou a molhar a terra e a produção aumentou. Agora, está em 200 litros por dia, ordenhando as vacas apenas uma vez na madrugada. E a tendência é melhorar ainda mais a produção do sítio, porque Theisen pretende fazer investimentos, principalmente nos períodos mais críticos do ano.
“No ano que vem estamos apostando na irrigação. Aí a seca já não vai fazer mais muito efeito pra mim”, disse o produtor rural.
Em outra propriedade rural, a situação é diferente. São 30 vacas ordenhadas duas vezes por dia num sistema semicanalizado, que faz a sucção e manda o leite direto para o resfriador. tecnologia aliada à organização que deu certo.
Durante o período da estiagem foi feito um planejamento diferente para alimentar os animais e a seca não abalou a produção. “No período da seca a gente trata o gado normal, dá o pasto e a ração no coxo. Então a gente não fica no prejuízo porque a gente trata. Em vez do leite diminuir, ele aumenta. No período da seca a gente faturou de R$ 14 a R$ 15 mil por mês e agente investiu r$ 7 mil nelas”, disse a produtora rural Célia Cogo.
A expectativa para os próximos meses é que a oferta de matéria-prima continue aumentando a produção na indústria para atender a necessidade do varejo. Mas, este cenário provoca queda ao preço pago ao produtor.
“Aqui na região de Tangará [da Serra] e municípios vizinhos, chegou a ser pago R$ 1,50 por litro ao produtor, no período de maior pico. Hoje a gente teve uma queda muito grande e já está sendo pago abaixo de R$ 1,10 o litro”, disse a empresária Aline Perini.
Além de ter mais leite saindo das fazendas, o recuo do consumo ajudou a elevar a oferta, pressionando as cotações. A expectativa é que este cenário se estenda até fevereiro.
Fonte: G1