Os americanos, entalados com a competitividade da carne brasileira, agora pedem barreiras sanitárias. É bom o Brasil ficar de olho
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
Emoção pouca é bobagem para o setor da carne neste final de ano. Agora as principais entidades dos criadores dos Estados Unidos pedem barreiras contra a carne bovina brasileira. E já contam com apoio de um senador.
Pode até não dar em nada, mas é a China fazendo discípulos?
Parece que sim. Os chineses não levantaram ainda o embargo contra o produto brasileiro, desde o comecinho de dezembro, após os episódios da vaca louca.
Os americanos, por sua vez, há dois dias estão pedindo barreiras, alegando que o Brasil é descuidado, demora para informar casos sanitários e, assim, estaria colocando em risco a saúde dos americanos.
E se a moda pega e começa a se espalhar para outros destinos?
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Em tempo: a vaca louca detectada aqui foi atípica, sem risco absolutamente nenhum de contágio humano.
O que eles querem é tirar o produto brasileiro das mesas dos americanos, temendo a competividade.
As exportações do Brasil explodiram quase 100% no acumulado de janeiro a outubro, sobre os mesmos meses de 2020, para quase 100 mil toneladas, e já representam 10% de toda a importação de carne bovina dos EUA.
O rebanho americano não cresce, os custos são altos – porque todo ele é alimentado no cocho -, e o consumo dispara, nessa fase quase pós-pandemia.
Só que o que os gringos não querem enxergar são as exportações dos frigoríficos. Em alta também, inclusive para a China, de modo que se não houve importações de carne, o balanço de abastecimento X consumo não fecha.
A principal economia de mercado do mundo são importadores líquidos de carne bovina. Como de uma série de outros produtos. Eles ganham nas exportações e ganham em importações mais baratas. Ponto.
Mas sempre resolvem apontar o dedo para o Brasil.
Em 2017, na Operação Carne Fraca, o lobby local fez o governo proibir as importações de carne in natura do Brasil, que tinha sido liberada poucos meses antes. Até fevereiro de 2020, quando Donald Trump voltou a liberá-la, só carne processada entrava lá.
Desde então, a carne in natura cresce naquele mercado, que paga bem, exige produto de valor agregado, e está representando ganhos para os principais players brasileiros, como Marfrig, JBS e Minerva, que deitam e rolam com exportações para lá.
Os dois primeiros, inclusive, são dominantes no mercado local também com suas subsidiárias. E já enfrentaram muitas barreiras e disputas com os frigoríficos americanos.
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É sempre a mesma história. Querem tirar o Brasil da mesa.
Mas a gente não pode se enganar: o Brasil fez por merecer. Por muitos anos a nossa defesa sanitária pedalou, fez vistas grossas, e o País ficou com má fama.
Agora, qualquer coisa é motivo para os concorrentes usarem de fachada.
A China está tirando a carne brasileira, momentaneamente, para controlar os preços e a inflação. Os americanos simplesmente por temor da competição.
Menos mal que o boi voltou a subir, e bem, mesmo sem os chineses na ponta compradora.
Mas, caldo de galinha não faz mal a ninguém: é bom o Brasil tomar cuidado com esse movimento nos EUA.
Afinal, Joe Biden e Jair Bolsonaro não se bicam.
E sejam democratas (como Biden) ou republicanos que estejam na Casa Branca, todos fazem muito bem uma coisa que o Brasil não aprendeu, que é defender seus interesses.
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