O mercado do boi atravessa um período de grande dinamismo. Dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostram que os preços de todas as categorias de bovinos têm registrado altas consecutivas nos últimos três meses. Enquanto as exportações atingem patamares inéditos, o consumo interno segue resiliente, mesmo diante de valores elevados para o consumidor final.
Setembro e outubro marcaram recordes sucessivos de exportação, e novembro trouxe um novo incremento no preço da carne no mercado interno, alimentando expectativas de continuidade no ritmo forte de vendas internacionais. O aumento da demanda global e local reflete não apenas a valorização do produto brasileiro, mas também um momento de alta no ciclo produtivo global.
Preços no mercado interno e abates em alta
Apesar da elevação nos preços, o consumo interno de carne bovina permanece firme. Na Grande São Paulo, o preço médio da carcaça casada de boi atingiu R$ 23,43/kg à vista em novembro, representando uma alta de quase 7% na parcial do mês. A carne de vaca e novilha também registrou aumento expressivo, superando os 8%, com preços médios a R$ 22,29/kg.
A aceleração na produção é comprovada pelos dados do IBGE. No terceiro trimestre de 2024, o abate de bovinos cresceu 6,3% em relação ao trimestre anterior e 14,3% comparado ao mesmo período do ano anterior. Foram abatidas 10,33 milhões de cabeças entre julho e setembro, um aumento de 3,7% em relação ao trimestre anterior.
Esse desempenho reforça a capacidade do setor em atender à crescente demanda, tanto interna quanto externa, apesar dos desafios climáticos, como pastagens debilitadas pela seca. Pecuaristas têm investido em sistemas de confinamento intensivo e semi-intensivo, garantindo maior produtividade.
Exportações em números: um cenário de recordes
No mercado externo, o Brasil consolidou sua posição de destaque. Em outubro, as exportações de carne bovina cresceram 42% em relação ao mesmo mês de 2023 e 5% frente a setembro de 2024, alcançando o maior volume mensal da história do setor. De janeiro a outubro deste ano, o volume exportado subiu 29%, totalizando 2,397 milhões de toneladas.
Em termos financeiros, as exportações geraram mais de US$ 10,5 bilhões no acumulado do ano, um aumento de 22,6% em relação a 2023. Com a desvalorização cambial, a receita em Reais cresceu ainda mais, atingindo 29%. Apenas em outubro, as vendas externas renderam R$ 7 bilhões, refletindo o aumento no preço médio de exportação.
A China lidera como principal destino, absorvendo metade das exportações brasileiras de carne bovina. No acumulado de 2024, o país asiático importou 1,086 milhão de toneladas, gerando US$ 4,8 bilhões em receita. Apesar de uma leve queda no preço médio em dólares, os números mostram recuperação, com alta de 4% no valor médio pago pelos chineses em outubro.
Outros mercados e perspectivas
Além da China, mercados como Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Filipinas têm ampliado suas compras de carne brasileira. As exportações para os EUA dobraram em 2024, elevando a participação do país no valor total exportado para 7,2%.
O desempenho histórico do setor reflete não apenas a excelência produtiva dos pecuaristas, mas também sua capacidade de adaptação a um cenário global desafiador. A estratégia de aumentar a produtividade e diversificar mercados se mostra essencial para sustentar o crescimento em meio a um ciclo de alta nos preços globais.
Com a chegada de dezembro, a expectativa é de manutenção do ritmo aquecido, impulsionado pelas festas de fim de ano e pela demanda global robusta. A pecuária brasileira, mais uma vez, reafirma sua posição como um dos pilares do agronegócio mundial.
* com informações do Cepea
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