Em meio ao avanço da colheita da segunda safra, os preços praticados no mercado interno brasileiro já recuaram ao longo dessa semana. De acordo com o levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, em São Gabriel do Oeste (MS), a saca do cereal recuou 16,67% e encerrou a sexta-feira (10) cotada a R$ 40,00. Na região de Itapetininga (SP), a queda ficou em 7,85%, com a saca a R$ 45,91. Em Sorriso (MT), a desvalorização ficou em 1,67% e a saca caiu para R$ 29,50 a saca.
Em Jataí (GO), o recuo ficou em 4,76% e a saca finalizou a semana em R$ 40,00. Em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas em Mato Grosso, a queda foi de 3,23%, com a saca do grão a R$ 30,00. No Porto de Paranaguá, a semana também foi negativa, já o preço da saca para entrega setembro/16 caiu 1,30% e encerrou a sexta-feira a R$ 38,00.
“O avanço da colheita já está pressionando os preços no mercado brasileiro. E as geadas registradas no Paraná irão secar mais rápido as plantas, com isso, iremos ter um aumento na pressão de oferta. E as perdas em relação ao evento climático foram pontuais, entre 2% até 4%. Até o começo de julho, acreditamos que cerca de 25 milhões de toneladas sejam colhidas”, explica o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
No maior estado produtor do grão na safrinha, o Mato Grosso, a colheita já está completa em 2,81% da área cultivada, conforme informações divulgadas pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). Porém, em algumas localidades, como a região de Ipiranga do Norte (MT), a colheita já chegou a 20%, segundo destaca o presidente do Sindicato Rural do município, Valcir Batista Gheno.
No caso do Paraná, a colheita já chegou a 3%, segundo levantamento realizado e publicado essa semana pelo Deral (Departamento de Economia Rural). Para essa safra, a perspectiva é que sejam colhidas 49,9 milhões de toneladas, conforme reporte da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Em seu último relatório, a entidade estimou a safrinha em 52,9 milhões de toneladas.
Ainda essa semana, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, reportou que o Governo vai autorizar a venda de 500 mil toneladas de milho. A resolução do Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos (Ciep) foi acertada em sua última reunião. “Esse milho não precisaria ser vendido nesse momento. Isso acaba atrapalhando o mercado, mesmo que sejam pequenos lotes ajuda a pressionar ainda mais esse mercado”, destaca Brandalizze.
E os estoques públicos do cereal continuam baixos e totalizam 895.515 mil toneladas atualmente, segundo dados disponíveis no site da Conab. Já em relação às exportações, a expectativa é que haja uma redução nos embarques brasileiros. Recentemente, a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) estimou as exportações de milho em 2016 ao redor de 23 milhões de toneladas. Anteriormente, a projeção era de 30 milhões de toneladas.
Dólar
A moeda norte-americana fechou a sessão desta sexta-feira (10) em campo positivo. O câmbio subiu 0,81% e encerrou o dia a R$ 3,4310 na venda. Segundo dados da agência Reuters, a moeda deu continuidade ao movimento positivo do pregão anterior frente ao ambiente externo desfavorável e a cautela com o cenário político e econômico no Brasil.
Bolsa de Chicago
Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram o pregão desta sexta-feira (10) do lado negativo da tabela. As principais posições da commodity exibiram quedas entre 2,50 e 3,50 pontos. O contrato julho/16 era cotado a US$ 4,23 por bushel, enquanto o dezembro/16 era negociado a US$ 4,30 por bushel. Apesar da ligeira queda de hoje, as cotações do cereal subiram por mais uma semana seguida e acumularam valorizações entre 1,14% e 2,62%.
A grande novidade dessa semana foi o boletim de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportado nesta sexta-feira (10). O órgão manteve a projeção para a safra dos EUA em 366,54 milhões de toneladas, assim como a produtividade das lavouras da safra 2016/17, em 177,8 sacas por hectare. Já os estoques finais foram revisados para baixo e, recuaram de 54,69 milhões para 51 milhões de toneladas. Já as exportações subiram de 48,26 milhões para 49,53 milhões de toneladas.
Para a safra do Brasil, a estimativa também foi mantida em 82 milhões de toneladas. Em contrapartida, os estoques finais subiram de 5,54 milhões para 6,54 milhões de toneladas. As exportações caíram de 24 milhões para 23 milhões de toneladas de milho.
“Nesse momento, temos dois focos no mercado internacional. O primeiro são as exportações norte-americanas, estamos mantendo uma média próxima de 1,5 milhão de toneladas por semana. E, em segundo, o comportamento do clima nos Estados Unidos. Dois atores que deverão nortear o andamento dos preços nas próximas semanas”, afirma Brandalizze.
Em relação ao clima, já há especulações a respeito das previsões mais longas indicar uma redução nas chuvas e aumento das temperaturas no Corn Belt. “E isso não é tão favorável para o desenvolvimento das lavouras de milho. É preciso destacar que em julho, grande parte das lavouras estará em estágio de floração e temperaturas acima dos 35ºC podem prejudicar o desenvolvimento das plantas”, ressalta o consultor de mercado.
Por enquanto, 74% das lavouras ainda apresentam boas condições, conforme dados do USDA. 21% estão em situação regular e apenas 4% em estado ruim ou muito ruim. Os números serão atualizados na próxima segunda-feira (13), em seu novo boletim de acompanhamento de safras. Paralelamente, o mercado também tem acompanhado o comportamento dos preços do petróleo e do dólar no cenário internacional.