O volume de etanol hidratado vendido por usinas do Centro-Sul ao longo da safra sucroalcooleira 2019/20 (iniciada oficialmente em 1º de abril) está em patamar recorde
Ainda assim, os preços médios do biocombustível levantados pelo Cepea se mantêm 1,5% acima dos verificados no mesmo período da temporada anterior, em termos reais. Isso é resultado da boa vantagem do biocombustível frente à gasolina C nas bombas paulistas, que tem mantido, desde o começo da safra 2019/20, bastante aquecida a demanda pelo hidratado – vale lembrar que, na temporada passada (2019/18), a procura pelo produto no varejo foi se construindo ao longo de toda a safra.
Segundo dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), as vendas de etanol hidratado das unidades produtoras do Centro-Sul nos primeiros quatro meses desta temporada foram recordes para o período, somando 7,67 bilhões de litros, volume 25% superior ao de abril a julho de 2018, que foi de 6,12 bilhões de litros.
Na análise da parcial das últimas 20 safras (de abril a julho), a média da temporada 2019/20 para o etanol anidro é a oitava maior. As maiores médias nesse período foram registradas em 2006/07 e 2011/12, de R$ 2,3073/litro e R$ 2,5203/litro, nessa ordem. No caso do etanol hidratado, a média da temporada atual fica entre as seis maiores.
Nas bombas, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), a relação média entre o etanol hidratado e a gasolina C em São Paulo foi de 64,5% de 1º de abril de 2019 até meados de agosto, próxima da verificada no mesmo período da safra anterior, de 63,9%. Esse contexto também é verificado em outros importantes estados produtores, como Goiás (onde a vantagem do etanol sobre a gasolina é de 64,1%), Mato Grosso (56,5%), Minas Gerais (64%) e Paraná (69,3%), resultando em volumes adicionais de consumo.
Para atender a essa demanda crescente, usinas do Centro-Sul têm focado na produção e na venda do etanol hidratado. Diante disso, o Cepea verificou redução de 11% no volume negociado de anidro no mercado spot no acumulado de abril a julho/19. A produção de etanol a partir do milho também deve aumentar para atender à demanda aquecida – novos investimentos com perspectiva de geração de emprego e renda estão sendo feitos em Goiás e Mato Grosso, com três novas plantas em cada estado.
Agora, a temporada de cana-de-açúcar 2019/20 está caminhando para a segunda metade na região Centro-Sul e, de certa forma, um pouco atrasada em função de chuvas em abril, início oficial da moagem. Se no começo de abril agentes asseguravam ser ainda prematuro fazer um prognóstico dos preços do etanol no presente ano-safra, neste momento, pouco a pouco, eles passam a ter outro olhar sobre as cotações, especialmente a partir de outubro, quando algumas poucas usinas devem começar a parar suas atividades.
O foco de agentes também segue em outras variáveis, como a cotação do petróleo no mercado internacional – que, por sua vez, depende de decisões da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), da demanda de grandes consumidores e problemas conjunturais associados a aspectos geopolíticos –, a taxa de câmbio, o preço da gasolina e a situação político-econômica do Brasil, que podem influenciar a tomada de decisão dos agentes.
Mesmo assim, o que se espera são preços mais remuneradores ao produtor, o que pode favorecer novos investimentos nas áreas agrícola e industrial, até mesmo para atender aos propósitos do RenovaBio, que entra em vigor já no começo de 2020.
Por Ivelise Rasera Bragato Calcidoni/ Cepea