Mesmo em um ambiente urbano, um pequeno vaso de manjericão no parapeito da janela pode iluminar o seu dia. Mas há uma explicação cientifica que justifique isso? Por que sujar as mãos nos faz sentir bem?
Em 2007, Christopher Lowry, professor do Departamento de Fisiologia Integrativa e do Centro de Neurociências na Universidade do Colorado em Boulder, assim como uma equipe de pesquisadores publicaram um artigo na revista Neuroscience, foram mais afunde nessa questão, quando questionaram se a sujeira seria uma nova Fluoxetina. Um estudo então examinou uma bactéria específica do solo, a Mycobacterium vaccae, e seu potencial papel na regulação do comportamento emocional.
Em outras palavras: será que as bactérias possuem propriedades antidepressivas?
“O solo, especialmente com matéria orgânica abundante, contém bactérias saprófitas, o que significa que elas vivem longe da matéria orgânica morta e apodrecida, tais como resíduos”, diz Lowry. “Os seres humanos co-evoluíram com estas bactérias por mais de mil anos, e elas têm demonstrado afetar o sistema imunológico de uma maneira a eliminar inflamações. Isto significa que estas bactérias podem ser úteis na prevenção ou no tratamento de doenças com processos inflamatórios”.
Então, o que exatamente, são estas doenças inflamatórias?
“Isso inclui condições como a asma, mas também, talvez, transtornos psiquiátricos relacionados ao estresse, caracterizadas por inflamação elevada, tais como transtorno depressivo ou transtorno de estresse pós-traumático”, diz Lowry.
Não é tão surpreendente que podemos nos beneficiar de microrganismos no solo, uma vez que eles são necessários para vivermos.
A regulação do sistema imunológico é de fato ligada à biodiversidade do ambiente natural. Nos beneficiamos de estar ao ar livre e expostos a coisas como solo e animais, pois dessa forma estamos expostos a microrganismos.
“Um ser humano não é um indivíduo. Somos ecossistemas. Pelo menos 90% das células no corpo humano são micróbios, a maioria deles vive no intestino “, diz Graham Rook, professor do Centro de Microbiologia Clínica da University College de Londres. “Estes organismos constituem o ‘microbiota”, e a microbiota deve ser considerada um órgão, como o fígado ou o cérebro. “
Enquanto os organismos que compõem a microbiota são herdados – assim como os genes – há uma proporção dos organismos que vêm de outros lugares, e é aí que as coisas começam a ficar interessantes.
“Uma proporção desconhecida dos organismos que constituem a microbiota vêm do meio ambiente”, diz Rook. “Agora parece que a explicação mais provável para os benefícios à saúde da exposição a fazendas, cães em casa e espaço verde é que o ambiente natural (incluindo os animais no mesmo) é um recurso que fornece organismos dos quais precisamos.”
Apenas no ano passado Rook publicou um artigo que explorou essas conexões, concluindo que a regulação do sistema imunológico é de fato ligada à biodiversidade do ambiente natural. Nos beneficiamos de estar ao ar livre e expostos a coisas como solo e animais, pois dessa forma estamos expostos a microrganismos.
Quando se trata de ser feliz ou não, muitos estudos mostram que problemas psiquiátricos são mais comuns em áreas urbanas do que em comunidades rurais. Isso faz com que a pesquisa de Lowry e Rook seja interessante, pois nos dá uma melhor compreensão do porquê estar fora, em um jardim ou em uma fazenda, nos faz sentir bem.
“As pessoas geralmente assumem que os benefícios para a saúde da exposição aos espaços verdes são devidos ao exercício. Na verdade dois grandes estudos agora demonstram que, embora o exercício seja definitivamente bom para você, não explica o efeito benéfico do espaço verde “, diz Rook. “O contato com a biodiversidade microbiana é a explicação mais provável para o efeito do espaço verde.”
Então, se os microrganismos são bons para você, quanta exposição é necessária para se colher os benefícios? Quantos dias no jardim são necessários? Isso é o que ainda não está claro.
“Nós ainda não sabemos o quanto a exposição às bactérias ambientais (por exemplo, por meio de atividades que envolvem o contato com o solo) são suficiente para conferir benefícios para a saúde”, diz Lowry. ” É claro, porém, que a exposição através da respiração ou consumir tipos específicos de organismos ambientais tem a capacidade de reduzir a inflamação e trazem benefícios à saúde.”
O que significa que agora você tem mais um bom motivo para ir lá fora e sujar suas mãos!
Normal ou não, um clichê da sociedade contemporânea ou um casal unido por amor, afinidades e desafinidades, que transforma arte e ciências em pequenos projetos domésticos. Criar um jardim onde antes não se imaginava poder, provar de inúmeras receitas que são também oportunidades, utilizar e reutilizar ao máximo, aprender e aplicar princípios que projetam um estilo de vida mais simples e otimista, acreditando que podemos fazer algo de bom ou de belo enquanto fazemos algo para nós e não apenas para nós.
Fonte: Jardim do Mundo