O mercado do café arábica na Bolsa de Nova de York (ICE Futures US) fechou a sessão desta sexta-feira (6) com alta de quase 300 pontos após consecutivas baixas durante a semana
As cotações chegaram em mínimas de três meses diante das chuvas no cinturão produtivo do Brasil, maior produtor e exportador da commodity no mundo, o que poderia garantir melhores condições às lavouras.
No acumulado da semana, com os ganhos recentes, as cotações tiveram alta de cerca de 1,50% no vencimento referência.
O contrato dezembro/17 fechou a sessão de hoje cotado a 130,00 cents/lb com alta de 280 pontos, o março/18 registrou 133,60 cents/lb com avanço de 285 pontos. Já o vencimento maio/18 encerrou o dia com 135,95 cents/lb e valorização de 280 pontos e o julho/18, mais distante, subiu 285 pontos, fechando a 138,30 cents/lb. Essa a segunda alta seguida no mercado do arábica.
Gráfico do mercado do café na Bolsa de Nova York nesta 6ª feira – Fonte: Investing
“A semana foi de dois períodos distintos no que se refere as cotações do café arábica na Bolsa de Nova York. Nos três primeiros pregões da semana as cotações acumularam baixa dando sequência ao movimento negativo verificado na semana anterior baseadas nas chuvas no Brasil. Os dois últimos pregões acumularam ganhos, recuperando as perdas da semana”, disse o analista de mercado da Origem Corretora, Anilton Machado.
O mercado aponta que os ajustes vistos no mercado são naturais diante das baixas recentes. As cotações demonstraram força técnica e reagiram depois que o vencimento dezembro/17 ficou abaixo de US$ 1,25 por libra-peso, em mínimas de três meses, com a melhora do clima no Brasil. Para os operadores, as chuvas podem minimizar os prejuízos na próxima safra.
“A chuva desempenha um papel importante na floração dos cafeeiros, o que determina o potencial de produção para a próxima safra 2018/19”, disse o Commerzbank. Em reporte feito nesta sexta à agência de notícias Reuters, a importadora americana Wolthers Douque apontou que a safra de café do Brasil deverá totalizar 59 milhões de sacas de 60 kg entre arábica e robusta.
Já José Donizete Alves, fisiologista e professor da UFLA, destacou ao Notícias Agrícolas que as chuvas são bem-vindas ao cinturão produtor. Entretanto, a resposta da lavoura vai depender do seu estado vegetativo. O professor acredita que é impossível que o Brasil tenha uma supersafra de 60 milhões de sacas. Ele lembra que aquela primeira florada que ocorreu no mês de setembro, que representou cerca de 20%, está praticamente perdida.
Após as chuvas recentes, a previsão do tempo aponta que frentes frias se afastam do Sudeste do Brasil e condições relativamente mais secas devem perdurar no cinturão produtivo pelos próximos 10 dias, segundo dados do MDA Information Services. Os operadores no terminal seguem atentos nessas informações também.
Em entrevista recente à Reuters, durante Conselho Internacional na Costa do Marfim, José Sette, diretor executivo da OIC (Organização Internacional do Café), destacou que cafeicultores ao redor do mundo têm ganhado tão pouco com a produção de café que, muito provavelmente, poderão abandonar suas lavouras colocando em risco o abastecimento futuro em um momento de demanda crescente no mercado.
Mercado interno
Durante toda a semana, poucos negócios foram vistos nas praças de comercialização do Brasil diante dos preços fragilizados com as quedas externas por conta das melhores condições climáticas para as lavouras no Brasil, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP). No entanto, com o avanço de hoje, os preços subiram em algumas localidades. (Veja abaixo)
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com alta de 2,00% e saca a R$ 510,00. A maior oscilação dentre as praças no dia ocorreu em Guaxupé (MG) com alta de 2,06% e saca a R$ 495,00.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca a R$ 470,00 – estável. A maior oscilação dentre as praças de comercialização para o tipo no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com alta de 1,33% e saca a R$ 458,00.
O tipo 6 duro anotou maior valor de negociação em Araguari (MG) com saca a R$ 470,00 e alta de 2,17%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Guaxupé (MG) com avanço de 2,30% e saca cotada a R$ 445,00.
Na quinta-feira (5), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 440,47 e alta de 0,50%.
Fonte: Notícias Agrícolas