Não representa a redenção plena, mas em abril o frango vivo redimiu-se de todos os maus momentos acumulados desde 2016 (ano em que, devido à quebra de safra, sua produção se tornou onerosa) e agravados pelas ocorrências policiais de 2017 e 2018: alcançou, nominalmente, a melhor cotação de todos os tempos, completou o segundo mês consecutivo de mercado absolutamente firme e – o mais surpreendente – registrou esse bom desempenho em plena Quaresma, período normalmente caracterizado por sensíveis baixas
Depois de iniciar abril cotado a R$3,40/kg, em pouco mais de 10 dias o frango vivo negociado no interior de São Paulo obteve quatro reajustes de cinco centavos cada. Chegou, pois, ao valor recorde de R$3,60/kg, cotação que permaneceu inalterada por toda a segunda quinzena do mês.
Com isso alcançou, em abril, preço médio de R$3,55/kg, valor que representou incremento de quase 10% sobre o mês anterior e de mais de 60% sobre abril de 2018. Sem dúvida excepcional, valorização do gênero é, provavelmente, inédita. Índice tão elevado, porém, resulta apenas dos baixos preços enfrentados um ano atrás, ocasião em que a cotação do frango vivo retrocedeu aos menores valores da corrente década.
De toda forma é inegável a recuperação do setor, perspectiva inimaginável no início do presente exercício. Em janeiro e parte de fevereiro, por exemplo, muitas das negociações com o frango vivo foram efetivadas com descontos, por valores bem aquém daqueles apontados pelas cotações então divulgadas (daí serem consideradas “apenas um referencial”).
Os baixos preços pagos pelo frango vivo seriam ocorrência normal para o período (marcado pelas férias da população e pela queda de consumo) não fosse o fato de as compras com descontos ocorrerem desde o último trimestre de 2018. Ou seja: houve sensível desaceleração nos abates (por diferentes razões) e parte das aves em criação transformou-se em excedente.
A virada de mercado, tudo indica, decorreu da combinação de pelo menos quatro diferentes fatores. O primeiro foi a retomada do consumo passados os meses de férias e reiniciado o ano letivo. O segundo foi o esgotamento dos estoques até então existentes. O terceiro foi a retomada plena dos abates. O quarto e decisivo fator (ao menos para o frango vivo) foi a queda de produção pelo setor independente após quatro ou mais meses de prejuízo contínuo.
Tudo isso fez com que o preço médio do primeiro quadrimestre de 2019 alcançasse a marca, inédita, de R$3,13/kg, valor 30% superior ao de idêntico período ano passado. Em relação à média de 2018 (12 meses), a valorização atual é de 12%.
Notar, porém, que a média atual se encontra apenas 8,3% acima daquela registrada três anos atrás, nos 12 meses de 2016. Ou seja: como a inflação (IPCA) acumulada desde então supera os 12%, o desempenho atual não tem nada de excepcional.
Fonte: Avisite