Descoberta mosca gigante pré-histórica preservada em âmbar. Pesquisadores anunciam a identificação de uma espécie extinta pertencente ao grupo Calyptratae, importante para a polinização e pouco conhecido pela ciência
Uma emocionante descoberta na área da paleontologia acaba de ser revelada por uma equipe de pesquisadores. Trata-se do fóssil de uma espécie de mosca gigante, até então desconhecida, que foi encontrada presa em uma peça de âmbar báltico. O inseto, batizado como Christelenka multiplex, pertence ao grupo Calyptratae e é estimado ter entre 34 e 48 milhões de anos. A pesquisa, que contou com técnicas de visualização avançadas, foi publicada na revista Arthropod Systematics & Phylogeny.
O âmbar, embora tenha preservado o fóssil, apresentou um desafio para os cientistas na hora de identificar a nova espécie. Viktor Baranov, coautor do estudo e pesquisador da Estação Biológica de Doñana, na Espanha, explicou que “o âmbar obscurece muitas das características mais importantes do espécime que permanece fossilizado em seu interior e a microscopia tradicional não nos permite visualizá-las em detalhes“.
Para superar esse obstáculo, os especialistas recorreram ao uso de exames de tomografia computadorizada, que permitiram visualizar o espécime de forma mais detalhada. Nas imagens, o inseto apresentou uma combinação única de características morfológicas que não pareciam estar relacionadas a nenhuma das outras famílias do grupo Calyptratae, uma subseção dos insetos Diptera.
O grupo Calyptratae é muito diversificado e abriga importantes polinizadores que desempenham funções cruciais nos ecossistemas. No entanto, seus fósseis são extremamente raros, o que tem limitado o conhecimento sobre sua história evolutiva.
Antes de seguir com o texto, veja abaixo 05 curiosidades interessante sobre essa espécie pré-histórica:
Tamanho imponente: A Christelenka multiplex é considerada uma das maiores moscas já descobertas na história da paleontologia, com asas que podem medir até 10 centímetros de envergadura.
Dieta intrigante: Apesar de não podermos observar diretamente sua alimentação a partir do fóssil, os cientistas especulam que essa mosca gigante provavelmente se alimentava de pequenos vertebrados ou se aproveitava de carcaças de animais.
Espectro de cores: Estudos recentes mostram que certos fósseis de âmbar podem preservar pigmentos, sugerindo que a Christelenka multiplex pode ter exibido cores brilhantes e marcantes em seu corpo e asas, um traço incomum para fósseis tão antigos.
Voo especializado: A análise das estruturas das asas da mosca gigante sugere que ela possuía um voo especializado, o que pode tê-la permitido explorar diferentes ambientes e se adaptar a diferentes nichos ecológicos.
Ecossistema pré-histórico: A descoberta dessa espécie de mosca em particular revela informações importantes sobre a ecologia e a dinâmica do ecossistema pré-histórico da floresta de âmbar do Báltico, proporcionando um vislumbre único das interações entre os organismos que viveram naquele período.
Essa nova descoberta é fundamental para o entendimento da biodiversidade da entomofauna, que inclui insetos e outros artrópodes, na região conhecida como floresta de âmbar do Báltico, onde o fóssil foi encontrado. Jindrich Rohácek enfatiza que “com base nas descobertas atuais, parece que a diversidade de Calyptratae era muito alta neste ecossistema, provavelmente maior do que em toda a Europa contemporânea“.
Os especialistas acreditam que essa diversidade pode estar relacionada ao rápido desenvolvimento da vegetação no início do Eoceno, cerca de 49 milhões de anos atrás, durante o chamado máximo climático. Esse período sucedeu a catastrófica extinção da fauna e da flora no Cretáceo-Terciário, conhecida como K-T, que eliminou 75% das espécies da Terra, incluindo os dinossauros.
Essa importante descoberta nos revela uma janela para o passado, permitindo-nos compreender melhor a história evolutiva das moscas Calyptratae e sua relação com o ecossistema antigo. A paleontologia continua a nos surpreender e nos ensinar sobre a rica biodiversidade que habitou nosso planeta há milhões de anos, nos fornecendo informações valiosas para a conservação e compreensão da vida em nosso mundo atual.
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