O presidente da Aprosoja-MT revela que há produtores colhendo menos de 10sc/ha e afirma que esta é ” A maior estiagem vivida pelos produtores em todos os tempos aqui em Mato Grosso“, afetando diretamente a produção no estado. Confira esta análise detalhada com Lucas Costa Beber
A situação enfrentada pelos produtores de Mato Grosso na atual safra de grãos é preocupante, conforme temos divulgado aqui diariamente. Para entender melhor este cenário adverso, conversamos com o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Lucas Costa Beber, que gravou um vídeo especial para os produtores que acompanham o Agronews.
A estiagem intensa torna esta a maior preocupação dos produtores, com impactos significativos nos resultados esperados para a próxima safra. Aperte o play no vídeo abaixo e confira a análise completa.
Lucas Costa Beber destaca que, desde o início do cultivo da soja, os produtores enfrentam a maior estiagem já vivida no estado. Os prejuízos são consideráveis, agravados pelo cenário de grãos com preços mais baixos. A relação custo-benefício torna-se desfavorável, colocando muitos produtores em uma posição desafiadora para atingir as metas de produtividade e cumprir contratos de venda e compromissos financeiros.
“A maior estiagem vivida pelos produtores em todos os tempos aqui em Mato Grosso.“, afirma Lucas.
Para entender melhor tudo isso, veja abaixo algumas matérias publicadas aqui no Agronews que mostram essa realidade vivida pelos produtores mato-grossenses, que obrigou cerca de 1/3 dos municípios do estado a decretarem Situação de Emergência:
Segundo o presidente, as perdas na produtividade são expressivas, conforme relatos de produtores colhendo menos de dez sacas por hectare em várias regiões do estado. Embora existam casos de colheitas variando de 20 a 60 sacas, a média estimada pelos produtores indica uma perda média de 21% na produtividade, resultando em uma média preocupante de 50 sc/ha.
“Temos relatos de produtores colhendo menos de 10 sacas por hectare em várias regiões do Estado.“, explica Lucas Beber.
O presidente da Aprosoja Mato Grosso faz um contraponto importante em relação às estatísticas oficiais, reforçando a necessidade de comprovação da realidade vivida pelos agricultores. Lucas aponta que a pesquisa conduzida pela Aprosoja, com mais de 800 associados e dados relativos a mais de 900 propriedades, destaca uma média de 63 sacas por hectare no ano anterior, alinhada aos dados oficiais. Entretanto, a perda média de 21% indica uma realidade diferente da apresentada pelas estatísticas oficiais.
“Os números do que a gente vê aí que está por vir não condizem com a realidade da Conab.“, diz o presidente.
Lucas Beber enfatiza a relevância da pesquisa realizada pela entidade, já que capturou dados representativos de cerca de 1,6 milhões de hectares, sendo que o estado produz um total de 12,2 milhões de hectares. Uma amostragem muito bem representada. Ele ainda destaca a importância de comprovar a severidade da seca, citando os decretos de estado de emergência emitidos por municípios em contato com as prefeituras. Contudo, destaca que é crucial que esses decretos se baseiem em laudos agronômicos feitos de maneira responsável para validação.
“A orientação sempre é que o produtor procure antecipar as coisas, ou seja, sempre que vê que não vai conseguir colher para atingir os contratos, buscar fazer os laudos da lavoura.“, salienta.
A Aprosoja-MT tem desempenhado um papel ativo, buscando mudanças na metodologia da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em suas análises. A pesquisa conduzida pela associação, percorrendo mais de 8.000 quilômetros no estado, mostrou a realidade das lavouras e revelou a discrepância entre os números apresentados oficialmente e a situação vivida pelos agricultores.
“Temos pedido à Conab, principalmente, para mudar a metodologia em que é feito essas análises, porque não condiz com os números que a gente tem visto aí dos produtores também.“
O presidente da Aprosoja destaca a necessidade de um preço justo para os produtores, ressaltando que a precificação justa depende de uma projeção de mercado mais confiável. A busca por uma análise mais sólida, que leve em conta as reais condições das lavouras, é crucial para equalizar os preços conforme a realidade da produção.
“O produtor precisa de um preço justo. E precificação justa se faz com uma projeção de mercado mais confiável.“, avalia Lucas.
Diante deste cenário desafiador, Lucas Beber oferece orientações cruciais para os produtores. Destaca a importância de documentar todas as comunicações e acordos com as empresas envolvidas, evitando surpresas no futuro. Recomenda que os produtores antecipem laudos da lavoura, formalizem acordos por e-mail e mantenham um registro detalhado de todas as negociações.
“Não confio em conversa no boca a boca, conversa por telefone. É importante que fique registrado tudo o que é acordo, tudo o que é combinado com as empresas.“, alerta o presidente da entidade.
Além dos desafios na cultura da soja, Lucas Beber destaca a preocupação com a segunda safra de milho, uma cultura essencial para a renda dos produtores. O atraso no plantio, os replantes frequentes e a diminuição na janela de cultivo elevam a incerteza sobre a produtividade do milho. A falta de tecnologia adequada, seja em adubação ou qualidade de sementes, contribui para a redução na expectativa de colheita.
“Não é irresponsabilidade falar que nós podemos ter aí, diante da safra boa de milho que foi o ano passado, esse ano ter uma safra em torno de 20% menor“, estima o presidente.
O depoimento de Lucas Costa Beber, que também é produtor e conhece bem a realidade do setor, oferece uma visão detalhada dos desafios enfrentados pelos produtores de Mato Grosso. A necessidade de comprovação da realidade vivida nas lavouras, a busca por preços justos e uma projeção de mercado mais confiável, além das orientações práticas para os agricultores, destaca a importância da solidariedade e da ação conjunta para superar os desafios enfrentados pelo setor agropecuário.
O comprometimento da Aprosoja Mato Grosso em mediar mudanças e representar os interesses dos produtores é evidente, reforçando a importância de uma abordagem colaborativa para enfrentar os desafios iminentes na agricultura do estado.
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