“Temos que ter muita responsabilidade, pois estamos falando de um patrimônio de mais de 50 bilhões“, avalia Dr. Tadeu Mocelin, presidente do INDEA-MT, em entrevista exclusiva ao portal AGRONEWS BRASIL.
Tecnicamente para Mato Grosso não há nenhuma preocupação para a retirada da vacinação, pois segundo a avaliação do Dr. Tadeu Mocelin, presidente do Indea-MT, estamos aptos e preparados para atender as especificações técnicas, mas falta efetivo e recursos para estarmos prontos adequadamente para as ações de defesa sanitária do estado previstas no Plano nacional de erradicação da febre aftosa(PNEFA). “Nós fomos auditados pelo MAPA no ano passado e, como nos outros estados, ficamos abaixo do nível considerado como bom, mas 99% dos itens apontados como irregulares dizem respeito a questões financeiras“, comenta Dr. Tadeu.
O Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), que estava previsto para entrar em vigor em maio deste ano e que foi adiado pelo ministério da agricultura, está alinhado com o Código Sanitário para os Animais Terrestres, da Organização Mundial de Saúde Animal – OIE, e as diretrizes do Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa – Phefa, em prol também da erradicação da doença na América do Sul.
Para projetar a transição de status sanitário, as unidades da Federação foram organizadas em cinco blocos, considerando critérios técnicos, estratégicos, geográficos e estruturais. Esse agrupamento visa favorecer o processo de transição de zonas livres de febre aftosa com vacinação para livre sem vacinação de forma regionalizada, com início ainda em 2019 e conclusão em 2023, quando todo país alcançaria a condição de livre de febre aftosa sem vacinação, reconhecida pela OIE.
A conjugação de esforços públicos e privados, a infraestrutura dos Serviços Veterinários e os sólidos fundamentos técnicos são a base para o sucesso do Plano.
Neste sentido, as ações do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (INDEA-MT) visam promover a prevenção, o controle e a erradicação das pragas e doenças de animais e vegetais, garantindo a certificação sanitária de origem, aumentando a competitividade para o setor de agronegócios do estado, protegendo o meio ambiente, a saúde de produtores e consumidores de Mato Grosso. Este é um resultado de um extenso trabalho desenvolvido pelos seus servidores ao longo dos seus 40 anos de existência.
No caso da febre Aftosa, o presidente da instituição avalia que há uma importância muito grande para o estado em se conseguir este status “livre de Aftosa sem vacinação“, mas tem que se ter extremo cuidado e responsabilidade na implantação do plano. “No caso específico de Mato Grosso, que conta com mais de 30 milhões de animais, estamos falando de um patrimônio equivalente a cerca de R$ 50 bilhões, somente de bovinos no estado, sem levar em consideração aves, suínos e outras cadeias produtivas, lembrando que todo agronegócio é impactado caso haja um foco de febre Aftosa”, esclarece Dr. Tadeu.
Esta responsabilidade não é somente do poder público, mas também deve contar com a parceria do produtor rural, já que após a retirada da vacinação, o pecuarista tem que ter a consciência que ele terá um papel fundamental na manutenção deste status, pois será o “Guardião da sanidade“, sendo responsável por informar imediatamente ao INDEA caso identifique algum sintoma relacionado a Aftosa. “Todo o sucesso na contenção diz respeito a rapidez em detectar e resolver o foco. Para que isso aconteça da melhor forma possível, o INDEA vai intensificar as estratégias de educação sanitária para orientar as melhores práticas aos produtores do estado“, comenta Mocelin.
Além disso, os produtores rurais terão uma economia com a diminuição das despesas desta vacinação, com o tempo isso vai agregar valor a carne produzida em Mato Grosso.
Segundo explica Dr. Tadeu Mocelin, este é um trabalho de mais de 25 anos e nós passamos por vários status para chegar até aqui, agora é o último degrau nesta escala de sanidade animal – Livre de aftosa sem vacinação, com isto o Brasil conquistará novos mercados e consequentemente será reconhecido como um país que atingiu o grau máximo no controle da principal doença que afeta a cadeia de bovinos. “Isso para nós, que somos os responsáveis pela manutenção da sanidade, é um indicador positivo e muito importante para avaliar o trabalho desenvolvido pelo INDEA em parceria com os produtores, nestes 40 anos de existência da instituição” finaliza.
Assista a entrevista completa:
Por: Vicente Delgado – AGRONEWS BRASIL.