Quem vê uma semente de soja, de meio centímetro de diâmetro, não imagina o tanto de história que ela carrega nem o tamanho de seu potencial produtivo e econômico, veja a seguir o que o AGRONEWS® separou para você leitor.
Descoberta há cerca de 5 mil anos, essa oleaginosa saiu do Oriente para a Europa e só chegou ao Brasil no fim do século XIX. Hoje, a soja, é a planta mais cultivada no País segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
1 – A soja é o principal produto de exportação
A soja é o principal produto da pauta de exportação brasileira. Nos últimos anos, a produção de soja se multiplicou mais de 04 (quatro) vezes, saindo de 26 milhões de toneladas para as 120 milhões de toneladas da última safra, transformando o país se tornar no maior exportador mundial do grão. Mato Grosso, um dos maiores exportadores de bens primários, tem no agronegócio 51% da arrecadação de ICMS e 50% do seu PIB.
As exportações da oleaginosa nos 7 primeiros meses do ano de 2023 foi recorde, com aproximadamente 72,46 milhões de toneladas embarcadas. O bom desempenho nas vendas ao mercado internacional acontece em meio a maior produção do grão já registrada no Brasil. De acordo com o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foram colhidos 154,6 milhões de toneladas na safra 2022/2023.
2 – Tem origem chinesa
A existência do grão foi mencionada pela primeira vez em livros chineses, cerca de 3 mil anos A.C. As espécies primitivas da herbácea Glycine max eram rasteiras e viviam ao longo do Rio Azul (Yangtzé), o maior da Ásia. Eram consideradas sagradas, assim como o arroz, o trigo, a cevada e o milheto.
Dois mil anos depois, duas variedades selvagens de soja foram domesticadas e melhoradas por cientistas, a partir de cruzamentos, e essa oleaginosa passou a servir como moeda de troca, alternativa ao abate de animais e fonte de proteína vegetal, leite, queijo, pão e óleo. Da China, as linhagens mais adequadas ao consumo humano se espalharam pela Coreia, pelo Japão e Sudeste Asiático.
3 – Foi alvo das grandes navegações e adornava jardins
A soja chegou ao Ocidente, pela primeira vez, no fim do século XV, por meio de navegadores europeus que faziam comércio com o Oriente. Por mais de 200 anos, porém, o grão permaneceu apenas como uma curiosidade botânica e ornamental, presente em jardins ingleses, franceses e alemães. Foi só no século XVIII que começou a produção de ração animal e óleo, e a partir de 1950 o óleo e a proteína de soja passaram a despertar interesse industrial.
Ocorreram várias tentativas de cultivo em países muito frios, como Rússia, Inglaterra e Alemanha, porém, todas fracassaram. A soja desembarcou nos Estados Unidos no fim do século XIX e era destinada à alimentação animal.
4 – É uma commodity
Todo produto que funciona como matéria-prima, é produzido em larga escala, pode ser estocado sem perder a qualidade e tem negociação em bolsa de valores (como a BM&FBOVESPA) é considerado uma commodity, ou seja, uma mercadoria. A soja se encaixa nesse perfil – assim como milho, algodão, café, açúcar, ouro, boi gordo, petróleo e suco de laranja (concentrado e congelado).
O preço da soja no mercado mundial, portanto, é consequência da oferta e da demanda, não sendo determinado pela empresa que a produz. Na época da entressafra, por exemplo, há aumento de preços, o que afeta o valor final do produto.
5 – Está presente em muitos alimentos industrializados
Da soja, vêm subprodutos como o óleo utilizado na formulação de margarinas, maioneses e molhos (de tomate e para salada). “O shoyu com que se tempera o sushi, aliás, nada mais é do que um fermentado de soja”, afirma o biólogo e doutor em genética de microrganismos Airton Vialta, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), em Campinas (SP).
Essa oleaginosa também está presente em derivados como leite, farelo (para ração animal), farinha (ingrediente de pães, biscoitos, macarrão e produtos infantis), lecitina (ajuda a misturar óleo e água em chocolates e no leite em pó) e isolados proteicos, usados em sopas, bebidas e subprodutos de carne.
6 – Traz benefícios à saúde
A soja é fonte de vitaminas do complexo B, como tiamina (B1), riboflavina (B2) e niacina (B3); de vitaminas C, E e K, fibras, ferro, ácido fólico, ômega 3, cobre, fósforo, potássio, zinco, magnésio e triptofano (aminoácido que, assim como a niacina e o magnésio, atua como precursor da serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar). Também tem alto teor de gorduras boas (mono e poli-insaturadas), baixo teor de gordura ruim (saturada) e é livre de colesterol.
Além disso, contém isoflavona, um composto orgânico que atua na prevenção de cânceres de mama, colo do útero e próstata. Por ter uma estrutura química semelhante ao hormônio feminino estrógeno, a isoflavona é capaz, ainda, de aliviar os efeitos da tensão pré-menstrual (TPM) e da menopausa, e atua na prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes e osteoporose.
7 – Tem vários “primos” e uma flor delicada
A soja pertence ao grupo das leguminosas, do qual também fazem parte o feijão, a ervilha, a lentilha e o grão-de-bico, todos excelentes fontes de proteína vegetal, carboidratos, fibras, vitaminas e minerais. A vagem da soja verde lembra, inclusive, a da ervilha torta. Suas sementes são lisas, ovais (ou em forma de elipse) e de cor amarelada, preta ou verde.
O cultivo leva entre dois e quatro meses, e a planta pode chegar a 1,5 metro de altura. As flores da soja são bem pequenas (até 8 mm de diâmetro), ficam localizadas na base dos ramos e têm coloração branca, púrpura ou roxa.
8 – A soja é a principal cultura agrícola do Brasil
A soja é a principal cultura agrícola do país. Segundo a Embrapa, o uso do solo no Brasil é assim distribuído:
- 66% vegetação nativa (florestas e Apps) – 554 milhões de hectares;
- 23% pastagens – 198 milhões de hectares;
- 8% Agricultura – grãos – 60 milhões de hectares;
- 4% Urbanização e outros usos – 38 milhões de hectares.
Dos 8% destinados à produção de grãos, a soja ocupa 3,5% (33 milhões de hectares). Aproveitando 74 mi/há de pastagens degradadas, a soja pode aumentar sua produção em 50% até a safra 2024/2025 e ocupando apenas 5% do território. A soja ocupa 9,8% do bioma Cerrado e 0,7% do bioma Amazônia (Fonte Conab e MMA). Dos 61% de vegetação nativa do país, 11% delas estão em propriedades rurais.
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