No mercado da soja, desvalorização no mercado externo afeta os preços no mercado interno, veja mais informações a seguir
Neste início de 2024, o mercado da soja enfrenta uma reviravolta, com os valores da oleaginosa retrocedendo aos patamares de 2020. Esse declínio, embora preocupante, é resultado de uma combinação complexa de fatores que estão redefinindo o panorama do agronegócio.
O primeiro componente desse cenário desafiador é a desvalorização externa, que exerce uma pressão significativa sobre os preços da soja. A instabilidade nos mercados globais tem impactado diretamente o setor agrícola, tornando as oscilações de preço uma realidade para os produtores.
O segundo aspecto crítico é o recuo nos prêmios de exportação da soja brasileira. A perda desses incentivos tem implicado em desafios para os agricultores, que agora enfrentam uma competição mais acirrada e, consequentemente, uma pressão descendente sobre os preços internos.
A terceira peça desse quebra-cabeça é a menor demanda internacional, especialmente da China, um dos maiores importadores de soja do mundo. As incertezas geopolíticas, aliadas a fatores econômicos, têm contribuído para uma redução nas compras externas, impactando diretamente os produtores brasileiros.
O quarto elemento desse cenário contraditório é o contrafluxo nas estimativas de produção na América do Sul para a safra 2023/2024. Embora algumas projeções indiquem um aumento na produção, contrariando as expectativas de redução devido às adversidades climáticas nas lavouras brasileiras, a realidade é que o setor está diante de uma incerteza significativa.
A maior estiagem da história de Mato Grosso
Em entrevista exclusiva ao AGRONEWS®, o presidente da APROSOJA-MT, Lucas Costa Beber destacou que, desde o início do cultivo da soja, os produtores enfrentam a maior estiagem já vivida no estado. Os prejuízos são consideráveis, agravados pelo cenário de grãos com preços mais baixos. A relação custo-benefício torna-se desfavorável, colocando muitos produtores em uma posição desafiadora para atingir as metas de produtividade e cumprir contratos de venda e compromissos financeiros.
A maior estiagem vivida pelos produtores em todos os tempos aqui em Mato Grosso.
Lucas Costa Beber – Presidente da APROSOJA-MT
Segundo o presidente, as perdas na produtividade são expressivas, conforme relatos de produtores colhendo menos de dez sacas por hectare em várias regiões do estado. Embora existam casos de colheitas variando de 20 a 60 sacas, a média estimada pelos produtores indica uma perda média de 21% na produtividade, resultando em uma média preocupante de 50 sc/ha. Para ver esta matéria na íntegra clique aqui.
Na análise anterior vimos que, “A expansão da área global dedicada à soja, agora registrando aumento consecutivo, sinaliza a possibilidade de um novo recorde de oferta na safra 2023/2024. Segundo dados do USDA, desde a temporada 2019/2020, a área mundial cresceu 12,6%, enquanto a produtividade aumentou em 4%, resultando em um salto de 16,8% na produção global”. Clique aqui para ver esta análise na íntegra.
Veja também: Presiddente da Aprosoja Brasil estima “grande quebra” na safra 2023/2024
Presidente da entidade afirma que “Os números oficiais não são oficiais na realidade” pelo que se pode perceber na produção brasileira e estima “grande quebra” na produção.
O presidente da Aprosoja Brasil, Antonio Galvan, compartilhou uma análise preocupante da situação enfrentada pelos produtores rurais no Paraná, fato bem semelhante ao que estamos vivenciando no Mato Grosso, destacando a desconexão entre a realidade do campo e os números oficiais divulgados recentemente. “O que é que nós podemos esperar de uma safra? Com certeza uma grande quebra. Os números oficiais não são oficiais na realidade, pelo que se espelha a nível de Brasil.“, afirma Galvan.
Pres. da Aprosoja Brasil mostra realidade da produção
Em um vídeo gravado hoje(10) especialmente para o Agronews, o presidente da Aprosoja expressou suas apreensões em relação à safra brasileira e ressaltou que os desafios não se limitam apenas ao Mato Grosso e ao Paraná, mas se estendem por diversas regiões do país. Aperte o play no vídeo abaixo e confira!
Por Daniele Balieiro/AGRONEWS®
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