Pode ser que o abastecimento local dê sinais de fraquezas. Mas, por enquanto, não mudou nada. Não tem importações novas ainda.
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
A decisão da China em aceitar a carne bovina já certificada até 4 de setembro tem duas leituras.
Uma, mais otimista. A outra, não muito. Vamos começar pela primeira.
Passados pouco mais de 2,5 meses do veto às importações do produto brasileiro, desde a eclosão oficializada da vaca louca atípica, em 4 de setembro, os chineses começaram a ficar com estoques mais baixos. Significa que vão ter de voltar às compras? Pode ser, sim.
Mesmo que houve compras de outros países, nunca chega perto do volume fornecido mensalmente pelo Brasil, o maior abastecedor disparado das mesas chinesas.
Mas, o que foi liberado representa pouco. Segundo agentes do mercado, como a consultoria Agrifatto, entre o que estava já certificado no Brasil, esperando para embarque, e o que estava chegando nos portos chineses, naquela ocasião, se calcula no máximo 100 mil toneladas.
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Além de ser quase um mês de exportações brasileiras para lá – em outubro, por exemplo, o país exportou 108 mil toneladas para todos os destinos, com China poderia ser quase o dobro -, essa carne “parada” já nem existe mais.
Se existe, é muito menos ainda. Talvez nem 50 mil toneladas. Mais um motivo de preocupação para Pequim.
Os exportadores devem ter desviado para outros destinos, já que mesmo sob tutela dos importadores – pelo menos nos lotes que já estavam nos portos chineses – estes devem ter “desfeito” o negócio.
O que é normal. Primeiro, sem a carne internada no país, por “culpa” do país de origem, os compradores não são obrigados a pagar. É contratual.
Ninguém vai ficar com carne parada muito tempo, nem os frigoríficos, nem os compradores, mesmo sob rigoroso sistema de refrigeração.
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Então, sim, na soma geral, por mais que a China esteja fazendo jogo duro, fazendo o Brasil pagar por uma bobagem, usando o argumento falso de risco sanitário quando a doença detectada não oferece risco algum aos humanos, começa a rarear a carne bovina por lá.
Eles conseguiram segurar o ímpeto da inflação local, com menos importações, e oxigenaram o abastecimento com mais carne suína, inclusive com o aumento da produção doméstica.
Mas a recuperação do plantel de suínos está longe do necessário.
Então, sim, a China pode estar começando a ficar estrangulada, com o fim de ano chegando e, em fevereiro, o famoso Ano Novo Lunar, com mais de 10 dias de feriadão e que exige, tradicionalmente, mais estoques do que os estoques estratégicos que o país precisa carregar.
Por esse ângulo, pode ser que essa medida chinesa, comemorada pela ministra Tereza Cristina, seja o primeiro passo para voltar a comprar nas escalas que sempre a China comprou.
A leitura pouco menos animadora é óbvia.
Não mudou nada ainda para os interesses brasileiros.
Não tem contratos novos de embarques, não há compras pelos frigoríficos para compor exportações à China, e o boi está tendo que se virar com o mercado interno e com os outros mercados externos, mais periféricos.
Ainda bem que está indo bem.
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Se a China já estivesse na ponta compradora, a @ em São Paulo poderia estar em R$ 350, de acordo com projeções. Já está em R$ 320, quando no início da crise derreteu para R$ 250 a R$ 260.
Enfim, esperar.
A qualquer hora a China volta, não tem como ser diferente, e a torcida é para que a leitura mais otimista, com a qual abri este texto, prevaleça.
AGRONEWS® – Informação para quem produz