Fazenda Lagoa Dourada, em Poconé, MT, foi campeã estadual do Desafio de Máxima Produtividade CESB.
Foco nos detalhes e capricho no manejo. Esses foram os diferenciais da Fazenda Lagoa Dourada, em Poconé, MT, para ser a campeã estadual do Desafio de Máxima Produtividade CESB na safra 2017/2018. Nos três hectares do concurso, o rendimento foi de 100,41 sacas de soja por hectare. A média dos 1500 hectares cultivados na propriedade ficou em 82 sc/ha. “Tivemos adubação diferenciada, mas acho que o principal são os cuidados que temos desde o plantio e manejo da braquiária até a colheita da da soja. Um plantio bem feito, com semente de qualidade, e cuidados bem conduzidos durante a safra é fundamental”, diz o proprietário Raul Santos Costa Neto.
Costa Neto e o sócio Cristóvão Afonso da Silva arrendaram a fazenda quatro anos atrás. Veterinários, sempre trabalharam com pecuária, mas mudanças no trabalho fizeram com que procurassem alternativas. “A propriedade era de pecuária e as pastagens estavam degradadas, então resolvemos recuperar os pastos com agricultura. Como sempre mexemos com gado, no começo a ideia era fazer isso como principal atividade e a soja em segundo plano. Mas tudo se inverteu”, conta o produtor.
Como a região não é tradicional em grãos, muito tem sido descoberto na base de testes, diz o produtor, que conta com assistência técnica da Agro Amazônia. “A braquiária, por exemplo, plantamos para fazer pasto, mas aprendemos que ela é fundamental para a soja na região. Começamos a perceber que, em áreas sem capim, tínhamos muitas mortes de plantas novas por tombamento em função do calor. A palhada é fundamental nos primeiros dias para fazer uma cobertura, um sombreamento, e para suportar veranicos no começo do plantio, o que é comum na baixada cuiabana”, explica Costa Neto.
Outra descoberta “ao acaso” foi em relação à população de plantas. “É muito diferente do que se faz no Médio Norte de Mato Grosso, por exemplo. Temos que trabalhar com quase metade da população, porque a soja vegeta muito, cresce demais”. O produtor cobra mais estudos acadêmicos sobre o cultivo de grãos na região. “Só tenho uma pesquisa na fazenda hoje, que é sobre desenvolvimento socioeconômico quando a soja entra em uma região”.
Segundo Costa Neto, como as condições climáticas na região não favorecem o plantio de milho safrinha, a aposta foi no “boi safrinha”, com plantio de braquiária e colocação dos animais no pasto – a categoria depende da situação do mercado – por 90 a 100 dias. “A chuva começa mais tarde, então iniciamos o plantio da soja em novembro e colhemos em março, quando já quase não tem mais chuva. Alguns produtores da região tentaram fazer milho safrinha e não conseguiram boa produtividade. Há um risco grande em função da restrição hídrica”.
Desafio
Costa Neto afirma que decidiu participar do desafio para ver se a região tinha potencial de alta produtividade e mostrar para os colaboradores e vizinhos que é possível. “No fim, conseguimos produzir mais em cima de menos área, o que é um desafio para o mundo hoje”.
Nos 110 hectares cultivados para o desafio, foi feita adubação diferenciada – com cerca de o dobro de fósforo e potássio do que o aplicado no resto da fazenda -, o que foi responsável por boa parte do custo adicional de 40% em relação ao resto da área. Para Costa Neto, porém, não foi a adubação a única responsável pelo bom desempenho. “Não é só correção, aplicar produto a mais, que vai fazer toda a diferença. Prova disso é a própria área do desafio. Fizemos tratamento igual em 110 hectares e colhemos uma média de 88 sc/ha. Mas por que nos três hectares escolhidos para o CESB conseguimos 100,41 sc/ha e não em todo esse talhão? Faltou mais um tanto de capricho, cuidados no plantio, na colheita. São pontos da parte humana que conseguem alavancar bem a produtividade”, afirma o produtor.
Ele conta que na fazenda os quatro funcionários abraçaram essa atenção aos detalhes em todos os processos da produção, do plantio da braquiária à colheita da soja. A semeadura, por exemplo, é feita em baixa velocidade, a 4 km/h em todos os 1500 hectares. “Uma carreira de plantas que faltou, quando chega no final da conta você está perdendo 30% da produtividade. Então tentamos buscar a perfeição no plantio, usando uma semente boa, com germinação acima de 90%. E o resto é consequência”.
Fonte: Portal DBO.