O setor de biocombustível de cereal não sabe o que é crise, apesar da falta de milho, e os projetos estacionados estão saindo do papel e do chão
Com milho travado a R$ 40 a saca no final de 2020 e o consumo de DDG em alta, quem pensa que as destilarias de etanol de milho se apertaram em 2021, diante da escassez do cereal e da consequente explosão de preços, esquece.
As 19 unidades, a maioria no Mato Grosso, estão indo bem, obrigado, e os projetos que haviam estacionado, no ápice da pandemia, estão revigorados.
A informação de Guilherme Nolasco, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), ainda é completada pela lógica do setor, que precisa ter garantia de matéria-prima.
Já tem milho contratado, também entre o final do ano passado, e começo deste, para 2022, na base de 70%, aproximadamente, da capacidade das destilarias.
“E para 2023 também tem milho sendo travado”, diz.
Claro, as empresas que não fecharam antecipadamente todas as suas necessidades de cereal e precisaram complementar com a saca entre R$ 90 e R$ 100, como ficou depois de maio, vão ter que absorver esse custo. No Mato Grosso, por exemplo, a safrinha rendeu em torno de 32 milhões de toneladas, com uma quebra de 4 a 5 milhões depois da seca prolongada.
Mas, mais uma vez, o executivo da Unem fala do DDG. O subproduto da destilação – farelo de milho -, saltou para R$ 1,5 mil a tonelada, saindo de R$ 550.
Com a demanda por ração (inclusive pela escassez da matéria-prima em grãos) ganhando peso, inclusive no Mato Grosso que avança em confinamento e semiconfinamento – de um estado antes 100% de pecuária extensiva a pasto – as destilarias vão que vão.
Nolasco até brinca: “Somos produtores de DDG”.
E até é sério: enquanto os 3,3 bilhões de litros de etanol previstos para 2021 representam somente 8% do consumo nacional de etanóis (hidratado e anidro), o que sai de farelo de milho é 100% todo das destilarias.
No total, a demanda para processamento até dezembro fala em 8 milhões de toneladas do cereal para aquela capacidade produtiva que deverá chegar aos automóveis
Com vento de cruzeiro a favor, mesmo que o consumo de biocombustível não exploda tão já, o presidente da Unem contabiliza os 23 projetos, entre os que estavam no papel e aqueles que já estavam indo para o chão.
Entre outros, a terceira planta no MT da FS Bioenergia (pioneira no Brasil enquanto era Fiagril, hoje a mando da Summit, dos EUA), da Inpasa, no Mato Grosso do Sul, e da tradicional usina de cana São Martinho, que agora vai para o milho também.
E em algum momento se espera notícias fortes do Grupo Amaggi, que também deverá ir para o mercado de etanol de milho.
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS
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