Você deve ter achado o título deste artigo esquisito e resolveu dar uma conferida, certo? Calma, respira bem fundo e presta atenção que eu vou te explicar porque você também é um “Pecuarista Digital” e nem tem consciência disto. Continue lendo para entender.
A revolução digital
Vamos começar pelo mais simples, o princípio de toda esta explanação. A minha pergunta inicial foi: Você usa email? e se a resposta foi “SIM“, então já deve estar familiarizado com o símbolo @, o mesmo usado comumente pelos pecuaristas para representar o peso do gado.
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No caso do mundo digital, o @ ou “arroba” existe para separar o nome pessoal (nome de usuário) do nome do provedor de serviços onde está hospedada a conta sua de e-mail (Ex: [email protected]). O grande mistério disso tudo é saber por que escolheram o @ para colocar nos e-mails e não qualquer outro símbolo?
Para entender o motivo, vamos recorrer a uma entrevista, concedida ao portal Mundo Estranho, com ninguém menos que o americano Ray Tomlinson, o engenheiro que inventou o correio eletrônico em 1972. Foi ele quem teve a idéia de usar o @ nos primeiros endereços. “Estudei o teclado e escolhi um símbolo que já estava lá e não era usado em nomes. Encontrei o @”, afirma ele.
Ainda por cima, o @ em inglês significa at (o equivalente às nossas preposições “em”, “na” ou “no”), fazendo com que o endereço de e-mail possa ser lido de uma forma muito mais natural. Só para dar um exemplo, um endereço como [email protected] pode ser entendido como “Bill Gates na companhia Microsoft”. Em português, como o @ não tem o mesmo significado do inglês, os endereços soam meio bizarros. Aqui no Brasil, o “arroba” indica uma medida de peso que equivale a 15 quilos – ela ainda é amplamente utilizada no setor agropecuário.
No princípio era o verbo…
Ainda que alguns pensem que esse símbolo é novo, na verdade, a origem da “arroba” está relacionada a fins comerciais e existe desde o século XVI.
Desde então, o símbolo foi muito utilizado como unidade de medida. Entretanto, foi no século XIX que ele foi acrescido às máquinas de escrever e hoje encontramos em todos os teclados.
Embora a arroba tenha sido associada a fins comerciais no século XVI, não se sabe ao certo sua origem específica.
Etimologicamente, como podemos encontrar em alguns sites especializados, o termo pode ter surgido:
- do francês “at”, denotando o a craseado “à”;
- da língua árabe “ar-roub”, para indicar “o quarto” de algo;
- da abreviação da expressão inglesa “each at”, que significa “cada um em”.
Algumas teorias afirmam que esse símbolo teria surgido na Idade Média. Os monges copistas, responsáveis por reescrever alguns manuscritos, foram usando esse símbolo como forma de abreviar a preposição latina “ad” que significa “para”, “em” ou “a”.
Dessa forma, a letra “d” representaria a “cauda” da arroba. Isso porque a ideia era economizar o espaço disponível nos pergaminhos e, claro, buscar a eficiência neste processo.
No entanto, foi em um documento datado de 1536 que pesquisadores encontraram o uso deste símbolo indicando a quantidade de vinho em um barril. O documento supostamente teria sido escrito por Francisco Lapi, um comerciante florentino.
Desde então, a arroba começou a ser usada para simbolizar o peso de produtos comercializados e também a indicar a taxa associada a eles. No Brasil, ela é muito utilizada para medir o peso de alguns animais ou líquidos, sendo que 1 arroba equivale a 15 kg, equivalente a 25 libras.
Pecuarista Digital? está certo disso?
Sim, é isso mesmo! Como deve ter percebido, há uma relação direta com o símbolo (@) usado em ambos os casos a seguir. Seja você uma pessoa comum, totalmente urbana, que apenas usa a tecnologia para mandar algumas mensagens em formatos de emails ou um trabalhador rural que usa técnicas, atividades, práticas no processo de criação de gado, a partir de agora podemos considerá-lo como um “Pecuarista Digital“. E tenha bastante orgulho disto, veja a seguir o que representa a nossa pecuária nacional.
A Pecuária Nacional
Como informa a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, a adoção de tecnologias na pecuária brasileira proporcionou a modernização do setor com incremento da produção e da produtividade, em bases sustentáveis. Nos últimos 40 anos, a produção de carne de aves aumentou 22 vezes; a de carne suína, 4 vezes; a de leite, 4 vezes; e a produção de carne bovina, 4 vezes. Pesquisas em genética, avanços no controle de pragas e doenças e melhoria das pastagens aumentaram de 11% para 22% a média de desfrute dos rebanhos bovinos de corte.
Em 2020, o rebanho bovino brasileiro foi o maior do mundo, representando 14,3% do rebanho mundial, com 217 milhões de cabeças, seguido pela Índia com 190 milhões de cabeças. Apesar de o país ser o maior produtor de bovinos do mundo, ao adicionarmos a produção de aves e de suínos, o país passa a ocupar a terceira posição mundial no mercado internacional, com uma produção que corresponde a 9,2%, em 2020, ou 29 milhões de toneladas, atrás da China e dos Estados Unidos.
Mas em quantidade de carnes exportadas (bovina, suína e aves), em 2021, o Brasil passou a ocupar o segundo lugar, com 7,4 milhões de toneladas ou 13,4% do total mundial.
Entre 2000 e 2020, as exportações de carnes brasileiras renderam US$ 265 bilhões. Porém, ao se fazer o recorte sobre a carne bovina, o país, em 2020, foi o maior exportador de carnes do mundo, com 2,2 milhões de toneladas e 14,4% do mercado internacional. Em seguida, aparecem a Austrália, Estados Unidos e Índia.
Enfim…
Com todos estes números e com esta singela explicação, espero que você esteja convencido da força deste pequeno símbolo @ que você usa na troca de emails, ele representa um legado muito importante para milhões de produtores rurais que vivem da agropecuária. Saiba que você a partir de agora pode encher o peito e dizer em voz alta “Eu sou um Pecuarista Digital”, embora a sua arroba seja digital, ela também é muito importante para todos nós. Use-a com sabedoria e verás a diferença que isso pode fazer em nossa sociedade. Seja um produtor de conhecimentos, mande diversas arrobas (emails) e receba diversas arrobas, mas lembre-se aquilo que você cultiva um dia florescerá.
Por Vicente Delgado – AGRONEWS®
AGRONEWS® – Informação para quem produz