Demanda aquecida e escassez no mercado interno sustentam valorização expressiva em outubro.
O mercado do milho registrou um mês de alta, com o Indicador ESALQ/BM&FBovespa para a região de Campinas (SP) fechando outubro a R$ 72,94 por saca de 60 kg, uma elevação expressiva de 13,4%. Este valor é o mais alto desde abril de 2023 e reflete um cenário de demanda interna vigorosa, combinada com uma postura mais cautelosa dos vendedores, que têm se retraído em expectativas de preços ainda maiores.
Aquecimento da demanda e escassez no spot elevam preços do milho
O aumento nos preços é sustentado por uma demanda interna firme, com compradores relatando desafios para fechar novos contratos no mercado spot. A oferta do milho disponível nacionalmente está em baixa, enquanto os produtores, cientes do cenário de valorização, têm sido cautelosos em negociar novos lotes. Os preços elevados pedem precaução, o que limita a disponibilidade de produto no curto prazo, pressionando o mercado e acentuando a valorização.
Os compradores indicam dificuldades em assegurar a quantidade necessária para suas operações. A baixa disponibilidade no mercado nacional reflete, além da postura retraída dos vendedores, uma percepção de escassez no cenário de curto prazo, que tende a manter o grão em patamares elevados. Além disso, o cenário internacional não apresenta grandes alterações que poderiam aliviar a pressão por oferta. A manutenção dos preços no exterior e o câmbio também contribuem para essa alta, fortalecendo o valor do milho no mercado interno.
Perspectivas para a safra verão e o efeito das chuvas nas principais regiões produtoras
Outro fator que exerce influência nesse cenário é o comportamento climático. Após semanas de preocupações com possíveis atrasos na safra de verão, o retorno das chuvas nas principais regiões produtoras trouxe alívio ao setor, permitindo a continuidade na semeadura. Essa retomada pode representar um respiro no cenário de oferta a médio prazo, uma vez que a safra verão tem papel crucial na formação do estoque para o mercado interno e, mais adiante, influencia os preços para o início de 2025.
Entretanto, os produtores mantêm expectativas de preços em elevação, o que os leva a um posicionamento estratégico, aguardando valores ainda mais vantajosos antes de colocar o milho no mercado. A conjuntura atual, de preços elevados e oferta reduzida, gera um círculo de valorização que pode ser interrompido apenas se a safra de verão superar expectativas ou caso ocorram movimentos significativos na oferta externa.
Para o próximo ano, a continuidade do ciclo de valorização do milho dependerá, em grande medida, das condições climáticas e do comportamento dos produtores ao longo da safra verão. O acompanhamento da produtividade será essencial para determinar se a oferta será suficiente para atender à demanda crescente. As primeiras projeções para a segunda safra de 2025 ainda estão cercadas de incertezas, principalmente em função das condições climáticas e da dinâmica de preços no mercado.
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