Cerca de 90 milhões de hectares estão em algum estágio de degradação
Com a crise hídrica que assola o País, mais especificamente esse ano na região sudeste, muito se falou sobre mau uso da água e de como fazer para preservá-la e economizá-la. Mas pouco ou nada foi dito sobre a importância da proteção do solo como uma das soluções para o problema. “Nós não podemos fazer chover, mas podemos preparar o solo de maneira adequada para receber a água quando vier”, diz Aluísio Granato de Andrade, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Solos.
Hoje, a maior parte das terras utilizadas na agropecuária no Brasil está ocupada com pastagens, cerca de 180 milhões de hectares, dos quais estima-se que mais da metade encontra-se em algum estágio de degradação. “Grande parte dos pecuaristas não enxerga a pastagem como uma cultura; não vê necessidade em adubá-la, em nutri-la. E isso ao longo dos anos vai provocando um enfraquecimento do solo. Sem falar nas queimadas ainda adotadas como práticas de manejo”, explica Andrade.
Apenas 10% das pastagens brasileiras adotam sistemas pastoris menos impactantes, como pousio, rotações e Integração Lavoura Pecuária (ILP). “Temos áreas degradadas pela atividade em todos os biomas brasileiros. Só no Cerrado, por exemplo, são 32 milhões de hectares em que a qualidade do pasto está abaixo do esperado”, diz o pesquisador.
Essas pastagens degradadas, além de possuírem baixa capacidade de produtividade (produção de carne e leite), podem levar a perdas de mais de 100 toneladas de solo por hectare ao ano, segundo dados da Embrapa. “Infelizmente muitos produtores ainda têm uma visão imediatista da atividade e, por isso, exploram a área até o seu esgotamento. E quando isso acontece, abre-se nova área e assim forma-se um ciclo vicioso totalmente degradante e de desvalorização da propriedade rural”, explica.
“Para recuperar essas áreas e reinseri-las ao sistema é fundamental que seja realizado um mapeamento dessa pastagem degradada, uma avaliação dos níveis de danificação dessas terras e a seleção da tecnologia adequada a cada uma delas”, diz Andrade. “Temos tecnologia para reverter o quadro”, completa.
“É preciso que façamos uma campanha contra a erosão do solo e também fazer com que os produtores adotem um manejo mais conservacionista; que tenham a visão de um gestor do solo e do ambiente”, anseia o pesquisador.
Fonte: Cenário Agro