A negociante de commodities Bunge disse nesta segunda-feira que fechou acordo com a petroleira britânica BP para a criação de uma companhia de bioenergia no Brasil que irá produzir etanol e açúcar, além de eletricidade renovável com biomassa de cana-de-açúcar.
A joint venture, BP Bunge Bioenergia, na qual cada uma das empresas terá 50%, vai operar de forma autônoma, com um total de 11 usinas nas regiões sudeste, norte e centro-oeste do Brasil, acrescentou a Bunge.
A BP Bunge Bioenergia terá uma capacidade de moagem de 32 milhões de toneladas por ano, com capacidade de produção de 1,5 bilhão de litros de etanol e 1,1 milhão de toneladas de açúcar, em estimativa com base em resultados de 2018.
“Esta parceria com a BP representa um importante marco de otimização de portfólio para a Bunge, o que nos permite reduzir nossa exposição atual ao negócio de açúcar e bioenergia, fortalecer nosso balanço patrimonial e focar em nossas principais oportunidades”, disse o diretor-presidente da Bunge, Gregory Heckman, em comunicado.
“Temos na BP um parceiro forte e comprometido, assim como flexibilidade no médio e longo prazos para monetização futura, com potencial de saída total via oferta pública inicial (IPO) ou outra rota estratégica”, acrescentou ele.
A Bunge disse que vai receber 775 milhões de dólares em dinheiro como parte do acordo, recursos que ela espera usar para reduzir dívidas.
Espera-se que o novo negócio tenha sede em São Paulo, com cerca de 10 mil funcionários, e que o acordo seja fechado no quarto trimestre de 2019.
A joint venture também produzirá energia a partir de bagaço de cana para sustentar suas unidades, vendendo excedentes para a rede elétrica brasileira.
“Os ativos da BP e da Bunge são amplamente complementares, com unidades em cinco estados brasileiros, incluindo três na região-chave de São Paulo. O negócio combinado se tornará o segundo maior player da indústria no Brasil, em capacidade efetiva de moagem”, afirmaram as companhias.
O presidente executivo da BP Alternative Energy, Dev Sanyal, destacou que os biocombustíveis são parte importante da estratégia da petroleira para a transição energética, com o mundo apostando mais em fontes limpas de energia.
“Este importante passo permitirá à BP aumentar significativamente a escala, a eficiência e a flexibilidade de nosso negócio em um dos mercados de biocombustíveis que mais crescem no mundo… unir nossos ativos e experiência possibilitará melhorar o desempenho, desenvolver opções de crescimento e gerar valor real”, afirmou ele, em nota.
As empresas disseram ainda esperar que a joint venture “gere significativas sinergias operacionais e financeiras” para todos os ativos do negócio.
Com o fechamento da operação, a Bunge disse também que não vai mais consolidar suas operações de açúcar e bioenergia no Brasil em seu balanço— a participação na joint venture será contabilizada pelo método de equivalência patrimonial.
Por Luciano Costa – Reuters, com reportagem adicional de Shradha Singh em Bangalore