“A questão do metano está ligada aos excrementos da pecuária[BOSTA DE VACA], principalmente. Nós temos um rebanho bovino enorme. Vai ter que haver uma adaptação, um planejamento para isso. Já existem empresas que fazem a mitigação dos dejetos do gado“, declarou o vice-presidente Mourão à jornalistas na chegada ao Palácio do Planalto.
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou nesta quarta-feira (03) que a pecuária do Brasil terá que se adaptar para que o país consiga cumprir o acordo com o qual se comprometeu na COP26 de reduzir em 30% as emissões de gás metano. A meta deve ser batida até 2030, tendo em comparação os números de 2020.
Porém, o general destacou que muitos produtores já adotam medidas de mitigação neste sentido. “Tem recursos envolvidos, da ordem de US$ 12 bilhões para auxiliar os países nesse processo. Temos um prazo até 2030, prazo para irmos nos adaptando. Grande parte dos produtores já trabalha no sentido de fazer a coleta dos dejetos e, consequentemente, a queima dos mesmos, de forma que não contamine a atmosfera“, completou.
“Nós mesmos, nos nossos quartéis, quando éramos um Exército quase todo a cavalo, a gente fazia isso. Então, existe um know how e é só todo mundo se adaptar para a mitigação“, defendeu.
Por fim, Mourão disse que o país está “empenhado” em cumprir os acordos propostos na COP26.
“Brasil está empenhado, o governo brasileiro, representando o Estado brasileiro. Porque é uma questão de Estado isso aí, não é só nosso governo que vai ter que encarar esse problema de frente […]. O Brasil está fazendo a parte dele nesse sentido“.
Ouça abaixo o pronunciamento do vice-presidente Hamilton Mourão
Mas será que a pecuária é a grande responsável pela destruição do meio ambiente e aquecimento global?
O Brasil é o maior exportador de carnes do mundo com um rebanho de cerca de 218 milhões de cabeças (IBGE, 2020). Só a pecuária de corte movimentou em 2020 mais de R$ 600,00 bilhões, com crescimento de 8,3% se comparado ao ano de 2017. Com certeza, isso gera muitos lucros para o nosso país e no passado essa era a única função da pecuária: produzir alimento para alimentar a população.
Atualmente o pecuarista tem uma série de legislações ambientais a seguir para que a produção de alimento seja sustentável e mostrar para a sociedade brasileira e mundial que a expansão da área produtiva não é a grande culpada pelo aquecimento do planeta.
Na década de 80 e 90 levávamos quatro anos para abater um boi, hoje temos boi precoce com 18 meses, temos tecnologias de confinamento baseadas no alto grão, onde o boi se torna um monogástrico (não rumina mais), temos forrageiras de alta produtividade que se consorciadas com árvores sequestram mais carbonos e podem ser responsáveis pela produção de carne carbono neutro (ainda em estudo, EMBRAPA). A pecuária brasileira está tomando o caminho de sustentabilidade produtiva.
Sustentabilidade é criar mais animais em ciclos menores, com o uso de menor área, transformar estes animais em carne consumindo menos energia, menos água, gerando menos resíduos ao meio ambiente, transportar de forma mais eficiente aos mercados consumidores e estes consumirem de forma mais consciente.
Pressão americana
Sob pressão dos EUA, o Brasil e mais 100 países reunidos na COP26 assinaram ontem o documento.
O metano tem como fonte as minas de carvão a céu aberto e a pecuária. O gás é produzido por animais ruminantes, como bois e ovelhas, e vai se acumulando no rúmen, um dos quatro estômagos dos bichos, até sair pela boca — como um arroto.
O gás tem um efeito estufa cerca de 80 vezes mais forte que o dióxido de carbono (CO2), e é responsável por 30% do aquecimento do planeta desde o período da Revolução Industrial, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Defesa a Bolsonaro
O vice-presidente também saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro, que teve agenda magra de encontro com políticos durante a Cúpula do G20 em Roma, na Itália, no último fim de semana.
“Não vejo dessa forma. A reunião do G20 é densa, existem discussões técnicas antes. Quando se reúnem os representantes das 20 maiores economias do mundo, já vem uma agenda pré-preparada“, afirmou o vice-presidente nesta quarta-feira, na chegada ao Palácio do Palácio. “Essa questão de reuniões bilaterais… Eu acho que naquele momento não foi previsto isso”, acrescentou, elogiando, em seguida, o discurso de Bolsonaro na cúpula. “Considerei muito bom“.
AGRONEWS®, com informações de Correio Braziliense e Compre Rural