Produtividade das lavouras tem animado produtores da região do Médio-norte de Mato Grosso.
A perspectiva é positiva para Sorriso, maior município produtor de soja de Mato Grosso, segundo o presidente do Sindicato Rural local, Luimar Luiz Gemi, que concedeu entrevista ao Broadcast Agro (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), que participa da Equipe 1 do Rally da Safra 2017, na sede do sindicato. Foram semeados de 600 mil a 620 mil hectares de soja e a colheita já atingiu 25% na região de Sorriso, segundo estimativa do sindicato.
“A safra está prometendo. O preço deu uma oportunidade boa, então está todo mundo animado”, apontou o presidente. “Se nós voltarmos ao nível de 55 sacas por hectare, que era a média do município, isso será uma supersafra”. A preocupação, contudo, ainda é de chuva na colheita. “O problema nosso sempre foi chuva. Vai ter de 10 a 15 dias de chuva, agora quando? Não sei dizer”, ponderou.
O presidente do sindicato ressaltou que não houve diminuição no uso de tecnologia, apesar das quebras do ciclo passado, em que o produtor local registrou perdas em soja, milho e feijão na região. Ele lembrou que houve renegociação com bancos e tradings e foi possível semear uma boa safra em 2016/2017. “A condição de um hectare ficar mais barato é produzir mais, não investir menos. A máquina que passa colhendo e o produto que passa no dosador é o mesmo se você produzir 65 sacas e não 60 sacas por hectare.”
Além da chuva, a preocupação agora é com as paralisações que vêm sendo promovidas por caminhoneiros nas estradas da região, sendo que a mais próxima de Sorriso é Nova Mutum. “Estamos negociando nos pontos de paralisação a liberação de diesel, adubo e semente de milho”, concluiu o vice-presidente do sindicato, Tiago Stefanello.
Produtores animados
Produtores da região entre Sinop e Sorriso, no Médio-Norte de Mato Grosso, estão animados com a safra de soja 2016/2017 que está sendo colhida. A expectativa é de uma recuperação da produtividade, o que permitirá quitar parte das despesas referentes às quebras de safra do ciclo passado. A soja precoce, que está sendo retirada das lavouras, tem tido produtividade acima do ano passado na região, segundo o que observou a Equipe 2 do Rally da Safra 2017, que o Broadcast Agro (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) acompanha.
O produtor Leonildo Bares, de Sinop, plantou 800 hectares de soja e começou a colher a produção no dia 10 de janeiro. Já retirou das lavouras de 12% a 15% da safra. Ele projeta que deve fechar janeiro com grande volume de soja já colhido, entre 60% e 65% da produção esperada para este ano. Espera, ainda, fechar uma média de 56 sacas a 58 sacas de 60 kg por hectare em 2016/2017, ante 52 sacas por hectare no ciclo passado. Em área que estava sendo colhida na terça-feira, durante a visita do Broadcast Agro, o produtor obteve em torno de 54 sacas por hectare.
Bares ressaltou que o clima ajudou, mas que mesmo neste ano houve talhões melhores do que outros e que é preciso estar atento à meteorologia. “Esperamos um ano um pouco melhor do que foi o ano passado por questões climáticas”, afirmou. Mesmo assim, no início do desenvolvimento, houve um período de seca parcial. “Houve algumas regiões onde choveu mais e outras onde choveu menos”, apontou Bares. “Onde a chuva caiu na hora certa, o resultado foi diferenciado, por isso, nós temos uma mescla de colheita. Um lugar um pouco mais, outro lugar um pouco menos, porque foi aquela chuva que fez a diferença no talhão.”
Bares relatou que já negociou 45% da safra, com vendas progressivas, aproveitando oportunidades. “Sempre faço a venda programada, então nós fizemos uma venda de mais ou menos uns 20% quando a soja estava na casa dos R$ 70/saca, aí fizemos uma venda de mais 20% na casa dos R$ 63 a R$ 65 a saca, e eu vendi agora mais 5% a R$ 60/saca. O restante a gente guarda, esperando para ver como vai funcionar para frente. Ele vê uma boa rentabilidade por causa do câmbio, que permitiu preços remuneradores ao longo da comercialização antecipada, mas ponderou que o resultado total depende de um dólar acima de R$ 3.
“Eu espero um resultado bom, porque o câmbio está favorável”, assinalou. “Com o câmbio acima de R$ 3, nós estamos trabalhando com um preço de médio a bom, não estou falando excelente, então aí é mais uma administração interna do produtor e uma boa gestão empresarial.” Para Bares, 33% do resultado da lavoura está na compra de insumos, 33% na produtividade e 33% no resultado da venda. “Se eu errar em um dos três, a minha margem de lucro vai por água abaixo.”
O supervisor da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) em Sinop, Juliano Manhaguanha, que acompanha o trecho 1 do Rally da Safra, destacou que a perspectiva é favorável para a safra 2016/2017 da região, mas que produtores ainda temem o efeito das chuvas esperadas para o período de colheita.
“As lavouras estão em boas condições, então a expectativa de produtividade é boa, porém, o produtor está um pouco com receio com relação ao clima que vai ocorrer agora neste fim de janeiro e início de fevereiro, em virtude de que vai concentrar bastante volume de colheita”, afirmou.”A preocupação maior é com chuva”, ressaltou Manhaguanha, lembrando que historicamente os problemas de safra no Médio-Norte e Norte de Mato Grosso estiveram mais relacionados com chuvas entre o fim de janeiro e início de fevereiro do que com déficit de umidade, que foi o que ocorreu no ciclo passado.
A expectativa de produtores, contudo, é de que a produtividade supere a do ano passado para que a região possa se recuperar das perdas causadas pelo inesperado déficit hídrico da temporada 2015/16. “Todo mundo tem a expectativa de começar a se regularizar, porque a quebra de safra do ano passado é uma quebra que se leva dois, três, em alguns casos quatro anos para o produtor se reorganizar. A expectativa é de que ele consiga começar com os números desta safra resolver os furos da safra passada.”
Rally
No primeiro dia de visitas às lavouras, a equipe com a participação do Broadcast Agro fez medições em plantações entre Sinop e Sorriso, cuja produtividade foi estimada entre 50 sacas e 65 sacas por hectares. Com os demais carros que compõem o Rally, foram percorridas lavouras de municípios de Santa Carne, Cláudia, Vera, Feliz Natal, Ipiranga do Norte, Sorriso e Sinop.
Nesta quarta-feira, a expedição de safra desloca-se de Sorriso para Nova Mutum. Segundo o sócio-analista da Agroconsult, Fabio Meneghin, as produtividades do primeiro dia foram consideradas positivas. Apenas duas lavouras pela manhã tiveram medições abaixo de 60 sacas por hectare. As outras ficaram entre 60 sacas e 65 sacas por hectare, até beirando as 70 sacas por hectare, conforme o analista. “São números muito bons, principalmente se comparar com o ano passado, são números 25% a 30% maiores do que estava no ano passado.”
Por: Estadão contúdo