Um caso de peste suína africana (PSA) na Alemanha confirmado na última semana, que levou à suspensão dos embarques da proteína do país a players importantes como a China, deve beneficiar concorrentes na exportação como o Brasil, com possível melhora nos preços praticados pela carne no mercado chinês.
Em volume, os frigoríficos nacionais só não teriam ganhos mais significativos de “market share”, ao preencher a lacuna deixada pelos alemães na China, por falta de plantas habilitadas.
“Temos em um primeiro momento um limitador, que é o número de plantas habilitadas. As plantas que vendem para a China, já estão com muita capacidade utilizada para atender a demanda daquele país”, disse à Reuters o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
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Atualmente, 16 unidades frigoríficas são autorizadas para embarcar carne de porco brasileira aos chineses, segundo a ABPA.
“Mas a consequência para o Brasil é positiva, principalmente em preços, porque com a Alemanha saindo o fornecimento de carne suína à China cai em quase 15%. A oferta (para os chineses) vai diminuir”, acrescentou, sobre a suspensão da exportação alemã.
Para Santin, países como Estados Unidos e Espanha também podem ser favorecidos com aumento no volume embarcado aos chineses e demais asiáticos, visto que a Coreia do Sul, por exemplo, já vetou as compras da proteína suína da Alemanha após a notícia da doença.
A perspectiva do representante do setor vai em linha com as projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) reportadas em relatório, logo após a confirmação do caso de PSA na Alemanha.
“Embora a carne suína alemã ainda seja elegível para venda no mercado da União Europeia, outros grandes produtores globais de suínos precisarão preencher a lacuna criada pela perda potencial da Alemanha no mercado chinês de exportação de carne suína”, informou o USDA.
“Os Estados Unidos, Brasil, Espanha, Dinamarca e Holanda podem experimentar um aumento no comércio”, projetou.
O CEO da companhia de alimentos BRF, Lorival Luz, disse à Reuters que a empresa acompanha atenta à nova dinâmica de mercado, em decorrência da peste suína na Alemanha.
“Desta forma, iremos avaliar todas as eventuais oportunidades para atender outros mercados, sempre verificando as demandas e compromissos que assumimos anteriormente”, afirmou em nota o executivo de uma das principais exportadoras de carne suína do Brasil.
No primeiro semestre deste ano, a Alemanha exportou 380,17 mil toneladas de carne de porco para a China, seu maior comprador neste mercado, informou a ABPA com base em dados do governo europeu.
Somada as vendas da proteína para a Coreia do Sul e Japão, a estimativa da associação é de que pelo menos 74% dos embarques lemães estejam comprometidos, em função da PSA.
O Brasil, que também tem a China como maior comprador de carne suína, cresceu em 150,2% as exportações ao país no primeiro semestre ante igual período de 2019, para 230,7 mil toneladas, segundo a ABPA.
O CASO
A Alemanha confirmou na última quinta-feira que encontrou a peste suína africana em um javali morto nas proximidades da fronteira com a Polônia.
O USDA, em relatório, disse que o caso não foi totalmente inesperado, dado o recente aumento na detecção da doença no país vizinho da Alemanha.
Autoridades do Estado alemão de Brandemburgo colocaram em quarentena uma área de 15 quilômetros na qual o javali foi encontrado para buscar mais animais mortos, enquanto também restringiram o movimento em fazendas.
As exportações alemãs de carne suína para a China e alguns países não membros da União Europeia foram temporariamente suspensas, devido à impossibilidade de emissão de certificados declarando que os produtos são livres de PSA, exigidos por compradores.
Nesta segunda-feira, o Brasil também suspendeu as compras da proteína da Alemanha –em sua maioria, tripas in natura e congeladas– e solicitou esclarecimentos às autoridades do país europeu.
Fonte: Acrismat/Suinocultura Industrial