Presidente do Sindicato Rural de Água Boa alerta sobre as perdas previstas na ordem dos 30% e orienta quais estratégias o produtor deve adotar diante da crise
Água Boa e mais 26 municípios, que são importantes polos agropecuários do estado, enfrentam desafios consideráveis na produção agrícola devido à escassez de chuvas. Esta situação levou estes municípios a decretarem Estado de Emergência. Confira os detalhes mais importantes nesta matéria especial!
Água Boa em Estado de Emergência
O presidente do Sindicato Rural de Água Boa, Geraldo Delai, em Mato Grosso, expressou recentemente a situação crítica enfrentada pelos produtores da região devido à escassez de chuvas. Em uma entrevista ao Agronews, ele destacou as dificuldades causadas pelas condições climáticas adversas, afirmando que “nossas perdas no ano passado são muito relevantes” e estimando uma perda em torno de 30% em diversas lavouras.
Aperte o play no vídeo abaixo para conferir o depoimento do presidente.
Os desafios que se apresentam são diversos, indo desde a necessidade de replanejar o cultivo até as questões financeiras que impactam diretamente os agricultores. A incerteza quanto ao resultado final é evidenciada quando ele menciona: “Não sabemos se ela se concretizará, pois é muito difícil você fazer estimativas antes das colheitas, principalmente na atual condição.“, avalia Geraldo. Essa incerteza ressalta a imprevisibilidade que os produtores enfrentam diante das variabilidades climáticas.
Orientações importantes diante da crise
Com base nas informações fornecidas pelo presidente do Sindicato Rural, destacamos cinco estratégias essenciais para que os agricultores possam enfrentar essa situação adversa:
- Antecipação da renegociação contratual: Dada a condição de estresse hídrico e as perdas estimadas de cerca de 30% nas lavouras, é crucial que os produtores antecipem a renegociação de contratos com revendas, bancos e demais credores. Essa medida visa aliviar a pressão financeira, especialmente para arrendatários, que enfrentarão dificuldades para cumprir compromissos como pagamento de renda e acordos financeiros.
- Avaliação individual das lavouras: Cada produtor deve realizar uma avaliação minuciosa das suas lavouras, identificando aquelas que podem ser retiradas do processo ou direcionadas para a safrinha. Essa análise individual permitirá uma gestão mais eficiente dos recursos disponíveis, direcionando esforços para áreas que apresentem maior viabilidade diante das condições climáticas desfavoráveis.
- Acompanhamento técnico para controle de doenças: O aumento da umidade, associado à escassez de chuvas, cria condições propícias para o desenvolvimento de doenças nas plantações. Portanto, é fundamental que os produtores busquem acompanhamento técnico especializado para implementar estratégias de controle fitossanitário. O controle eficaz de doenças, como as provocadas por mosca branca, é crucial para preservar a produtividade das lavouras.
- Planejamento de safra e safrinha: O planejamento estratégico da safra e safrinha é fundamental para otimizar os recursos disponíveis e minimizar perdas. A orientação do sindicato em relação à dessecação de algumas lavouras destaca a importância de adequar o calendário agrícola às condições climáticas adversas, priorizando culturas mais resilientes diante da falta de chuvas.
- Participação em programas de apoio: Os produtores devem buscar ativamente programas de apoio oferecidos por órgãos governamentais, sindicatos e instituições financeiras. Incentivos e linhas de crédito especiais podem ser essenciais para superar os desafios financeiros decorrentes da crise climática. O sindicato, como ponte entre os produtores e esses programas, desempenha um papel crucial ao orientar e informar os agricultores sobre as opções disponíveis.
A estratégia do sindicato em meio a esse cenário é clara: auxiliar os produtores com a orientação correta para renegociação de suas contas e nas decisões cruciais para enfrentar as adversidades. Segundo o presidente, a consideração das contas é um ponto crítico, especialmente para os arrendatários, que enfrentam o desafio adicional de cumprir obrigações financeiras enquanto lidam com perdas nas lavouras. O sindicato busca orientar os produtores sobre a importância de iniciar o diálogo com credores e revendas, apresentando a realidade da situação e buscando alternativas para minimizar os impactos financeiros.
Outros munícipios em estado de emergência
Além de Água Boa, outros munícipios decretaram estado de emergência diante da crise hídrica que assola os produtores. Cocalinho, Comodoro, Confresa, Juara, São José do Rio Claro e Pontal do Araguaia, que tomaram essa medida nos primeiros dias de 2024. O cenário se agrava com a decisão de Sorriso, que, após declarar emergência por 120 dias em 21 de dezembro, estendeu a vigência do decreto para 180 dias na última semana. Essa ampliação reflete a gravidade da situação e a necessidade de medidas extraordinárias para enfrentar os impactos da falta de chuvas na região.
O estresse hídrico tem implicações significativas, afetando não apenas as áreas urbanas, mas também as atividades agrícolas que sustentam a economia local. Segundo informações da Associação Mato-grossense dos Municípios – AMM, até o momento 27 localidades já decretaram oficialmente Estado de Emergência.
A irregularidade das chuvas afetou significativamente o regime hídrico, situando-se abaixo da média mensal esperada. Relatórios técnicos provenientes de órgãos públicos e entidades de cooperação técnica corroboraram a estimativa de danos expressivos nos setores agrícola, agricultura familiar e agropecuário, impactando diretamente as propriedades rurais. A escassez de chuvas resultou em uma perspectiva de frustração da safra agrícola, comprometendo a capacidade dos agricultores de honrar seus compromissos financeiros, como financiamentos e contratos futuros.
A preocupação com a safra de soja é evidente, pois o presidente destaca que a colheita ocorrerá entre fevereiro e abril. A quantidade significativa de chuvas aumenta as preocupações com doenças, como a mosca branca, que podem prejudicar a produtividade. Este ano, além dos desafios climáticos, os produtores terão que enfrentar um aumento na incidência de doenças, o que torna a gestão agrícola ainda mais complexa.
Produtores rurais já tem perdas significativas
Recentemente, publicamos uma matéria feita com o produtor Jonas Apio, que perdeu 600ha de sua lavoura de soja. Diante desse cenário o produtor faz relato importante sobre o cenário de prejuízos, dúvidas e incertezas que podem ocasionar uma crise iminente no setor agro brasileiro.
Confira a matéria completa: Agricultor de MT perde 600ha de soja e faz novo alerta sobre estimativa de safra
Desafios e incertezas
O ano de 2023 se configura como um período desafiador para a agricultura em Mato Grosso. A incerteza climática, as perdas expressivas e a necessidade de renegociação financeira exigem uma abordagem estratégica e proativa por parte dos produtores e das entidades representativas, como o Sindicato Rural. É crucial não apenas enfrentar as dificuldades do presente, mas também planejar e adotar medidas para fortalecer a resiliência do setor agrícola diante das incertezas futuras.
Neste contexto, a colaboração entre os agricultores, sindicatos e órgãos governamentais é essencial. Estratégias coletivas para compartilhar informações, buscar soluções conjuntas e promover iniciativas de apoio são fundamentais para a sustentabilidade do setor agrícola em Mato Grosso. A superação desses desafios exige não apenas habilidades técnicas, mas também resiliência, inovação e uma abordagem colaborativa para garantir a continuidade e a prosperidade da agricultura na região.
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