O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai passar a oferecer financiamentos com taxa fixa para capital de giro a partir de 24 de abril.
No fim de maio o banco também abrirá a possibilidade de as empresas contratarem empréstimos com taxa fixa na Finame, para bens de capital, e estuda ainda estender o mecanismo para outras linhas de financiamento. A taxa fixa surge como alternativa à Taxa de Longo Prazo (TLP), nova referência para os empréstimos do banco, e valerá para micro, pequenas e médias empresas, com faturamento de até R$ 300 milhões por ano.
BNDES Giro – O financiamento em taxa fixa no BNDES Giro, linha de apoio ao capital de giro, busca atender empresas que não querem ficar expostas a um passivo ligado à inflação. A TLP tem uma parcela pré-fixada e outra variável, vinculada à inflação (IPCA). O empréstimo em taxa fixa também serve a empresas que querem ter o máximo de controle sobre as despesas financeiras futuras. Nas contas do BNDES, a taxa fixa para o BNDES Giro, em operação com prazo de três a cinco anos, vai custar 9,5% ao ano mais o spread do agente financeiro, que é variável dependendo do risco da transação e do perfil do cliente.
Custo – “Essa taxa [9,5% mais spread do agente] é o custo para toda a vida do contrato e o empresário terá confiabilidade que a taxa não vai mudar”, disse Marcelo Porteiro, superintendente da área de operações indiretas do BNDES. Assim, uma das vantagens da taxa fixa para as empresas é a “previsibilidade” sobre o custo da operação, disse Porteiro. O BNDES divulgou carta-circular aos bancos repassadores sobre a sistemática e a precificação da operação com taxa fixa.
Divulgação diária – A precificação dessa taxa será divulgada diariamente, disse Porteiro. Segundo ele, a solução foi bem recebida pelo mercado, inclusive por associações empresariais. “Esse tipo de empresa [micro, pequenas e médias] precisa ter previsibilidade de taxa e de prestações que vai pagar ao longo do tempo do financiamento. Esse é o grande apelo desse produto”, disse Porteiro.
Repasse – Na operação, o BNDES vai oferecer aos seus agentes financeiros um produto em taxa fixa que será repassado ao cliente final com acréscimo de um spread. Porteiro disse que o BNDES está provendo um serviço conhecido pelo mercado como swap. “Pegamos taxa com componente pós-fixado e transformamos em pré-fixado, fazendo um swap de taxas, e permitindo que os bancos captem esses recursos com taxa pré-determinada.”
Decisão – Na avaliação de fontes no mercado, a taxa fixa facilita a decisão do tomador sobre a contratação do empréstimo mesmo que represente um custo um pouco mais caro do que a TLP. Uma fonte estimou que a taxa fixa pode custar entre um e dois pontos percentuais a mais por ano, um custo “razoável” para contratar uma operação pré-fixada. A fonte avaliou ainda que para emprestar em taxa fixa o BNDES não ficará “descasado” entre indexadores de ativos e passivos.
Testes – Carlos Vianna, chefe do departamento de relacionamento institucional da área de operações indiretas do BNDES, disse que testes feitos pelo banco para operações com taxa fixa em prazo de três a cinco anos indicam um custo competitivo vis-à-vis a curva pré-fixada do Depósito Interfinanceiro (DI), título privado de renda fixa que serve para captação de recursos pelos bancos. “No caso de uma operação de três a cinco anos nosso custo de taxa fixa representaria algo como 102% da curva pré do DI. Nos parece uma condição interessante”, disse Vianna.
Pedidos – Porteiro preferiu não estimar qual pode ser o aumento na demanda do BNDES Giro, a linha de capital de giro do banco, com a adoção da taxa fixa nos financiamentos. Mas disse que, em março, os pedidos de financiamento nessa linha chegaram a quase R$ 1 bilhão, sendo mais de 85% feitos por micro, pequenas e médias empresas. Em janeiro e fevereiro, a demanda por capital de giro no banco caiu e o BNDES atribuiu a queda a problemas operacionais relacionados a sistemas de informática com os agentes financeiros depois da entrada em vigor da TLP, em 2018. “Esses problemas operacionais foram superados com os bancos implantando os sistemas, o que nos permitiu recuperar os níveis de demanda”, disse Porteiro.
Queda – Ainda segundo ele, os spreads cobrados por bancos repassadores na linha de capital de giro caíram mais de dois pontos percentuais desde o começo do ano. “Esperamos intensificar isso com o produto de taxa fixa”, acrescentou. Porteiro afirmou ainda que o banco tem estudos preliminares para estender a opção de financiamento com taxa fixa a outras linhas do banco. Ele não deu detalhes, mas uma possibilidade seria oferecer taxa fixa aos Estados na linha de apoio à segurança pública.
Fonte: Portal Paraná Cooperativo