Do sojicultor ao produtor de animais, nenhum segmento da cadeia aceita a não elevação para o B13 na mistura ao diesel.
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
Para livrar a Petrobras da responsabilidade pelos preços do diesel, mais uma vez se criminalizou o biodiesel como o culpado. E, mais especificamente, a soja.
Ao invés de elevar para 13% o teor da mistura, o B13, o Ministério de Minas e Energia manteve os 10%, que vigora desde março, e conseguiu a proeza de ser criticado por todo o setor rural e da agroindústria.
Nem vamos fazer o leitor perder seu tempo falando aqui da poluição, depois de o Brasil prometer na COP26 lutar pelo meio ambiente. Porque é óbvio.
Vamos aos dados mais econômicos.
De cara, podemos dizer que o biodiesel, na composição do preço final do diesel, representa 9%, e este ano teve um aumento de 0,1%. Isso, o senhor leu certo: 0,1%.
Já o petróleo, que representa o resto no preço ao consumidor, descontando impostos e fretes, aumentou mais de 60% em 2021.
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É o biodiesel o culpado?
Para os produtores, a conta ficará assim: esses 3% a menos de produção representa que o setor deixará de produzir 2,4 bilhões de litros a mais, sobre os 6,4 bilhões/l que representam os 10%.
Isso é mais ou menos 3 milhões de toneladas a menos de soja, a principal biomassa, e alguns bilhões de reais que toda a cadeia deixará de arrecadar.
Considerando as pequenas unidades produtoras e pequenos sojicultores que estavam atrelados a elas – e lembrando que os grandes têm mais capacidade de exportação por conta de seus altos volumes produzidos – a escala de problemas é significativa.
Às Aprosojas e à Abiove – que representam, respectivamente, os agricultores e as indústrias – se uniram os produtores de proteínas e até alguns frigoríficos. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) engrossou as críticas.
Como se sabe, da extração do óleo sobra o farelo. E, com mais farelo, menor os custos de produção nas granjas e confinamentos, num momento no qual se coloca em dúvida, novamente, os custos de insumos para o próximo ano.
Só que, além desse fato, tem passado desapercebido outro, que interessa mais ainda ao consumidor.
Há três meses, o governo mudou a sistemática de comercialização do biodiesel. Não haverá mais leilões.
E a Ubrabio, que representa também as biorrefinarias, alertou: sem leilão, os grandes compradores, as principais distribuidoras, vão ter maior poder de compra e concentração o mercado.
E não há garantia de que vão oferecer produto mais barato.
Com os leilões, o mercado ficava mais equilibrado, com as pequenas e médias empresas conseguindo adquirir lotes menores para suas necessidades regionais.
Agora, junta-se menor volume de mistura e poucos compradores com poder de aquisição de altos volumes, a tentação de imposição de preços se tornará mais perigosa.
AGRONEWS® – Informação para quem produz