O que era para apoiar e promover o turismo rural no país, acabou por excluir Mato Grosso, expoente celeiro agrícola e de riquezas naturais, assim como os demais estados e o Distrito Federal, que compõem a região central brasileira.
A lista dos oito roteiros pré-selecionados para participarem do projeto “Experiências do Brasil Rural”, iniciativa que é resultado da parceria entre os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Turismo (MTur), junto à Universidade Federal Fluminense (UFF). Ao todo, participaram da primeira fase do processo seletivo 52 propostas que contemplavam as quatro cadeias produtivas priorizadas para o projeto: queijo, vinho, cerveja e frutos da Amazônia.
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Para o agente técnico da EMPAER de Mato Grosso, Geraldo Donizeti Lucio, que é especialista em Turismo Rural, o edital de seleção do MAPA, automaticamente eliminou nosso estado, por não ter um roteiro formatado com as características propostas, que são muito presentes nas regiões sul e sudeste do país. “ Dos 27 estados, apenas 52 experiências foram apresentadas em todo o país”, afirmou Geraldo.
As cadeias produtivas do vinho, queijo, cerveja e frutos da Amazônia foram escolhidas pelo MTur e pelo MAPA a partir de políticas públicas e priorizações dos dois ministérios, cujo objetivo é promover o fortalecimento da agricultura familiar no turismo por meio do incentivo à promoção e comercialização de produtos e serviços da agricultura familiar no turismo. Além disso, foram critérios para definição das cadeias produtivas, o potencial de desenvolvimento de atividades de turismo relacionadas a elas; sua distribuição territorial – visando abranger uma maior diversidade de regiões com o projeto – bem como, buscou-se priorizar o apoio a cadeias sensíveis, que são as mais sujeitas à concorrência com produtos internacionais no mercado interno.
O projeto “Experiências do Brasil Rural” integra uma série de medidas realizadas pelo governo federal para fomentar o turismo rural, segmento considerado crucial na retomada das atividades turísticas no contexto pós-pandemia.
Para empresário do setor hoteleiro, Leopoldo Nigro, que integra o Trate Turístico de Mato Grosso, as queimadas no pantanal e a pandemia foram os dois super vilões que detonou a estrutura financeira dos equipamentos turísticos na região da maior planície alagada do mundo. “Juntos (fogo e pandemia) desmontaram as equipes que estavam treinadas, hoje os profissionais do turismo estão em outros segmentos econômicos, por que muitos hotéis e pousadas fecharam e houveram muitas demissões”, disse Nigro. Ele ressaltou ainda que no atual governo estadual está tendo um movimento diferente em relação a melhoria da infraestrutura que sinaliza positivamente para turismo.
Caso Mato Grosso tivesse sido contemplado pelo “Experiências do Brasil Rural”, com certeza representaria para o setor turístico uma ajuda a estabilizar a economia local e cria negócios e empregos diretos e indiretos. “Infelizmente, o edital precisava ser mais abrangência, faltou contemplar outras cadeias produtivas do agronegócio”, ressaltou Geraldo, que citou os municípios que já tem um roteiro definido para o turismo rural, por exemplo, Rondonópolis, Cáceres, Campos, Nova Mutum, Barão de Melgaço e Mirassol d’Oeste. ”Nós temos aqui também no pantanal um tipo de turismo rural bem diferente da região sul e sudeste”. Dessas cidades mato-grossenses, ele destacou Nova Mutum e Campo Verdes, que já definiram um roteiro de turismo rural tecnológico. “
Quando questionado sobre a diferença dos dois roteiros estruturados (turismo rural e o turismo agrotecnológico), a turismóloga Leidiane Viegas definiu o que o turismo rural está diretamente ligado a agricultura familiar, afazeres do campo, nele o visitante busca o contato direto com a natureza, a rotina no campo, culturas locais, e valoriza-se a hospedagem domiciliar em um ambiente totalmente rural, com destaque para a experiência a ser vivida no local. Já o turismo agrotecnológico está diretamente ligado ao conjunto de atividades turísticas decorrentes de visitas técnicas e encontros de interesse profissional, institucional, comercial, técnico, científico e social relacionados à cadeia de valor e à tecnologia do agronegócio.
Leidiane Viegas, que atualmente é presidente da Associação Turística do Portal do Agronegócio, que abrangendo 10 municípios (Sinop, Nova Mutum, Lucas do rio Verde, Sorriso, Nova Ubiratã, Tapurah, Cláudia, Santa Carmem, Novo Horizonte do Norte e Porto dos Gaúchos), destacou que esses municípios, juntos, somam quase 63 mil quilômetros quadrados, o equivalente a 7% do estado de Mato Grosso. E que o PIB dos municípios que compõem o Portal do Agronegócio tem um índice de crescimento de 44% a mais que o estadual e, 145% maior que o nacional. Além do destaque no setor do agro, os municípios que são destinos principais, possuem infraestrutura de serviços, aeroportos, hotéis, restaurantes, agências de viagens, locadoras de veículos, entre outros. Já os municípios que são destinos secundários, possuem bom acesso, além de atrativos nas mais variadas áreas.
Leidiane destacou ainda que no Portal do Agronegócio existem inúmeros atrativos turísticos, tanto naturais, quanto de negócios, com propriedades rurais com grande infraestrutura para receber visitantes. “Atualmente quem mais visita esse tipo de atrativo são possíveis investidores, empresários que já estão ou desejam ingressar na atividade econômica da qual o atrativo faz parte”, acrescentou Viegas.
Conforme a listagem, foram selecionados oito roteiros turísticos localizados prioritariamente entre os 158 municípios componentes das 30 rotas prioritárias do Investe Turismo, sendo contempladas quatro macrorregiões brasileiras. Na região Norte, a rota “Amazônia Atlântica”, situada nas cidades de Bragança, Curuçá e Augusto Corrêa, no Pará, aposta na disponibilização de experiências na pesca e na degustação de queijos artesanais, farinhas de mandioca e frutas orgânicas. Já na região Nordeste, o roteiro “Terra Mãe do Brasil”, oferta aos turistas de Porto Seguro (BA) a experiência em meio à natureza e o desfrute de novos sabores.
Na região Sudeste, o destaque foi para a cadeia produtiva do queijo, que está representada nas rotas “Agroturismo” (ES), “Rota do Queijo – Terroir Vertentes” (MG) e “Rota Gourmet das Terras Altas da Mantiqueira’ (MG). Já na região Sul, a cadeia produtiva do vinho está evidenciada nos roteiros “Ferradura dos Vinhedos” (RS), “Caminhos do Campo” (SC) e “Farroupilha Colonial” (RS).
Por Márcio Moreira – AGRONEWS