Desde 1850, com as primeiras e expressivas exportações de café para Portugal, porta de entrada também para a Europa, que a agricultura brasileira já sinalizava sua relevância econômica, política e social.
Até aos dias atuais, o Brasil é o maior produtor mundial de café, lidera as exportações, e Minas Gerais participa, em média, com 50% das colheitas desse grão emblemático e histórico desde 1727, quando chegou ao território brasileiro vindo da Guiana Francesa numa operação ainda nebulosa e cujo protagonista foi o sargento-mor Francisco de Mello Palheta. Deve-se ter em mente que o café financiou também o crescimento das atividades industriais por décadas consecutivas, e continua firme e forte em pleno viger desse século XXI.
Outros exemplos, numa perspectiva de tempo, consolidam o desempenho da agropecuária brasileira, e principalmente depois da década de 1970 ao agregar mercados, exportações, pesquisas, adoção de inovações no campo, políticas públicas, crédito rural suficiente (inovar custa dinheiro) e mais cuidados com os recursos naturais nas artes de plantar e criar. Assim, atualmente o Brasil se configura nas seguintes posições internacionais no agronegócio; 1º lugar na produção e exportação de açúcar ou uma fatia de 48% do comércio mundial; 1ºs lugares na produção e exportação de café ou 27% do mundial; 1ºs lugares na produção e exportação de suco de laranja ou 76% do mundial; e 2ºs lugares na produção e exportação de soja em grão ou 43% do mundial; e 2º lugar na produção de carne de frango e 1º lugar na exportação ou 42% do comércio mundial de alimentos.
Acrescentem-se o 2º lugar na produção de carne bovina e 1º lugar na exportação ou 20% do comércio mundial; 3º lugar na produção de milho e 2º lugar na exportação ou 12% do mundial; 4º lugar na produção de óleo de soja e 2º lugar na exportação ou 12% do mundial; 4º lugar na produção de farelo de soja e 2º lugar na exportação ou 22% do mundial; 5º lugar na produção de algodão e 4º lugar na exportação ou 8% do mundial, e finalmente 4ºs lugares na produção de suínos e exportação ou 11% na oferta nos cenários do comércio mundial de alimentos (USDA/CNA). Além disso, a cultura do algodão cresce, abastece e exporta, com ganhos substantivos em produção e qualidade da fibra, e os cotonicultores adotando boas práticas recomendadas pela pesquisa.
Ainda é bom recordar que somos é o 3º maior produtor mundial de frutas, com uma produção estimada em 44 milhões de toneladas, e o setor de base florestal, em 2018, faturou US$ 14,2 bilhões com as vendas externas de papel, celulose e madeira ou mais 23% do que em 2017(Mapa).
Segundo pesquisa da Esalq/USP, nos últimos 20 anos o superávit nas exportações do agronegócio foi de US$ 1,1 trilhão, no que compete e sem demérito de outras atividades econômicas, o que lhe confere, numa perspectiva de tempo, um papel de destaque no desenvolvimento da economia brasileira e visando à sustentabilidade econômica, social e dos recursos naturais, uma tarefa hercúlea entre o governo, a sociedade organizada e as forças produtivas nas paisagens rurais, urbanas, e na conquista de novas fatias do mercado interno e nas exportações.
A trilogia ganhos de produção, produtividade e qualidade nas culturas e criações será um objetivo permanente e exigirá muita pesquisa agropecuária voltada para resultados e gestão mais eficiente dos sistemas agroalimentares, repita-se, do campo à mesa do consumidor. Como sempre, no processo de difusão de inovações é estratégico e indispensável compartilhar saberes e experiências entre os atores públicos e privados, que atuam na agricultura. Não há mágica na adoção, mas se não houver lucratividade a inovação pode ser descartada por quem planta e cria. O bolso do produtor rural fala alto como em qualquer outra atividade econômica, e ele ainda está sujeito aos caprichos climáticos! O Brasil é o 2º maior produtor mundial de alimentos e o agronegócio responde também por 23% do PIB brasileiro, que foi de R$ 6,6 trilhões em 2017, a preços correntes (IBGE).
O 4º Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a safra brasileira de grãos 2018/2019 em 237,3 milhões de toneladas, com uma produtividade média de grãos da ordem de 3.799 quilos por hectare cultivado, e 4,2% maior do que a safra de 2017/2018 e numa área de plantio de 62,5 milhões de hectares ou apenas 7,35% do território nacional, pois não enxerga quem não quer ou tem tempo de sobra para complicar as coisas ao afirmar que a agricultura dilapida recorrentemente os recursos naturais. Entretanto, há sempre o que corrigir no campo e nas cidades!
Por: Benjamin Salles Duarte – Eng. Agrônomo | Fonte: Diário do Comérico, com edições AGRONEWS BRASIL