Pecuária nacional pode viver o melhor momento da história com embarques de carne in natura para mercado norte-americano; queda da capacidade produtiva australiana também contribui.
A abertura do mercado americano para a importação da carne bovina in natura brasileira tem provocado uma série de reflexões sobre o potencial da pecuária nacional. E o investimento em tecnologia é a aposta do setor para alcançar mercados ainda mais exigentes e lucrativos.
Dois meses após o acordo que quebrou as barreiras americanas para o produto do Brasil, o setor passa por um momento de união para atender a padrões sanitários, produtivos e competitivos para a carne nacional. Assim, uma série de cuidados precisam ser tomados.
“A gente tem que ter um cuidado com planejamento, com administração, temos que usar produtos nobres, de laboratórios confiáveis, produtos de longa ação, com tecnologia que funcionam realmente. E a gente tem que ter muito cuidado com os produtos que a gente usa porque a nossa carne vai para mercados muito exigentes”, afirma o pecuarista Paulo Acauan, que já exporta para países como Chile e Egito.
Já para os especialistas, a pecuária nacional inicia agora uma verdadeira revolução produtiva para conquistar mercados ainda mais exigentes.
“Vamos ter que produzir gado com algum sangue diferente. Vamos ter que fazer cruzamento industrial com zebuíno. Vamos ter que tratar de passagem com muito mais rigor. A questão sanitária vai ter uma outra expectativa. Então nós vamos viver um momento de grandes modificações na tecnologia, na gestão da pecuária de corte. O Brasil já está dando saltos interessantes, tanto que conseguiu a abertura do mercado americano, mas o que vem pela frente é muito mais importante do que isso”, analisa o Coordenador da GV Agro, Roberto Rodrigues.
O potencial do Brasil no setor também foi destacado pelo presidente da Merial Saúde Animal, Jorge Espanha.
“O Brasil é um mercado de excelente potencial. Produz hoje 9,5 milhões de toneladas, enquanto os Estados Unidos produzem 10,6 milhões de toneladas. O Brasil tem 206 milhões de cabeças; os Estados Unidos, pouco mais de 80 milhões de cabeças. O número de cabeças por hectare cresceu três vezes mais, principalmente o peso por hectare nos últimos 25 anos. Isso demonstra o uso da tecnologia e potencial e oportunidade para continuar crescendo”, destaca.
Boas novas
Outra notícia interessante para o Brasil foi a redução da capacidade produtiva de carne bovina na Austrália nos últimos dois anos. Com menos carne australiana no mercado internacional, a pecuária brasileira pode passar por um dos momentos mais promissores da história.
“A Austrália é um mercado de carne premium que acessa exatamente esses mercados sonho, alvo para o potencial exportador brasileiro. Eis a oportunidade que está surgindo para o Brasil, e evidentemente a gente tem que estar conectado com toda garantia sanitária de que o rebanho brasileiro tenha o padrão sanitário compatível com esses países que são altamente exigentes em termos de sanidade animal”, comenta o consultor da MB Agro Alexandre Mendonça de Barros.