Negócio da China na Paraíba: Projetos copiados, controvérsias nas informações e suspeitas de fraude, deixam suposto investimento Chinês no plano das dúvidas. Mas quem é o investidor? E por que escolheram essa pequena cidade? Como será esse mega projeto? Entenda tudo isso
No cenário aparentemente tranquilo da pequena cidade de Mataraca, no norte da Paraíba, a promessa de um mega investimento chinês, de R$ 9 trilhões de reais, para a construção de um porto de águas profundas e uma cidade grandiosa, ao estilo Dubai, parecia ser o impulso necessário para transformar a realidade local. Contudo, o entusiasmo logo deu lugar a questionamentos e incertezas, com suspeitas de fraude e muita informações desencontradas.
O Projeto grandioso da China e as controvérsias iniciais
Em uma cerimônia realizada em 11 de dezembro, com a presença de autoridades locais, representantes do governo federal e empresários chineses, um protocolo de intenções foi assinado para a construção do ambicioso empreendimento. A proposta envolvia a construção de um porto em três anos, seguido pela edificação de uma cidade para até 3 milhões de habitantes em cinco anos, com um investimento estimado em R$ 9 trilhões de reais.
A empresa responsável, Brasil CRT Construção de Nova Cidade Ltda., liderada pelos chineses Jianing Chen e seu filho Ruotian Chen, tem um capital social declarado de R$ 800 bilhões, quatro vezes superior ao da Petrobras, maior empresa do Brasil. Entretanto, a empresa não possuía site, telefone ou experiência prévia comprovada, levantando dúvidas sobre sua capacidade para realizar um empreendimento de tal magnitude.
Abaixo você pode conferir um vídeo publicado pelo canal Urbana, que mostra exatamente a grandiosidade deste projeto. Aperte o play e confira!
Projetos copiados e suspeitas de fraude
Conforme matéria publicada pela Folha nesta segunda-feira(25), o otimismo inicial rapidamente se dissipou quando foi revelado que o vídeo apresentado na cerimônia era, na verdade, um projeto de um escritório dinamarquês para um distrito futurista em Shenzhen, na China. A explicação dada pelos empresários chineses foi de que o primeiro vídeo foi acidentalmente deixado em um hotel, e o segundo, de origem dinamarquesa, foi exibido na cerimônia.
Diante das suspeitas de fraude, o consulado da China no Recife afirmou desconhecer a empresa e ter “motivo para acreditar que é uma fraude“. O vice-cônsul da China no Recife, He Yongwei, declarou que não possuía informações sobre a empresa nem sobre o projeto.
Investigações e mudanças de planos
Diante da repercussão negativa e das dúvidas levantadas, a promotora de Justiça de Mamanguape instaurou um “procedimento extrajudicial” para investigar o caso. O governador da Paraíba, João Azevêdo, desmarcou uma reunião que teria com o grupo após a cerimônia, e representantes do governo estadual afirmaram que o governo não teve contato direto com os empresários.
Os representantes chineses, ao serem questionados, afirmaram que cancelariam o empreendimento em Mataraca e que investiriam em outro estado brasileiro. Jianing Chen declarou que notificaram a Brasil CRT sobre o cancelamento e que realizariam outro projeto de investimento em uma nova localidade.
Futuro incerto de investimentos estrangeiros
O caso de Mataraca serve como um alerta sobre a importância da devida diligência e verificação ao lidar com propostas de investimento estrangeiro, especialmente aquelas que envolvem somas significativas e promessas grandiosas. A falta de transparência e a apresentação de projetos copiados levantam questões sobre a seriedade dos envolvidos e a necessidade de regulamentações mais rigorosas para evitar situações semelhantes no futuro.
O futuro da região de Mataraca permanece incerto, mas a experiência destaca a importância de abordagens cautelosas e análises criteriosas ao lidar com investimentos que impactam comunidades locais e economias regionais. Enquanto o episódio de Mataraca chega ao fim, a necessidade de vigilância e responsabilidade na promoção de desenvolvimentos econômicos sustentáveis permanece mais evidente do que nunca.
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