Agroclima: Semana começa com tempo aberto em grande parte do País

A formação de um bloqueio atmosférico sobre a região Sudeste estará impedindo que frentes frias consigam avançar pelo interior do Brasil ao longo dessa semana, com isso a frente fria que está avançando sobre o Rio Grande do Sul nessa manhã de segunda-feira, deixa o tempo instável e chuvoso apenas sobre o Estado gaúcho e parcialmente em Santa Catarina

Também há previsões de que venham ocorrer algumas pancadas de chuvas bem isoladas sobre as regiões norte de Goiás e doo Mato Grosso, bem em grande parte das regiões produtoras de Rondônia e Pará. Também deverão ocorrer pancadas de chuvas sobre as regiões norte do Maranhão e do Piauí, assim como em grande parte da faixa litorânea do Nordeste.

Vamos começar pelo Rio Grande do Sul. Essas chuvas que estarão ocorrendo entre hoje e amanhã irão atrapalhar os trabalhos de colheita do arroz e da soja, mas nada que venham trazer problemas/prejuízos aos produtores. Apenas ocorrerão paralisações momentâneas. Mas por outro lado esse tempo mais instável irá permitir uma elevação dos níveis de umidade do solo, garantindo melhores condições ao desenvolvimento das lavouras que se encontram em fase de desenvolvimento, bem como irá auxiliar os trabalhos de preparo do solo para a semeadura das culturas de inverno. Já na quarta-feira o tempo voltará a abrir em todo o Estado e com isso as condições voltarão a ficar favoráveis à realização da colheita e demais tratos culturais.

Agora falando do Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e metade sul de Minas Gerais, esse bloqueio que se formou deixará o tempo aberto e sem previsões para chuvas ao longo desses próximos 10 dias. Assim, os níveis de umidade do solo irão reduzir drasticamente ao longo desse período, afetando o desenvolvimento das lavouras de 2ª safra, em especial o milho e o feijão. E como não há previsão de chuvas, o potencial produtivo dessas lavouras deverão ser afetados, reduzindo, portanto, as médias de produtividade. Até porque, no Paraná e em várias regiões de São Paulo, o tempo seco já vem persistindo a mais de 2 semanas. Totalizando, com a estiagem desses próximos dias, mais de 20 dias. Segundo monitoramento, 30% das lavouras de milho encontram-se em fase de florescimento e 10% já em início de granação. Fases extremamente suscetíveis ao déficit hídrico. Ou seja, tudo está sinalizando para que o Brasil venha a colher uma safra menor do que os 88 MMT que estavam sendo previstas no começo do plantio da 2ª safra de milho. O mesmo estará ocorrendo com o feijão 2ª safra, com uma pequena exceção, grande parte do feijão cultivado em São Paulo é sob regime de irrigação e com isso, as quebras irão ocorrer, mas bem menores do que no caso do milho que é totalmente de sequeiro.

No Mato Grosso do Sul, apesar da ausência de chuvas ao longo desses próximos 10 dias, as chuvas que ocorreram na última semana, mesmo que de fraca intensidade, em várias localidades, e irregulares, mantiveram os solos com níveis razoáveis de umidade, o que permitirá que as lavouras atravessem esse período mais seco, sem grandes problemas. Porém, deve-se salientar que como não foram todas as áreas beneficiadas pelas chuvas, poderão vir ocorrer relatos de produtores que estarão registrando perdas em suas lavouras ao longo desse período.

Em Minas Gerais, as perdas só estarão ocorrendo em lavouras de milho e feijão, já que no caso do café e cana de açúcar, apesar da ausência de chuvas, as condições ainda se encontram satisfatórias ao desenvolvimento das lavouras. Além disso, esse tempo seco em São Paulo e em Minas Gerais estará beneficiando o rápido avanço da colheita da cana de açúcar.

As chuvas só deverão retornar à essas regiões no final da próxima semana. Porém, a Rural Clima já vinha alertando desde o começo da safra, que a segunda quinzena de abril iria ser mais seca mesmo, sendo que as chuvas só deveriam ocorrer durante a 1ª quinzena de maio. E é exatamente o que vem ocorrendo.

Já no Mato Grosso e em Goiás, as condições ao desenvolvimento das lavouras de milho, algodão e feijão, bem como para outras lavouras de 2ª safra estão tranquilas, apesar de que em algumas localidades já acederam a luz amarela de atenção, apreensão melhor dizendo. Isso porque, devido ao plantio tardio do milho, muitas lavouras estarão entrando em fase de pendoamento nesses próximos 15 dias e como não há previsão de chuvas generalizadas, a tendência é que venham ocorrer algumas perdas localizadas. Mas de um modo geral, a maioria das lavouras encontram-se em ótimas condições de desenvolvimento. Sendo que para essas localidades as chuvas estarão retornando em meados da semana que vem. O que manterá as condições bastante favoráveis ao desenvolvimento/produtividade.

Já no MATOPIBA, o tempo começa a abrir na região, após um período de muitas chuvas e transtornos a colheita da soja e do milho. Com o tempo mais firme ao longo dessa semana, as condições se manterão favoráveis a realização da colheita, sendo que ainda há previsões de que venham ocorrer algumas pancadas de chuvas nesse começo de semana, sobre as faixas norte de Goiás, Tocantins e na divisa entre Bahia e Goiás. Como serão chuvas rápidas, não deverão afetar a colheita e nem tão pouco as lavouras. E a tendência é que as chuvas fiquem cada vez mais escassas daqui para frente em todo o MATOPIBA e Pará. Sendo que começaremos a observar chuvas apenas nas faixas norte do Nordeste e da região Norte daqui pra frente. O que é normal para essa época do ano.

Pra finalizar, não há nenhum indicativo de que venha ocorrer geadas ao longo de toda essa semana em nenhuma região do País. Apesar do INMET ter anunciado isso na semana passada e 2 pessoas anunciarem que esse deverá ser o outono/inverno mais frio dos últimos 100 anos, a previsão é que as temperaturas mínimas até venham a sofrer um ligeiro declínio entre as madrugadas de quarta para sexta-feira, mas as temperaturas não deverão abaixar dos 8°C nas regiões mais altas de RS e de SC. Sendo que nas demais localidades a previsão é que as temperaturas fiquem superiores a 12°C. Além disso, com o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, as massas de ar polar estarão entrando com maior frequência, mas como ainda há previsão de que as temperaturas dessas águas fiquem ainda mais quentes durante o inverno, poderemos ter um outono mais frio do que o próprio inverno. Assim como ocorreu em 2017.

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