Um pouco diferente do Brasil, a França, país visitado pelo grupo que participou da missão promovida pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-MT), a qualificação da mão de obra é papel das instituições de ensino
Porém, por outro lado, a sucessão familiar que, assim como no Brasil, também é uma preocupação, a solução encontrada pelos franceses foi o incentivo do governo para manter os jovens no campo.
De acordo com o gerente técnico do SENAR-MT, Carlos Augusto Zanata, em função das propriedades serem bem menores que as do Brasil, ou seja, na França há cerca de 500 mil propriedades, que variam entre 80 a 250 hectares, os produtores rurais têm uma relação bem próximas com as instituições de ensino. “Chega ao ponto de se conhecerem pelo nome. Percebemos que o trabalho é mais intenso para o produtor e, que ele só contrata ajudantes para algumas situações. Já quando o assunto é inovação, o produtor rural recorre às instituições de ensino”.
Mas quando se trata de quantidade de mão de obra para executar um trabalho, a solução é a união dos produtores. Este foi outro ponto considerado interessante para os integrantes da missão técnica Brasil – França. Como normalmente o trabalho é feito pelo próprio produtor, eles se reúnem e vão se ajudando em cada atividade. “Assim, em grupo, conseguem ter mão de obra para atender a necessidade de todos”.
Já no caso da Sucessão Familiar, Zanata explica que, assim como no Brasil, existe uma preocupação e o governo francês desenvolve uma política especial para os jovens que pretendem ingressar na atividade. De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Alimentação da França, a idade dos produtores tem aumentado. Cerca de 35% deles têm mais de 55 anos e o número de produtores tem diminuído. Por ano, a cada 20 mil que deixam a atividade, apenas 12 mil ingressam.
Para incentivar o aumento dessa taxa de renovação, a França oferece subsídios especiais aos jovens que pretendem trabalhar na produção de alimentos. Os incentivos podem chegar a 70 mil euros. O plano de investimento tem duração média de quatro anos. Por ano, cinco mil jovens produtores são beneficiados, a média de investimento é de 20 mil euros por produtor.
Para ter direito aos subsídios, o jovem produtor precisa ter curso superior. A ideia dos franceses é que esses novos produtores levem para dentro das propriedades o que aprenderam nas salas de aula, promovendo assim, o desenvolvimento de novas formas de agricultura. Segundo o governo francês, 96% dos jovens que receberam os subsídios permaneceram no campo após 10 anos. A taxa de permanência dos que não receberam é de 85%.
Zanata destaca que mais que as informações, conhecimento e novidade que puderam trazer na bagagem, a missão foi importante para que os mato-grossenses pudessem identificar as diferenças entre a cultura e a forma de produzir dos dois países. “É claro que nem tudo que vimos poderemos aplicar em nossas propriedades. Porém foi muito importante conhecer a história de um povo que viveu uma guerra faz pouco mais de 70 anos. Tudo isso: cultura, costumes e mais uma série de outras coisas influenciam na produção agrícola. O aprendizado foi fantástico”.
Com tantas informações na bagagem, o objetivo da missão técnica Brasil – França que, era o de promover a troca experiências e gerar novos conhecimentos foi cumprido. O grupo que participou desta missão era composto por produtores, lideranças do setor do agronegócio, representantes das três fazendas ganhadoras do Prêmio Sistema Famato em Campo Edição 2016, os vencedores do Prêmio de Mobilização 2015 do Senar-MT, diretores e colaboradores do Sistema Famato.