“As empresas que tiverem boas práticas de Governança serão as que alcançarão níveis mais altos de prosperidade e desenvolvimento“, afirma especialista
O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira, e Mato Grosso se destaca como um dos principais protagonistas nesse cenário. Durante o painel “Desafios e Oportunidades nas Empresas Agro de Mato Grosso“, realizado na 56ª Expoagro em Cuiabá, especialistas discutiram a importância da governança corporativa para a sustentabilidade e o crescimento das empresas do setor. Este artigo explora os principais pontos abordados pelos palestrantes, destacando a relevância da Governança Corporativa em um ambiente de constantes mudanças e desafios.
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O cenário atual do Agronegócio
O Dr. Marcelo Prado, moderador do painel, iniciou a discussão ressaltando a pujança do agronegócio em Mato Grosso e a necessidade de se adaptar a um novo contexto. “O Agro vive um momento desafiador“, afirmou, referindo-se à supervalorização das commodities durante a pandemia e a guerra na Europa, que resultaram em altos índices de rentabilidade.
No entanto, com a normalização dos preços, as margens de lucro começaram a se achatar, levantando a questão: “Será que o negócio Agro não é mais atraente?” A resposta é um retumbante não. “Ele nunca esteve tão interessante e atraente“, destacou, enfatizando que o Brasil terá que aumentar sua produção de alimentos em 60% até 2050 para atender a uma população global de 9,3 bilhões de pessoas.
A importância da Governança Corporativa
A governança corporativa é um tema central nas discussões sobre a perenidade das empresas. O Dr. Marcel Daltro, advogado e especialista em governança, explicou que “Governança corporativa são práticas implementadas para garantir que o negócio seja duradouro“. Ele ressaltou que, em tempos de abundância, as empresas podem se dar ao luxo de operar de forma menos organizada, mas em um cenário de margens normais, a excelência em gestão e governança se torna essencial.
Daltro também abordou a importância das questões societárias para a perpetuidade das empresas. “Transformar o CPF em CNPJ é fundamental para que o mercado possa ler e entender a operação“, disse, referindo-se à necessidade de formalização e estruturação das empresas do agronegócio. Essa formalização não apenas facilita o acesso a novos mercados e financiamentos, mas também protege o patrimônio familiar e empresarial.
Benefícios da Governança
O Dr. Anderson Rodrigues, conselheiro de administração e consultor em governança, complementou a discussão, destacando que empresas com boas práticas de governança têm acesso a taxas de juros mais baixas. “Empresários que adotam a governança como uma prática legítima oferecem riscos menores para bancos e fornecedores“, afirmou. Além disso, ele trouxe à tona uma estatística preocupante: apenas 18% das empresas familiares conseguem passar de pai para filho, e 88% das que conseguem, enfrentam dificuldades na sucessão.
Rodrigues enfatizou que a governança não é apenas uma questão de formalização, mas também de criar um ambiente de harmonia familiar e empresarial. “Os grandes desafios estão em manter a harmonia e a sustentabilidade dos negócios“, disse, referindo-se à importância de preparar as novas gerações para assumir os negócios familiares.
A necessidade de Planejamento Sucessório
Um dos pontos mais críticos abordados no painel foi o planejamento sucessório. O Dr. Marcelo Prado destacou que muitos empresários se sentem imortais e não pensam na sucessão de seus negócios. “Quando você morre, seus filhos e sua esposa que resolvam a questão“, é uma mentalidade comum, mas perigosa. A falta de planejamento pode levar a conflitos familiares e à dilapidação do patrimônio construído ao longo de décadas.
Daltro reforçou a importância de se ter regras claras para a sucessão, afirmando que “enquanto você estiver com a caneta na mão, pode estruturar de forma simples e pouco custosa as regras que garantirão a continuidade do seu legado“. Ele alertou que a falta de organização pode resultar em disputas judiciais e na perda do patrimônio familiar.
A implementação da Governança
A implementação de um projeto de governança é um processo que envolve várias etapas. Rodrigues explicou que o primeiro passo é realizar um diagnóstico da empresa, entendendo suas necessidades e desafios. “Fazemos entrevistas com sócios e familiares para entender a dinâmica do negócio“, disse. A partir daí, são estabelecidas regras de comportamento e estruturas de governança, como conselhos de administração e comitês de gestão.
Daltro acrescentou que a transparência nas informações é crucial para o sucesso da governança. “A falta de transparência pode levar a desentendimentos e até à dissolução de sociedades“, alertou. Ele enfatizou que a governança não é apenas uma questão de compliance, mas uma ferramenta para garantir a prosperidade e a continuidade dos negócios.
Em síntese, o painel “Desafios e Oportunidades nas Empresas Agro de Mato Grosso” trouxe à tona a importância da governança corporativa em um setor que enfrenta desafios constantes. Os palestrantes concordaram que, embora o agronegócio tenha um futuro promissor, a excelência em gestão e governança será fundamental para garantir a sustentabilidade e a perenidade das empresas.
Como destacou o Dr. Anderson Rodrigues, “as empresas que tiverem boas práticas de governança serão as que alcançarão níveis mais altos de prosperidade e desenvolvimento“. Portanto, é essencial que os empresários do agronegócio em Mato Grosso adotem a governança como uma prioridade, não apenas para proteger seus negócios, mas também para garantir um legado duradouro para as futuras gerações.
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