Apagão de boi gordo mantém arroba acima dos R$ 300 reais

O mercado brasileiro de carne bovina está aquecido, com o preço da arroba do boi gordo acima dos R$ 300 reais em quase todas as regiões. São Paulo registrou alta de mais de 15% em outubro, chegando a R$ 320 /@ pago ao boi China.

Impulsionado pela demanda externa, o país também caminha para um novo recorde de exportações de carne in natura em outubro, com projeção de embarques acima de 275 mil toneladas. Vamos analisar esse cenário e entender as movimentações do mercado.

Apagão de boi gordo

O mercado pecuário brasileiro vive um momento de intensa valorização da arroba do boi gordo, impulsionado por um cenário de oferta restrita e demanda aquecida, tanto no mercado interno quanto no externo. As cotações do boi gordo continuam em trajetória ascendente, sem dar sinais de arrefecimento, e a oferta limitada de animais para abate é a principal força por trás desse movimento.

Diversas consultorias têm registrado altas diárias nos preços do boi gordo, com o sinal de “+” se tornando uma presença constante em suas planilhas de preços. Essa valorização expressiva e persistente, que se intensificou desde o início de agosto, é resultado de uma conjunção de fatores que culminaram em um “apagão” de boi gordo no mercado. Os indicadores oficiais, como o CEPEA e o IMEA, demonstram esse crescimento diário, como podemos ver na tabela abaixo.

Em Mato Grosso por exemplo, a escassez de chuvas no segundo trimestre de 2024 levou a um aumento nas vendas de animais para abate – incluindo matrizes, e as queimadas acima da média em agosto e setembro agravaram ainda mais essa situação. O presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, Celso Nogueira, destaca que a seca prolongada e o calor excessivo prejudicaram as pastagens e obrigaram os pecuaristas a alimentar o gado com ração, elevando os custos de produção. (Clique aqui para ver a matéria completa)

Mercado aquecido

A demanda externa aquecida, com a China importando volumes recordes de carne bovina brasileira, também contribui para a pressão sobre os preços. Especialistas estimam que as exportações de carne bovina in natura em outubro de 2024 atinjam um novo recorde histórico mensal, superando a marca de setembro. Os embarques em ritmo acelerado, com a média diária de faturamento em alta, demonstram a força do mercado externo.

No mercado futuro, a tendência de alta nos contratos do boi gordo na B3 reflete as expectativas de continuidade da valorização. No varejo, a demanda moderada tem resultado em novos aumentos nos preços da carne bovina, levando os consumidores a buscarem proteínas alternativas mais baratas, como aves, suínos e ovos.

A falta de animais para abate é agravada pela saída de muitos produtores da atividade, especialmente aqueles que não tinham a pecuária como atividade principal e foram afetados pelos desafios climáticos e econômicos. Celso Nogueira aponta que a falta de infraestrutura financeira equilibrada e a cultura de não armazenar comida para o período de seca levaram muitos produtores a abaterem suas matrizes para quitar dívidas. Essa redução no rebanho, aliada ao ciclo pecuário mais curto, com o abate de animais mais jovens, contribui para a limitação da oferta.

Perspectivas

O cenário atual sugere que a valorização do boi gordo deve continuar no curto e médio prazo. A demanda externa aquecida, a oferta restrita de animais e os custos de produção elevados sustentam essa perspectiva. No entanto, a intensidade das altas pode ser atenuada caso haja uma recuperação das pastagens com a chegada do período chuvoso e se a demanda interna por carne bovina se mantiver moderada.

A continuidade da valorização e sua duração dependerão de fatores como:

  • Condições climáticas: A recuperação das pastagens com a chegada das chuvas pode aliviar a pressão sobre a oferta.
  • Demanda interna: A procura por carne bovina no mercado interno pode influenciar os preços.
  • Demanda externa: A continuidade da demanda aquecida por carne brasileira no mercado internacional é um fator crucial.
  • Custos de produção: A variação nos preços dos insumos, como ração e medicamentos, impacta os custos de produção e, consequentemente, os preços do boi gordo.

Acompanhar de perto esses fatores será fundamental para entender a dinâmica do mercado pecuário e tomar decisões estratégicas. Fique atento aos sinais e acompanhe as principais notícais aqui no Agronews.

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Vicente Delgado

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