Em junho, a cotação média do frango vivo negociado no interior paulista girou em torno dos R$3,07/kg, resultado que significou incremento de quase 30% sobre a média do mês anterior e valorização de 22,77% sobre o mesmo mês do ano passado. Essa foi, também, a primeira vez desde janeiro de 2017 que se ultrapassou a marca dos R$3,00/kg (em dezembro de 2016: R$3,02/kg)
À primeira vista um bom desempenho. Que seria considerado ótimo se tivesse ocorrido normalmente, de acordo com as leis naturais de mercado. Mas não: foi um resultado artificial, decorrente das brechas de abastecimento criadas no mercado com a paralisação nacional do transporte de cargas.
É verdade que, independente das influências do movimento caminhoneiro, em maio o frango vivo já dera sinais de reação – demonstração de que o setor vinha procurando se adequar melhor às restritas (e sobretudo desafiantes) condições do mercado. E isso, sem dúvida, teria continuidade em junho. Mas, provavelmente, o incremento de preço chegaria apenas à metade do obtido, não passando de 15%.
Prova disso é que depois de bater nos R$3,20/kg ainda no primeiro decêndio do mês e registrar ganho de 45% em relação ao valor vigente um mês antes, a cotação alcançada permaneceu estável por não mais que duas semanas, entrando a seguir em retração. Oficialmente, junho foi encerrado com o frango vivo cotado a R$3,00/kg. Mas, na prática, a cotação divulgada voltou a ser apenas um referencial, pois se tornaram comuns as negociações por R$2,80/kg.
O interessante é que o retrocesso não decorre de aumento da oferta que, ao contrário, permanece decrescente em relação a idênticos períodos anteriores. O que acontece é que o frango abatido, sem consumidores, também entrou em parafuso, seus preços retrocedendo aos valores de custo. Para não agravar mais sua situação, os abatedouros passaram a direcionar para o mercado de aves vivas boa parte de sua produção. Daí as baixas então registradas.
É provável que, ao saírem os dados inflacionários de junho, o frango apareça como “o vilão da inflação”. Ou seja: ninguém se lembrará de que, há meses, vem sendo um dos “mocinhos da inflação”. Aliás, os efeitos da alta de junho ficam restritos ao mês, porquanto o semestre foi encerrado a um preço médio de R$2,51/kg, valor 2,65% menor que a média de um ano atrás. Isto (não custa repetir, embora venha sendo redundante) a um custo visivelmente maior.