Arábica ou Conilon? você sabe a diferença entre eles?
Seu aroma flutua no ar, envolvendo os sentidos em uma dança de expectativa. Uma xícara quente, repleta de possibilidades, aguarda para revelar sua riqueza de sabores. O café, uma das bebidas mais apreciadas e universalmente amadas, possui um mundo vasto e diversificado a ser explorado. No entanto, dentre os diversos segredos que a planta do café guarda, dois protagonistas se destacam no palco dos grãos: o elegante Café Arábica e o versátil Café Conilon. E partir de agora você vai conhecer um pouco mais sobre estas variedades e quais as principais diferenças entre eles.
O café Arábica: Elegância em cada gole
Como o nome sugere, o Café Arábica (Coffea Arabica) tem uma aura de sofisticação e refinamento. Originário das montanhas da Etiópia, esse tipo de café é como um vinho de alta qualidade, conhecido por sua complexidade de sabores. Com variedades como Mundo Novo, Catuaí Amarelo e Vermelho, e Bourbon, o Café Arábica é o pai dos cafés finos. Cada gole é uma jornada sensorial, onde notas de doçura e acidez dançam em harmonia.
Esta variedade é a estrela principal em plantações que se estendem pelas Américas do Sul e Central. No Brasil, Minas Gerais assume o papel de protagonista, abrigando a maior colheita desse café nobre. A safra total dos Cafés do Brasil em 2022 totaliza um volume físico equivalente a 50,38 milhões de sacas de 60kg. Desse total, cerca de 32,41 milhões de sacas são da espécie Coffea Arábica, a qual representa em torno de 64% da safra brasileira, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Não é apenas seu sabor que cativa; o valor atribuído ao Café Arábica também brilha. Seu preço aos produtores é geralmente mais alto, uma homenagem à sua complexidade e excelência. Cafés gourmet frequentemente têm suas raízes no Café Arábica, destacando sua importância no cenário global.
A média de produção do café arábica atingiu 22,3 sacas por hectare em 2022, representando um aumento de 2% em relação à safra anterior.
Essas estatísticas sobre a eficiência da produção e a produtividade dos cafés provenientes do Brasil, que são o foco do momento, foram obtidas considerando a alocação atual de 2,24 milhões de hectares para a cafeicultura nacional. Desses, 1,84 milhão de hectares são destinados a todas as lavouras em produção, enquanto os restantes 401 mil hectares são designados para áreas em formação, abrangendo as cinco regiões geográficas do país.
Café Robusta (Conilon): A versatilidade marcante
Do outro lado da moeda, encontramos o Café Robusta (Coffea canephora), conhecido como Café Conilon no Brasil. Originário do Congo e da Guiné, este café tem uma personalidade forte e audaciosa. Se o Arábica é um violinista clássico, o Robusta é um guitarrista de rock com um toque de amargor. Sua bebida pode ser menos refinada, mas possui uma versatilidade que não pode ser ignorada.
Cerca de 25% da produção mundial de café é composta por grãos de Café Robusta. Ele é amplamente utilizado na composição de blends e é uma estrela nos cafés instantâneos. Seus níveis mais elevados de açúcares e cafeína o tornam popular nos mercados internacionais, como os Estados Unidos e a Europa.
Além do seu sabor marcante, o Café Robusta é uma planta resistente e produtiva. Florescendo várias vezes ao longo do ano, é uma opção viável para lavouras que buscam uma colheita mais frequente. O estado do Espírito Santo no Brasil é o epicentro das plantações de Café Conilon, contribuindo significativamente para a produção nacional de café.
No Brasil, o Espírito Santo desponta como o principal produtor de café conilon, sendo responsável por cerca de 70% da produção nacional. Além disso, contribui com até 20% da produção global de café robusta. O cultivo de café conilon desempenha um papel central nas atividades econômicas das propriedades rurais localizadas em regiões de clima quente, representando a principal fonte de renda em aproximadamente 80% delas. Esse setor contribui significativamente para o PIB Agrícola, respondendo por 37% desse indicador.
Os números atuais mostram que no estado são destinados cerca de 283 mil hectares para o cultivo de café conilon. Esse esforço agrícola se distribui por 40 mil propriedades rurais em 63 municípios, beneficiando 78 mil famílias produtoras. O impacto se estende para o mercado de trabalho, gerando cerca de 250 mil empregos diretos e indiretos.
O Espírito Santo se destaca como um modelo tanto no âmbito nacional quanto global quando se trata do desenvolvimento da cafeicultura do conilon. A produtividade média tem atingido expressivos 45,94 sacas por hectare (sc/ha), e alguns produtores com abordagens tecnificadas alcançaram até mesmo colheitas superiores a 180 sc/ha.
Do ponto de vista da produção, o canal No Pé do Café fez uma matéria especial com produtores das duas espécies e você pode ver na prática como isso acontece. Aperte o play!
Na xícara, começa a jornada de sabores
Ao explorar o universo do café, é crucial compreender que a diferença entre Café Arábica e Café Conilon é muito mais do que uma simples questão de sabor. É uma experiência que abrange nuances botânicas, demandas de mercado e histórias que se entrelaçam a cada grão. Ambos os tipos têm um lugar valioso na cultura do café, oferecendo um mundo de opções para aqueles que buscam apreciar uma xícara de excelência.
Então, na próxima vez que você saborear seu café preferido, permita-se viajar além do óbvio. Lembre-se de que, em cada gole, está uma narrativa única de sabor, dedicação e tradição. E assim, a xícara de café se torna mais do que uma bebida – é um portal para um mundo de descobertas sensoriais.
Por Vicente Delgado – Agronews®