À véspera do tricentenário a cidade ser reconhecida como polo convergente dos municípios mato-grossenses da grande cadeia do agro
Mais que uma vitrine Cuiabá tem que ser a Capital do Agronegócio Nacional. Essa tese é defendida pelo prefeito Emanuel Pinheiro e o presidente do sindicato rural cuiabano Jorge Pires de Miranda. Razão para tanto ambos apresentam de sobra. Resta esperar que essa ideia ganhe força e a cidade receba o título como parte de sua estruturação para o tricentenário de sua fundação, data que será celebrada em 8 de abril de 2019.
Emanuel Pinheiro reconhece que Cuiabá não se caracteriza pela produção agrícola nem pela pecuária. Ele, porém, observa que Cuiabá tem a infraestrutura necessária e a legitimidade política para representar os superlativos do agro mato-grossense, diluídos em muitos municípios. O prefeito cita que sua cidade é mais antiga do que o Estado, que tem rede hoteleira, conta com moderno aeroporto em sua área metropolitana e todos os seus acessos rodoviários são pavimentados.
A rede hoteleira tem oito mil leitos, segundo o Sindicato Intermunicipal dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de Mato Grosso. O Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, na área metropolitana, é o principal do Estado. Em 2015 ele operou 17.340 decolagens, recebeu 3,3 milhões de passageiros e movimentou 5,6 milhões de quilos de mercadorias. Por sua localização na região central do país o Marechal Rondon é estratégico redistribuidor de voos. A cidade tem uma frota com mais de 650 táxis e várias locadoras de automóveis e vans.
Jorge Pires argumenta que o título é importante para promover a cidade, atrair investidores e fortalecer a cadeia do agro. “Não se trata de rótulo meramente pomposo” – avalia, acrescentando que defende uma justa bandeira. Na seu conceito Cuiabá é o melhor local para a realização de simpósios, congressos, palestras e outros eventos do seu segmento econômico, “Não é fácil convencer um empresário a participar de um encontro ou mesa de negócios numa cidade distante mil quilômetros e sem condições de receber 800 ou 900 visitantes”, acrescenta. A cidade conta hotéis com auditórios para eventos, além do Centro de Eventos do Pantanal, que é um grande centro de convenções.
Mato Grosso lidera o cultivo de soja no Brasil, responde por mais da metade do algodão nacional, tem o maior rebanho bovino do país, ocupa lugar de destaque nas lavouras de milho, cana, arroz e guaraná, na produção de etanol e biodiesel, é o Estado que mais embarca commodities agrícolas em ferrovia, é importante polo de esmagamento de soja, dá exemplo de responsabilidade ambiental com a coleta de embalagens vazias de agrotóxicos; é o grande mercado sul-americano para tratores, colheitadeiras, aviões agrícolas, equipamentos, carretas e caminhões, e tem a maior concentração da aviação aeroagrícola do continente. “Com esse desempenho Cuiabá tem que ser a Capital do Agronegócio Nacional”, sugere Jorge Pires.
Os elos do agronegócio se espalham pelos municípios, mas todos convergem para Cuiabá – analisa Jorge Pires. A convergência citada por Jorge Pires deixa Cuiabá na vanguarda nacional do agronegócio e motivou grandes grupos a instalarem suas sedes na capital, a exemplo do Grupo Amaggi e Grupo Bom Futuro. Com o crescimento da cadeia desse segmento, o mercado imobiliário cuiabano vive um ciclo de explosão. Empresários e produtores rurais investem em condomínios de alto luxo, apartamentos e instalações comerciais.
Para alcançar o título, a proposta terá que receber apoio externo e em Mato Grosso. Jorge Pires costura a mobilização do agro. Emanuel Pinheiro cuida do tema junto ao empresariado urbano e a classe política. Essa proposta coincide com o período comemorativo do tricentenário, mas vai além dele, “é importante ser a Capital do Agronegócio Nacional, porque essa condição desperta interesses para nossa cidade e Mato Grosso como um todo”, avalia o prefeito.
Emanuel Pinheiro lembra que as decisões políticas regionais são tomadas em Cuiabá, que é a sede dos poderes. Na cidade também estão instaladas as principais entidades representativas do agro: Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), sindicato dos frigoríficos (Sindifrigo), Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso (ACNMT), sindicato do segmento rodoviário de cargas que atende ao agro, e outras.
Na presidência do Sindicato Rural, que promove a feira Expoagro, Jorge Pires tenta mostrar que o exemplo vem de casa. O Parque de Exposições Senador Jonas Pinheiro, que neste ano recebeu a 53ª Expoagro, está em reforma para se modernizar como parte da proposta defendida por Jorge Pires. “Em breve teremos uma exposição à altura da nossa sonhada Capital Nacional do Agronegócio”, arremata.
Por Eduardo Gomes
Fonte: Diário de Cuiabá