Além do perfil das compras europeias, veja também sobre o momento no mercado de capitais
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
Se tirarmos o que é soja em grãos da pauta de exportação para a China, e o milho, que é bem menos, o resto que vai para lá em alimentos é o mesmo que vai para a União Europeia (UE). Só que esse bloco paga muito melhor.
O grosso que os chineses compram, fora esses citados, entra também na categoria de industrializados, carnes (bovina, suína e de aves) e açúcar.
Os europeus compram isso também, mais farelo de soja (que a China compra pouco aqui), que formam o tripé mais encorpado das importações desde o Brasil.
Pois bem. De janeiro a agosto, a Zona do Euro gastou com eles e outros produtos de menor peso US$ 3,9 bilhões, mais 13%, e o gigante asiático US$ 6,7 bilhões.
Vejam como a diferença é pequena, se considerarmos que o poder de compra da UE já é pequeno se somados todos os membros, mais ainda que a concentração está em quatro mercados compradores, tanto populacionalmente, quanto, principalmente, na comparação entres as economias.
Agora, a China, compra muitas vezes mais em volume.
A conclusão, portanto, é que o bloco europeu compra valor agregado. As carnes, por exemplo, são, basicamente, em cortes especiais. E mesmo a bovina, em carcaças, estamos falando de produto com prêmio superior ao pago pelos chineses.
Farelo de soja já vai pronto. A China compra o grão para processar lá.
Açúcar, na verdade, são açúcares, já que a UE importa o adoçante bruto e até o refinado.
Enfim, ademais de a Europa ainda abocanhar outros produtos processados ou semi-processados, como suco de laranja e café solúvel, o que temos é um mercado de destino importante.
Mas o que se vê, nos últimos dois anos, é um desdém de grande parte do agronegócio, que vive a mesma guerra do governo contra o meio ambiente, defendido pelos europeus em geral, e que barra o potencial de crescimento da pauta de produtos mais caros que o Brasil teria capacidade de oferecer.
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Juros e risco Brasil acentuam alerta na B3
Vamos voltar ao mercado de ações.
A XP Investimentos, a principal corretora brasileira em volume de negócios, nota perda de recursos cada vez mais acentuada na B3.
O Ibovespa, principal índice, está longe de novo dos 120 mil pontos; 10 mil se evaporaram em pouco tempo.
Investidores estão saindo para a renda fixa, com a valorização das taxas de juros, e para investimentos no exterior. Neste segundo caso, os grandões, naturalmente.
A saída da alocação em renda variável caiu para 18% dos clientes de varejo da XP.
Junto com a renda fixa, vem a busca de uma âncora contra a crise que ameaça se tornar mais radical enquanto se avança em direção às eleições de 2022.
Então, leitores, atenção aos seus investimentos. Além da volatilidade, alguns papéis ficarão com liquidez mais comprometida.
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Etanol direto ainda travado
A venda direta de etanol das usinas aos postos teve o aval do presidente Bolsonaro, que editou MP quebrando a exigência de que o biocombustível tenha que passar exclusivamente pelas distribuidoras antes de chegar aos postos.
Mas a burocracia de Brasília ainda emperra, passados quase dois meses. É capaz que o Congresso aprecie antes – e certamente a aprovará – do que o Ministério da Economia resolva a situação tributária.
É inacreditável que o governo apoie a venda direta, olhando o barateamento do etanol sem a margem da distribuidora, sem ter decidido a questão do PIS/Confins.
E não tem segredo. Quando a usina estiver vendendo direto (note-se que não é obrigatório), ela cobriria a taxa que seria da distribuidora, além de continuar arcando com a sua.
Isto é a proposta original, desde que essa batalha entre os produtores do Nordeste, líderes nesse pleito, e os do Centro-Sul, onde a maioria apoiava a situação de exclusividade das distribuidoras.
AGRONEWS® – Informação para quem produz