Sobre o Neuralink o cientista brasileiro afirmou que “Os caras começaram a fazer um hype de algo que eu inventei!“. Assista a entrevista completa
Nas profundezas do conhecimento científico, encontramos um dos mais renomados neurocientistas da atualidade, o brasileiro Dr. Miguel Nicolelis. Em uma entrevista reveladora para o Canal do Youtube “Ciência sem Fim“, ele compartilhou uma jornada de descobertas que abrange desde os primeiros registros neuronais até as perspectivas revolucionárias das interfaces cérebro-máquina.
Elon Musk e sua ambiciosa novidade para o futuro da humanidade
Vamos começar falando um pouquinho sobre a grande aposta de Elon Musk para o futuro da humanidade. Com o objetivo de avançar na compreensão e aplicação das interfaces cérebro-máquina, o Neuralink busca desenvolver implantes neurais de alta tecnologia que possam estabelecer uma conexão direta entre o cérebro e dispositivos eletrônicos. A proposta envolve um potencial amplo e impactante, abrangendo desde a melhoria de condições médicas, como transtornos neurológicos, até a possibilidade de ampliar as capacidades cognitivas humanas, levantando questões éticas e científicas intrigantes sobre os limites da fusão entre mente e máquina.
Só para se ter uma ideia, a revolucionária Neuralink, a startup de biotecnologia impulsionada por Elon Musk, acaba de dar um salto gigantesco rumo ao futuro com um incrível aporte de US$ 280 milhões (equivalente a cerca de R$ 1,37 bilhões) em sua mais recente rodada de arrecadação de fundos. A notícia ressoa como um grito de progresso na plataforma X, que por coincidência também é propriedade de Musk, ecoando o chamado para uma nova era de possibilidades.
A empolgação é palpável, como demonstrado nas palavras ardentes da própria Neuralink: “Estamos empolgados além das palavras para embarcar nesse próximo e emocionante capítulo da jornada da Neuralink.” Essa rodada, que brilha como a série D – um estágio que só empresas tecnológicas maduras alcançam – recebeu a liderança do renomado Founders Fund. O fundo de capital de risco é comandado pelo visionário alemão Peter Thiel, um bilionário que trilha o mesmo caminho de Musk, tendo co-fundado o PayPal ao lado dele, além de ter sido um dos primeiros a apostar no Facebook em seus primórdios, lá em 2004.
A união desses líderes visionários e pioneiros financeiros não apenas solidifica a posição da Neuralink na vanguarda da inovação, mas também ilumina o caminho para um futuro onde as barreiras entre mente e tecnologia desaparecem, dando origem a um horizonte repleto de promessas.
Mas o que poucos sabem é que essa tecnologia foi descoberta por um cientista brasileiro. Entenda!
Da Academia ao empreendedorismo: A história do “Neuralink”
O Dr. Nicolelis, em sua voz distinta, narra como sua trajetória acadêmica o conduziu a momentos de surpresa e inovação. Ele conta sobre o nascimento de uma startup, criada por três de seus alunos, que de forma audaciosa não compartilharam seus planos com ele. Essa iniciativa deu origem a uma nova abordagem no campo das interfaces cérebro-máquina, resultando em uma história de empreendedorismo que transcendeu a academia.
No centro de suas explorações está a tecnologia neuroprotética, que permite a conexão entre o cérebro e máquinas. Dr. Nicolelis e sua equipe foram pioneiros na criação de implantes invasivos corticais para interface cérebro-máquina, que agora é conhecida como a tecnologia Neuralink. Eles desenvolveram um método para registrar atividade neuronal, passando de meros 48 neurônios registrados em sua juventude científica para 5.000 neurônios na atualidade. Nesse ponto o cientista faz uma afirmação que ainda não sabíamos. “Na realidade, eu não compro o hype. Da mesma maneira que eu não compro o hype da Inteligência Artificial, apesar de usar, os caras começaram a fazer um hype de algo que eu inventei.“, afirma o cientista brasileiro.
Abaixo você pode assistir o corte oficial deste trecho da entrevista. Aperte o play!
Revolucionando o tratamento Neurológico
Uma das conquistas mais significativas é o uso da tecnologia neuroprotética para tratar condições neurológicas devastadoras. Dr. Nicolelis descreve como os implantes invasivos podem oferecer esperança a pacientes paraplégicos, permitindo-lhes recuperar mobilidade e independência. No entanto, ele também alerta para os desafios éticos e médicos envolvidos nesse processo.
O Confronto entre invasivo e não invasivo
Um ponto crucial da entrevista é a diferença entre abordagens invasivas e não invasivas. Dr. Nicolelis enfatiza que os implantes invasivos, embora tenham um enorme potencial, ainda apresentam desafios consideráveis, tanto em termos éticos quanto de acessibilidade financeira. Ele destaca a importância de tornar a tecnologia acessível e escalável para atender às necessidades de um bilhão de pessoas com distúrbios neurológicos.
O futuro das interfaces Cérebro-Máquina
Olhando para o futuro, o Dr. Nicolelis anuncia seu projeto de criação do Instituto Miguel Nicolelis, que visa desenvolver interfaces cérebro-máquina não invasivas e acessíveis para tratar uma ampla gama de doenças neurológicas. Ele compartilha sua visão de espalhar essa tecnologia pelo mundo e oferecer uma solução sustentável para os desafios enfrentados por milhões de pessoas.
Ética, Ciência e Marketing
A entrevista não deixa de abordar questões éticas e a importância de comunicar a ciência de maneira responsável. Dr. Nicolelis critica práticas questionáveis de marketing e afirma que a ética deve sempre ser priorizada, especialmente quando se trata de intervenções cerebrais. Ele ressalta a importância de garantir que a ciência esteja ao alcance das massas, com soluções acessíveis e seguras.
Um legado de inovação
A jornada do Dr. Miguel Nicolelis é uma busca incessante por inovação e compreensão. Sua influência se estende por décadas e agora é moldada pela visão de interfaces cérebro-máquina que são seguras, acessíveis e capazes de transformar vidas. À medida que ele embarca em seu próximo empreendimento, fica claro que seu legado transcende os laboratórios, impactando o mundo com uma ciência que busca melhorar a humanidade de maneira ética e responsável.
Abaixo você pode assistir a entrevista completa com Miguel Nicolelis, médico e cientista brasileiro, considerado um dos vintes maiores cientistas em sua área no começo da década passada pela revista de divulgação Scientific American. Aperte o play!
Sobre Miguel Nicolelis
Miguel Angelo Laporta Nicolelis, nascido em São Paulo em 7 de março de 1961, é um renomado médico e cientista brasileiro. No início da década passada, a revista de divulgação Scientific American o reconheceu como um dos vinte principais cientistas em sua área. Em 2009, a Revista Época o incluiu na lista dos 100 brasileiros mais influentes. Nicolelis conquistou um feito notável ao ser agraciado com dois prêmios dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos no mesmo ano, sendo também o primeiro brasileiro a ter um artigo publicado na capa da prestigiosa revista Science.
Ele lidera um grupo de pesquisadores no campo da Neurociência na Universidade Duke, localizada em Durham, Estados Unidos. Seu foco de estudo concentra-se na fisiologia de órgãos e sistemas, com o ambicioso objetivo de fundir o potencial do cérebro humano com máquinas, por meio de neuropróteses ou interfaces cérebro-máquina. Um dos destaques de sua pesquisa é a criação de próteses neurais inovadoras destinadas à reabilitação de pacientes com paralisia corporal. Nicolelis e sua equipe alcançaram um marco significativo ao desenvolverem um sistema que permite o controle de braços robóticos por meio de sinais cerebrais.
Apesar de suas realizações, seu trabalho gerou discussões no meio acadêmico e científico. A revista MIT Technology Review classificou-o como um dos fracassos tecnológicos de 2014. Por outro lado, a renomada rede de notícias online norte-americana The Verge, reconhecida por sua cobertura em ciência, tecnologia, arte e cultura e premiada cinco vezes pela International Academy of Digital Arts and Sciences, o destacou como uma das personalidades científicas de destaque em 2014. Miguel Nicolelis foi retratado como uma das 50 figuras de maior impacto global naquele ano.
Por Vicente Delgado – AGRONEWS®