A China é o principal importador dos produtos mato-grossenses. De janeiro a maio deste ano, por exemplo, foram exportados ao país asiático US$ 3,112 bilhões em mercadorias, abocanhando 48% do volume exportado pelo Estado (US$ 6,478 bilhões), colocando a nação na 1ª posição no ranking dos principais importadores do estado pantaneiro
Em relação ao mesmo período de 2016, que somou US$ 2,552 bilhões, os negócios com o mercado chinês subiram 22%. E a relação tende a crescer cada vez mais, pelo menos, no que depender dos governos brasileiro e estadual, e dos empresários do setor agropecuário local.
Em missão àquele país, na última sexta-feira (16) o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, discursou durante o 7º Encontro de Ministros da Agricultura do grupo dos BRICS (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Ele propôs que o Plano de Ação 2017-2020 do bloco estabeleça um grupo de trabalho para o monitorar e apresentar propostas que ampliem o fluxo de comércio e de investimento agropecuário e agroindustrial.
Durante o evento, defendeu ainda a facilitação e abertura das fronteiras ao comércio entre os países do bloco. “Produtos básicos como soja, milho, café verde, celulose e algodão circulam com facilidade no mundo e nos países do BRICS. Porém, os mais processados como óleo de soja, açúcar, etanol, carnes, laticínios, papel e café solúvel enfrentam maiores barreiras”, disse Maggi.
Para os produtores de Mato Grosso, a tentativa de ampliação das relações comerciais com o maior país do mundo é positiva. Entre os produtos exportados ao país, a soja representa o maior volume. A commodity corresponde a 96% do total exportado de janeiro a maio, com US$ 3,012 bilhões. Em relação a 2016, quando a exportação de soja à China foi de US$ 2,459 bilhões, o crescimento é de 23%. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).
De acordo com o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Elso Vicente Pozzobon, este crescimento foi influenciado por um conjunto de fatores, como o câmbio e a safra recorde. “O dólar está mais acessível para a exportação chinesa, o que incentiva a importação daquele país. O aumento na produção de soja este ano também favorece. A China dá preferência à soja do Brasil e de Mato Grosso pela qualidade do nosso grão, que é superior a de muitos países, como a dos Estados Unidos”.
Segundo ele, no ano passado o Estado exportou cerca de 16 milhões de toneladas de soja para a China, que é o principal importador do grão produzido em Mato Grosso. “Precisamos colocar o nosso produto no mercado chinês e é muito bom que o ministro esteja fazendo esta abertura para o agronegócio”, avalia Pozzobon
Outros produtos
Entre os produtos exportados pelo Estado ao mercado chinês, a 2ª maior fatia é a carne bovina. De janeiro a maio de 2017, Mato Grosso exportou US$ 53,402 milhões do produto. Mesmo com a operação Carne Fraca, a relação não foi enfraquecida, pois em comparação com 2016, a venda do produto avançou 81%, já que no ano passado foram US$ 29,449 milhões negociados com carne bovina no mesmo período.
Apesar da evolução no volume embarcado, apenas uma empresa de Mato Grosso exporta ao país, segundo Paulo Bellincanta, vice-presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo/MT). “Hoje somente a JBS de Barra do Garças exporta para o mercado chinês”, informa.
O setor almeja maior abertura ao mercado de carnes mato-grossense, após a visita do ministro ao país. “Esperamos que a visita do Blairo Maggi consiga liberar a habilitação de mais plantas frigoríficas do Estado para exportação à China. Hoje comercializamos muito com Hong Kong, e muito desse produto acaba indo para a China, mas não temos comercialização direta com o país”.
Além de soja e carne bovina, Mato Grosso também exporta óleo e farelo de soja, algodão, couro, madeira, glicerol e outros minérios de manganês aos chineses, embora em menor volume. Segundo Maggi, restrições ao comércio exterior, na forma de tarifas, subsídios e barreiras não tarifárias dificultam a comercialização de produtos entre as nações.
Em paralelo à reunião dos BRICS, Maggi se reuniu com parceiros dos países do bloco. Com o ministro da Agricultura da China, Han Changfu, Blairo Maggi reconheceu que o país é grande parceiro comercial, o que tem permitido atrair cada vez mais empresas chinesas a investirem no Brasil nas áreas de agricultura, energia elétrica, distribuição de energia e infraestrutura. E disse haver interesse em estimular cada vez mais a parceria. “O Brasil é um país seguro, é um país que respeita os contratos, que respeita aquilo que foi combinado. É um país onde, cada vez mais, a China e os chineses podem fazer investimentos, que não terão problema nenhum”, observou.
Balança comercial
Mato Grosso tem saldo positivo na relação comercial com a China. Nos primeiros 5 meses do ano exportou US$ 3,112 bilhões e importou somente US$ 35,274 milhões, o que gerou um superavit de US$ 3,077 bilhões no período.
Fonte: Acrimat