A demanda por carne bovina de qualidade no Brasil e no mercado mundial cresce a cada dia.
A possibilidade de atingirmos novos e promissores mercados, principalmente o internacional, depende, fundamentalmente, do empenho de todos os elos da cadeia produtiva para a rápida modernização dos sistemas de produção, eficiência no trato animal e aplicação imediata das tecnologias disponíveis no Brasil e no Exterior, visando à produção de carne que atenda aos padrões de máxima qualidade e segurança alimentar exigidos.
É justamente neste contexto que o mercado da carne de vitelo pode representar uma excelente oportunidade para alavancar os negócios no setor leiteiro nacional. A criação de bovinos para produção de carne de vitela ou vitelo – com abate até 12 meses de idade – passa a contar com normas mais flexíveis a partir deste ano.
De acordo com a Instrução Normativa nº 2, publicada no final de janeiro (21), no Diário Oficial da União, a alimentação desses animais agora pode ser suplementada com grãos, concentrados, suplementos e fibras.
Até então no Brasil, a criação de bezerros machos em propriedades leiteiras é considerada pequena, pois o principal objetivo dos animais é de servirem como reprodutores. No caso de produção para consumo, as normas brasileiras para estes animais serem considerados como vitelo ou vitela, só permitia o uso desta nomenclatura para carne de bezerros alimentados exclusivamente com leite e seus derivados.
Em entrevista ao Portal AGRONEWS BRASIL, o Presidente da Associação Brasileira de Produtores de Leite (ABRALEITE), Geraldo Borges, afirma que esta é uma conquista muito importante para o setor leiteiro. “Para nós, esta demanda coincide com a dos produtores e exportadores brasileiros de vitelos, cuja comercialização é fundamental para viabilizar economicamente os machos leiteiros oriundos de explorações pecuárias e isso será uma ótima solução para aumentarmos a competitividade dos produtos brasileiros“, avalia Geraldo.
Anualmente, as matrizes leiteiras brasileiras produzem cerca de 5 milhões de bezerros machos, conforme dados da Associação. “Enxergamos um grande potencial neste mercado e acredito que este trabalho, que durou cerca de 4 meses, valeu a pena. O apoio que recebemos da Ministra Tereza Cristina e do Secretário de Defesa Agropecuária do MAPA, José Guilherme Leal, foi fundamental para conseguirmos esta alteração nas Normas“, reconhece Geraldo Borges.
Conquistas para o setor
Segundo o presidente da ABRALEITE, com esta mudança na legislação, a cadeia produtiva do leite conseguirá:
1) Viabilizar a atividade de criação de bezerros leiteiros para serem vendidos como vitelos, tanto para o mercado internacional como o mercado interno;
2) Criar novo mercado para os bezerros machos leiteiros – lembrando que são gerados algo em torno de 5 milhões de bezerros anualmente, filhos de matrizes leiteiras no Brasil;
3) Diminuir ataques de grupos veganos e outros radicais que criticam a atividade leiteira, sob a ótica de maus tratos animais;
4) Gerar o hábito de consumo da carne de vitelo para o mercado interno, já que este produto não faz parte da cultura alimentar brasileira;
5) E por fim, gerar mais renda para a cadeia do agro como um todo, para a indústria de insumos e carnes (cortes especiais) e para a balança comercial brasileira, que terá um novo produto para exportação, trazendo mais divisas para o país.
Por Vicente Delgado – AGRONEWS BRASIL