Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
As principais cadeias tiveram uma participação menor, até acima do esperado, no PIB do 3º trimestre, e alguns cenários ruins permanecem presentes
Não foi surpresa o impacto do agronegócio no PIB do terceiro trimestre, que recuou 0,1%. A surpresa foi o tamanho da queda setorial, 8%.
Não foi surpresa porque algumas das principais cadeias tiveram perdas severas nas safras. E ainda a pecuária de corte contribuiu com sem as exportações à China no último mês do trimestre, setembro.
Mas o que chama a atenção de analistas é que a participação do agronegócio foi tão elevada que vai carregar o efeito estatístico para o quarto trimestre.
Mesmo que haja um pequeno ganho sazonal, em dezembro, com as festas de fim de ano, pouca coisa vai mudar.
Além disso, os mesmos resultados de algumas cadeias estão se reproduzindo – e piorados.
No caso da carne bovina, por exemplo, apesar da melhora dos preços no mercado interno, as exportações continuam sem a China. Então, se no tri passado o resultado negativo de um mês apenas foi sentido no PIB, neste a ausência chinesa pega em cheio.
Já são mais de US$ 2 bilhões que deixaram de entrar na soma da riqueza do País desde as interrupções dos embarques para lá.
Em linha, há o milho, com exportações que não deverão chegar à metade do ano passado – até agora estão em 14 milhões de toneladas, contra 28 do mesmo período de 2020 -, mais a distribuição no mercado doméstico dos prejuízos com a quebra feia da safrinha.
Café a mesma coisa. Quebrou e os preços internacionais, em alta, não compensaram o recuo nas exportações em até 20%.
O açúcar, idem. Perdeu muita musculatura em cana – de 605 milhões/t para 520 – e as exportações também sofreram. E, como no café, os preços internacionais não foram absorvidos homogeneamente por todas as indústrias.
Como o quarto trimestre as vendas externas também desaceleram em quase todos os mercados, o cenário ficou armado.
Além disso, como comentou o Departamento de Economia da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), a inflação não cedeu. E, se também foi responsável no 3º tri pelo recuo do consumo, já que os produtos carregavam custos maiores de produção, não será tão diferente de outubro a dezembro.
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