Embora viesse operando em visível desequilíbrio de mercado desde novembro – oferta superior a uma demanda cada vez mais restrita – o frango vivo manteve até o final da primeira quinzena de dezembro a cotação de R$4,60/kg, valor alcançado pela primeira vez em 11 de novembro e que – representando recorde histórico do setor – permaneceu inalterado por sete semanas consecutivas.
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O recuo, inevitável (frente às fortes quedas do frango abatido), ocorreu na semana anterior à de Natal. Então, em apenas três dias de negócios, o frango vivo perdeu 6,5% do seu preço, que caiu para R$4,30/kg, mantendo-se inalterado nas duas últimas semanas de 2020. Daí a média mensal – R$4,46/kg – ter recuado 2,30% em relação ao mês anterior.
Superado apenas pela cotação de novembro, esse foi o segundo melhor desempenho do frango vivo em 2020. Correspondeu a uma valorização de quase 40% sobre dezembro de 2019, mas o mais importante foi o ganho superior a 50% em relação aos valores registrados no mês de abril, ocasião em que – devido à semi-paralisação do mercado em decorrência das medidas de isolamento impostas na tentativa de evitar a disseminação da Covid-19 – enfrentou agudo retrocesso de preços. Nos sete meses seguintes, a ave viva viu sua cotação sair de um dos piores resultados da década para o melhor desempenho de todos os tempos.
Mesmo assim não foi suficiente para o setor. Pois, por força das perdas acumuladas durante todo o primeiro semestre, o preço médio do ano – R$3,68/kg – evoluiu apenas 12,81% em relação a 2019, ficando praticamente na metade da evolução do custo de produção que, na média de 2020, aumentou entre 25% e 30%.
Como mostra o gráfico abaixo, à direita, em 2020 o frango vivo obteve o melhor resultado financeiro da década passada. Porém, em valores reais (isto é, deflacionados pelo IPCA do IBGE) o ganho não chega a ser tão significativo, pois apenas 3,6% superior ao registrado sete anos antes, em 2013.
Aliás, até mesmo esse “ganho” deveria vir entre aspas, porque apenas aparente. É que, nesse espaço de tempo, o custo de produção (dados da Embrapa Suínos e Aves) registrou variação – em valores reais, deflacionados – superior a 25%.
O curioso, neste caso, é que essa variação se concentrou quase totalmente em 2020, porquanto na média dos seis anos anteriores os aumentos de custo giraram em torno dos 2% anuais.
Por Avisite
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