Patrimônio histórico abandonado no coração do Pantanal foi revelado em vídeo inédito produzido por jornalista catarinense
No meio do Pantanal, ergue-se uma estrutura imponente que mais parece um castelo abandonado. Este é o cenário da histórica Usina do Itaicy, um marco esquecido da produção açucareira de Mato Grosso. Em uma matéria especial do programa Vale Agrícola, durante o Road-Show MT 2024, a jornalista Aline Leonhardt nos guia por uma viagem no tempo, revelando as histórias e os segredos deste lugar que já foi um dos grandes polos econômicos da região. Vídeo já conta com milhares de visualizações e você pode conferir no final deste artigo.
O apogeu da Usina do Itaicy
Construída pelo visionário Antônio Paes de Barros (Cuiabá, 15 de dezembro de 1851 — Cuiabá, 6 de julho de 1906), conhecido também como Totó Paes, a Usina do Itaicy foi inaugurada com grande ambição. Localizada às margens do Rio Cuiabá, a usina não se limitava à produção de açúcar; também fabricava cachaça e álcool, aproveitando ao máximo os subprodutos da cana-de-açúcar.
Durante a visitação guiada pelo Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso, Prof. Dr. Allan Kardec destacou a importância da usina para a economia local e nacional, mencionando, “Quem construiu isso aqui foi o Totó Paes de Barros, um visionário, filho de um usineiro. Itaicy se tornou a grande vedete da região oeste na produção do açúcar que ia para fora do país. A gente produzia aqui na beira do Rio Cuiabá.” Kardec continua explicando que “aqui tinha um estaleiro onde se construía e reformava os barcos que levavam essa produção até Montevidéu, até a Argentina. E de lá os navios atravessavam o Atlântico e iam para a Europa e voltavam com produtos europeus para cá.“, explica.
O declínio e o abandono
Com a morte trágica de Totó Paes, assassinado durante seu mandato como governador do estado, a Usina do Itaicy entrou em declínio. O local foi saqueado e muitos dos maquinários e bens valiosos foram levados, deixando o que antes era um centro próspero em ruínas. Aline Leonhardt, ao caminhar pelos corredores deteriorados da usina, comenta sobre o impacto do tempo, “O que a gente percebe é que o tempo é um inimigo silencioso e implacável, porque a cada dia algo dessa história se perde.“
O pesquisador Alfredo da Motta Menezes também contribui para essa reflexão, mencionando o contexto político e social que levou ao declínio da usina: “Se hoje em Mato Grosso o emprego público é importante, imagina em Cuiabá naquela época pequena. Então, quem está no poder tem o controle dos cargos públicos, inclusive na área federal. Então, brigar pelo poder é enorme.” Ele explica como as disputas políticas da época afetaram a sustentabilidade econômica e social da região.
Apesar do abandono, alguns vestígios do passado ainda resistem. Trilhos usados para o transporte interno da produção, a icônica chaminé tubular e estruturas de madeira encaixadas que sustentavam o estaleiro permanecem como testemunhos silenciosos de uma era de ouro. “É impressionante a quantidade de maquinários que estão intactos“, observa Aline, enquanto explora o local.
A vida na Usina
A Usina do Itaicy não era apenas um centro de produção, mas também um microcosmo social, com sua própria comunidade. Aline nos leva por uma visita aos antigos dormitórios, que ainda mantêm elementos como um fogão a lenha, e relata: “Aqui tinha de tudo: escola, igreja, farmácia, médico, dentista, barbeiro…”. Esse era o dia a dia dos trabalhadores que faziam parte desse vibrante ecossistema.
A jornalista também destaca um fato curioso: “Aqui dentro a comunidade tinha uma moeda própria, não se tem mais essas moedas guardadas, mas era algo que fazia parte do sistema de recompensas da usina.” Este detalhe revela o quão autossuficiente e estruturada era a vida na Usina do Itaicy.
Um Patrimônio a Ser Preservado
Embora em ruínas, a Usina do Itaicy continua a ser um importante patrimônio histórico do Mato Grosso. A preservação desse local é essencial para manter viva a memória de um tempo em que a região era um dos grandes produtores de açúcar do Brasil. “O tempo é cruel, mas a história que este lugar guarda é imensurável e precisa ser lembrada“, conclui Aline, reforçando a importância de se preservar esse capítulo da história mato-grossense.
O legado de Totó Paes
Totó Paes foi mais do que um industrial; foi um visionário cujo impacto se estendeu para além da usina. Ele participou de momentos históricos cruciais, como o Tratado de Petrópolis, que anexou o Acre ao território brasileiro, e iniciou a construção da Ferrovia Madeira-Mamoré. Seu legado no agronegócio brasileiro atravessou séculos, e a história da Usina do Itaicy é um reflexo de sua visão inovadora e empreendedora.
Assista ao vídeo completo
Para quem deseja explorar mais sobre a rica história da Usina do Itaicy e conhecer em detalhes as entrevistas e descobertas feitas por Aline Leonhardt, assista ao vídeo completo no Programa Vale Agrícola. É uma oportunidade única de conectar-se com o passado e compreender como ele moldou o presente e o futuro de Mato Grosso.
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