De importador de alimentos até meados da década de 1970, o Brasil se transformou nos últimos 25 anos em uma das maiores potências agrícolas mundiais. Este verdadeiro fenômeno, que alia elevada produtividade agrícola, com preservação ambiental e uso de tecnologia moderna, foi observado em recente estudo da Organização Mundial do Comércio (OMC), no qual o país é destacado como terceiro maior exportador de grãos, abaixo apenas da Comunidade Europeia e dos Estados Unidos.
Outro estudo recente, divulgado em meados deste ano pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), mostra que o Brasil deverá assumir a liderança mundial na exportação de produtos agrícolas a partir de 2024, quando a área plantada será de 69,4 milhões de hectares, um crescimento de 20% à média obtida no biênio 2012/2014.
Esse incremento de área plantada, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), é resultado prático do avanço da produção agrícola sobre áreas de pecuária degradada, áreas de abertura (aquelas de primeiro plantio) e principalmente com o aumento do plantio da segunda safra no Centro-Oeste e no MATOPIBA (região produtiva nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Mantendo-se, assim, a preservação do meio ambiente e áreas verdes.
A CNA estima que até o final de 2015 as vendas externas do setor agropecuário brasileiro deverão atingir US$ 88,3 bilhões, desempenho inferior ao obtido no ano passado, mas de grande fôlego levando-se em conta que o Brasil deverá terminar o ano com uma queda histórica de 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Grande parte do crescimento da área plantada, conforme avalia a FAO, se dará nas culturas de cana-de-açúcar (+37%), do algodão (+35%) e das oleaginosas, especialmente soja (+23%), segundo demonstra o relatório da FAO no capítulo sobre Perspectivas Agrícolas para a próxima década.
Elevada produtividade – Com relação aos índices de produtividade, o estudo da FAO indica que as melhorias serão mais consistentes para o arroz e o trigo. O salto na produção agrícola brasileira se deu a partir da criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), cujos estudos e pesquisas definiram o perfil e as condições ideais para o plantio, adaptando vários tipos de sementes ao solo tropical existente no país, casos do arroz, feijão e milho.
A soja, segundo ainda a FAO, continuará sendo o principal produto agrícola exportado pelo Brasil, o país é atualmente o segundo maior exportador mundial, sendo superado apenas pelos Estados Unidos. Os embarques da oleaginosa devem render, em 2024, US$ 22,8 bilhões. Este valor, contudo, deverá ser menor que o total obtido nos dias de hoje porque o consumo interno da soja vai crescer 27% nos próximos dez anos, implicando em redução no volume total de grãos a ser exportado pelo país, diz a FAO.
A CNA, por seu lado, destaca que embora a receita cambial com as vendas externas de produtos agropecuários deva cair perto 9% em 2015, o volume dos embarques vai continuar batendo recordes: serão 160,5 milhões de toneladas a serem exportadas este ano, 13,9% superior ao verificado em 2014.
Os números mostram que nos primeiros nove meses de 2015 as exportações do agronegócio brasileiro atingiram US$ 67,0 bilhões, conforme números recentes. De janeiro a setembro do ano passado o setor foi responsável por 44% do total das exportações brasileiras, já em igual período de 2015 o percentual subiu para 46%.