O crescimento da demanda externa por cana-de-açúcar e grãos, diante do avanço da política de biocombustíveis em alguns países, poderá abrir um espaço cada vez maior para o Brasil no mercado internacional. A afirmação é do diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Marcos Fava Neves.
“O Brasil, como potência ambiental, precisa apoiar outros países interessados nas políticas de mistura de biocombustíveis nos combustíveis, pois é certo que eles terão de ocupar mais áreas de produção, e isso abre oportunidade para o Brasil colocar seus produtos no mundo de forma sustentável. Com outros países adotando misturas, o País terá muito a ganhar”.
Fava citou como exemplo os Estados Unidos, que segundo ele, utilizam 140 milhões de toneladas de milho por ano em seu programa de biocombustíveis.
“Com um possível aumento da mistura do etanol na gasolina de 10% para 15% no governo do presidente Joe Biden, há uma chance muito grande de parte dos grãos dos EUA irem para a produção de milho, abrindo mais espaço para o Brasil exportar o cereal e também a soja. “O Brasil produz 105 milhões de toneladas de milho ao ano”, informou o diretor da SNA.
China
Ao abordar a situação da China, Fava afirmou que o país está aumentando a demanda de etanol para combustível. “Ou vai importar do Brasil ou produzir internamente. Mas para isso vai precisar usar milho e comprar o cereal para produzir ração, importando do Brasil ou então comprando em grandes quantidades etanol de milho americano”.
Com isso, continuou o especialista, “há mais estímulo para os EUA usarem etanol de milho, e usando mais milho, abre espaço para o Brasil. E quanto mais forte for a China nessa política de biocombustíveis, melhor será para o agronegócio brasileiro. Ou ganha a cana ou ganha o produtor de grãos”.
Índia
No caso da Índia, comentou Fava, “com a promessa de misturar 20% de etanol na gasolina em 2030, o país está antecipando cada vez mais essa meta, e isso poderá beneficiar o setor de cana no Brasil”.
O especialista explicou que a Índia é uma grande produtora de cana, produz muito açúcar com subsídios, e ao colocar esse produto no mercado mundial ,”deprime os preços”.
Dessa forma, disse Fava, “a melhor estratégia é convencer os indianos a pegar parte dessa cana para fazer etanol, preservando a qualidade de vida do seu produtor, colocar esse etanol no tanque dos carros, roubando o mercado do petróleo, e tirar o açúcar do mercado mundial, fazendo com que os preços subam, beneficiando, com isso, o Brasil”.
Etanol de milho
Segundo o diretor da SNA, o etanol de milho no Brasil também oferece uma grande oportunidade de mercado. “Poderemos chegar a oito bilhões de litros em 2030”.
Aliado a isso, acrescentou Fava, com o RenovaBio – política nacional que tem como objetivo ampliar a participação dos biocombustíveis na matriz de transportes – o Brasil assumiu a meta de produzir, até 2030, 50 bilhões de litros de etanol de cana. “Hoje fazemos de 32 a 33 bilhões de litros”, lembrou o especialista.
Para ele, tanto o etanol de cana quanto o de milho “são grandes oportunidades que o País tem para sequestrar carbono e se tornar o pais mais verde do mundo, com pegada ambiental”.
Fonte: Doutor Agro
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