Economista do Bradesco, em conversa com infomercadosBR e Agronews®, não enxerga risco de chineses consumirem menos alimentos com PIB mais fraco; veja também sobre teto de gastos nesta coluna e o impacto no agronegócio
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
A China assustou o mundo com um crescimento bem menor do que se esperava no terceiro trimestre, mas não há risco direto para os exportadores brasileiros de carnes e grãos.
E não é só o PIB do trimestre passado que surpreendeu em 4,9%, acanhado para o ritmo do país, mas o quarto que vem por aí deverá repetir uma dose semelhante e gerar nova onda de apreensão na comunidade econômica mundial
Mas, mesmo com um crescimento na margem ainda mais comprimido – no trimestre passado foi de 0,2% contra o anterior -, apontando para uma economia que não deverá passar de 5% de expansão em 2022, não é algo alarmante para o consumo de alimentos dos chineses.
Fabiana D’Atri, economista que representa o Bradesco no Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), trabalhando com esses dados acima não estima qualquer risco para exportadores brasileiros de carnes e soja, pela pressão de uma economia crescendo menos e comprando menos. Em carne bovina e no grão, o Brasil ostenta o primeiro lugar entre os abastecedores dos chineses.
“Não consigo ver, por hora, canais de contágios que cheguem ao consumo de alimentos”, explica ela, embora concordando que deverá haver, sim, uma desaceleração em outros canais.
A segurança alimentar da população, um dos pilares da “nova China”, está resguardada, protegida na política de XI Jinping de dotar a sociedade de melhor qualidade de vida, complementa a especialista em China.
As bases para o pouso forçado já estavam dadas e já chegou, por exemplo, a várias partes do mundo, inclusive no Brasil, com custos maiores de defensivos e fertilizantes, por exemplo.
Trata-se do enxugamento do parque industrial poluidor, em uma transição para uma economia de baixo carbono, que é outro dos pilares desse país, confirma a economista. Inclusive, a crise e energia atual também é decisão de Pequim em produzir menos carvão.
Poderá sempre ocorrer desníveis cíclicos, ocasionados por pressões de outras proteínas – agora, por exemplo, houve um aumento da produção chinesa de suínos, o que ajuda o país a sair da crise da PSA, que dizimou seu plantel desde 2019 -, entrada de outros fornecedores ou distorções como o atua diplomático-comercial, com mais de 45 dias sem importações de carne bovina depois dos episódios da vaca louca.
Mas um crash nos embarques brasileiros de alimentos, como de qualquer outro parceiro chinês, não se cogita por obra de recuo da economia, reforça a economista do Bradesco e CEBC.
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Risco fiscal, dólar alto: exportações melhores e preços internos mais caros
Se a situação fiscal brasileira descambar para o pior, com a vantagem, na ponta exportadora, do dólar alto, há o risco de o Brasil seguir com as distorções e desequilíbrios do mercado interno como se viu na soja, milho e etanóis desde 2020.
Vão ser exportados mais grãos e açúcar e faltará matéria-prima em abundância para óleo, farelo de soja e milho para as rações e para maior produção de biocombustível.
A corrida atrás do dólar como porto seguro contra o risco Brasil vai tornar os produtos brasileiros mais baratos e atraentes no exterior, mas o preço será pago nas gôndolas e bombas de gasolina.
É do mercado, claro, enquanto há o apetite do governo para gastar mais – furar o teto de gastos – com o antigo Bolsa Família e com os caminhoneiros, sem falar de onde vai tirar dinheiro para isso, apesar de se poder considerar as ajudas como importantes nesse momento de renda achatada e desemprego em níveis recordes.
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