O laboratório está previsto para começar a funcionar em janeiro e esta é a primeira vez que o Brasil exporta esta tecnologia para o país árabe
Os Emirados Árabes Unidos estão importando um rebanho de 210 cabeças de gado vivo do Brasil e pela primeira vez diversas raças criadas em solo brasileiro estão sendo enviadas para o país, incluindo a nelore, além de 20 amostras de sêmen de 17 raças diferentes. A empresa responsável pelo negócio, a fazenda paulista Agro Betel, também coordena a montagem de um laboratório de genética bovina no emirado de Fujairah.
O laboratório está previsto para começar a funcionar em janeiro e esta é a primeira vez que o Brasil exporta esta tecnologia para o país árabe. Os Emirados possuem este conhecimento científico apenas para camelos.
Funcionários brasileiros já estão acompanhando o primeiro lote de animais, de 91 cabeças, exportado em 04 de novembro via Emirates SkyCargo, divisão de carga da companhia aerea Emirates Airline. O segundo e último lote será embarcado no dia 13.
A equipe ficará no país por cerca de dois meses acompanhando a alimentação e o tratamento durante o período de adaptação do gado, e fazendo a capacitação da mão de obra local. Os animais ficarão em uma fazenda no emirado de Fujairah, em local aberto, com sombreamento, mas temperatura ambiente.
Estão sendo exportadas 12 raças de bovinos de corte, entre elas black brangus, canchim, brahman, red angus, wagyu e nelore, além de 5 raças de leite, como gir, girolando e caracu. Até então, somente a raça gir havia sido exportada aos Emirados, em dezembro de 2016.
Fujairah receberá 170 fêmeas adultas, prenhes ou que já pariram, quatro machos adultos e 36 bezerros. Segundo a fazenda Agro Betel, o projeto do importador (que não foi identificado por razões de sigilo) é de experimentação genética, ou seja, ele pretende avaliar quais raças melhor se adaptam ao clima do país, para, no longo prazo investir em produção local para comercializar carne e leite.
Segundo a empresa, o comprador adquiriu 17 raças criadas no Brasil de diversos estados, inclusive raças europeias criadas no Sul do País. “Nós aconselhamos que não comprasse estas pelo clima, mas ele procurou testar a maior variedade possível”, disse a veterinária responsável, Daniele Araújo da Costa.
O importador favoreceu as fêmeas prenhes ou que pariram recentemente para que os bezerros tenham maior chance de sobrevivência no clima desértico. “Como lá as temperaturas são muito altas, as chances de adaptação do gado nascido no local são maiores”, explica Costa.
A veterinária contou que cada comprador tem um perfil diferente. Neste caso, o cliente priorizou uma grande variedade de raças de boa qualidade e pequena quantidade, para facilitar o experimento genético. Foram mais de 20 criadores do melhor gado de cada variedade, incluindo a fazenda Nelore do Golias, de Araçatuba (SP), que exportou 16 novilhas.
O proprietário da fazenda especializada em nelore, Fábio de Almeida Filho, disse que é a primeira exportação da raça para os Emirados. “O sheik comprou os melhores animais de diversas raças para criar matrizes e doadoras, e será feita a fertilização in vitro nas novilhas que exportamos”, disse Almeida.
A Agro Betel exporta outros animais vivos, como pavões, pombos, ovinos e galinhas para os Emirados desde 2015. Além da sede em Ibitinga, no interior de São Paulo, a empresa tem fazendas no Uruguai e nos Estados Unidos.
Fonte: BeefPoint